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11/09/2001 - 18h27

Clima de pânico domina EUA; americanos pedem vingança

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MARIA BRANT
da Folha de S.Paulo

O clima de pânico nos Estados Unidos hoje não se resumia às cidades que sofreram ataques terroristas. Passado o choque inicial, a atmosfera de impotência criou, em muitos lugares, um sentimento de que o país deveria responder militarmente.

A Folha ouviu americanos em diversos Estados dos EUA, que relataram como os atentados afetaram o cotidiano e o clima de suas cidades.

O Estado de Michigan fechou todas as fronteiras com o Canadá. Em Detroit, capital de Michigan, todas as pontes e túneis levando para fora da cidade foram fechadas, as pessoas foram retiradas dos prédios do governo, que estavam sendo patrulhados por militares com metralhadoras, e o aeroporto foi fechado. A cidade tem a maior comunidade árabe dos EUA, com 300 mil pessoas.

"A Cruz Vermelha enviou todos os seus funcionários de origem árabe de volta às suas casas, preocupada com a possibilidade de represálias por parte de americanos", disse à Anthony Spearman Leach, 34, funcionário do departamento de publicidade de uma grande rede de TV americana.

Segundo Leach, na tarde de hoje a atmosfera em Detroit era de "preparação para a guerra".

"O sentimento geral é que esse foi um novo Pearl Harbor. Presencei na rua um grupo de pessoas se reunindo, e dizendo que estavam prontos para entrar na guerra, para servir como soldados ou o que quer que seja", disse.

Em Austin (Texas), o clima era semelhante em alguns lugares. James Redmond, 25, estava na rua e entrou em um restaurante ao saber dos atentados, para acompanhar a cobertura pela TV. "Quase houve uma briga. Algumas pessoas começaram a dizer: 'Por que Bush simplesmente não começa a bombardear os países que apóiam o terrorismo? Por que não bombardeamos o Irã, o Iraque, a Líbia, o Afeganistão?' Então, outras pessoas disseram que isso seria matar inocentes. Os dois grupos tiveram de ser apartados, eles iam partir para a violência física."

Donna Woodwell, 30, que também mora em Austin, diz estava estava a caminho do aeroporto quando ouviu a notícia sobre as explosões. Ela trabalha no departamento de levantamento de fundos de um grande hospital da cidade e falou à Folha no fim da tarde de hoje. "Agora, a cidade está praticamente em silêncio. O pânico inicial passou, mas o clima é extremamente tenso.

As escolas e shopping centers foram fechados, todos os eventos artísticos e esportivos foram cancelados, e praticamente todas as pessoas que não trabalham na mídia ou em serviços de emergência foram dispensadas do trabalho.

Há TVs ligadas em postos de gasolina e nas poucas lojas abertas, todos estão acompanhando a cobertura. Ninguém fala em mais nada. O problema é que os telefones estão funcionando muito mal, por causa do excesso de chamadas."

Em Cincinnatti (Ohio), uma funcionária da Procter & Gamble diz que o clima na empresa era de desorientação e pânico.

"À tarde, as pessoas começaram a ir para casa. Muitas choraram o dia todo. Algumas disseram que iam fazer compras, encher suas despensas, porque poderia haver uma guerra", afimou Norma Delgado Guevara, 30.

Em San Francisco (Califórnia), uma funcionária do departamento comercial do jornal "San Francisco Examiner" disse que os funcionários de sua seção foram todos dispensados. "Ninguém estava conseguindo trabalhar.

Estamos tendo dificuldade para falar com pessoas em Nova York, e isso é desesperador. Esses atentados afetaram tanta gente que é praticamente impossível não ter um parente ou amigo que não tenha sido ferido", afirmou Joan Tullo, 25.
 

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