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11/09/2001
-
21h02
SÍLVIA CORRÊA
PALOMA COTES
da Folha de S.Paulo
"O prédio tremeu. O chão parecia uma geléia. Levantou um metro para lá, um para cá. As pessoas caíam. As coisas caíam. Foram uns dez segundos eternos."
Foi essa a sensação do paulista Guilherme Castro, 27, operador de uma corretora do mercado financeiro que trabalhava no 25º andar da torre 1 do World Trade Center hoje de manhã.
O andar era aberto, sem divisórias. Havia mais de 1.500 pessoas nele. De repente, a explosão.
"Foi muito forte. As pessoas se agarravam às coisas e se olhavam, desesperadas. Tinha certeza de que era uma bomba, mas não sabia se vinha de cima ou de baixo. O prédio balançou, inacreditavelmente. Vum... Vum... Tive certeza de que ia morrer", narra.
O desespero aumentou. As janelas do prédio não abriam. "Tentei quebrar uma delas. Queria olhar para fora", continua Raul Paulo Costa, 33, também operador da Garban Intercapital, que estava no mesmo 25º andar.
"Olhei pela janela e vi coisas caindo. Pareciam pedaços do prédio, pessoas, sei lá. Saí correndo, procurando a escada. Deixei tudo para trás", completa Castro. Na mesa ficaram documentos, chave de casa, mochila, telefone.
Na fuga, outro capítulo do pânico. Segundo Costa, havia algumas saídas fechadas. Mas, em segundos, as escadas lotaram.
"As pessoas pediam calma. Choravam. Havia muita fumaça e era difícil respirar", narra Castro, que envolveu a cabeça na camisa.
Para ele, foram 20 minutos até o térreo. Para Costa, foi uma hora.
No térreo, em pedaços, a imagem da tragédia. "Estava tudo destruído. Os elevadores despencaram. Estavam com as portas em pedaços, amassados, chamuscados. No chão, tinha água, fios, vidro", conta Castro.
As pessoas foram orientadas a deixar o prédio pelo hotel Marriot. Já havia feridos. Os policiais gritavam. "Todo mundo correndo. Mãos nas cabeças e sem olhar para trás", narram os brasileiros, reproduzindo as ordens.
Castro e uma multidão deixaram o WTC em direção a Battery Park. "De repente, um míssil. Eu tinha certeza de que era um míssil e que ia cair na minha cabeça. Aí, outra explosão." Era o segundo avião. Atingia a segunda torre. Em minutos, ela desabaria.
Costa, o outro brasileiro, ainda estava na escada. "No 13º andar, as portas também estavam travadas. As pessoas começaram a subir, descer, subir", diz ele. O brasileiro foi achando outras escadas, outras rotas. No 3º andar, a água já tomava conta do chão. Foi escorregando, caindo. Saiu.
Ambos foram a pé para casa. Chegaram em pânico. Ligaram para o Brasil, mas mal puderam falar. No final do dia, ainda não tinham notícia de alguns amigos.
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Onda de explosões atinge símbolos dos EUA, que ameaçam declarar guerra
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PALOMA COTES
da Folha de S.Paulo
"O prédio tremeu. O chão parecia uma geléia. Levantou um metro para lá, um para cá. As pessoas caíam. As coisas caíam. Foram uns dez segundos eternos."
Foi essa a sensação do paulista Guilherme Castro, 27, operador de uma corretora do mercado financeiro que trabalhava no 25º andar da torre 1 do World Trade Center hoje de manhã.
O andar era aberto, sem divisórias. Havia mais de 1.500 pessoas nele. De repente, a explosão.
"Foi muito forte. As pessoas se agarravam às coisas e se olhavam, desesperadas. Tinha certeza de que era uma bomba, mas não sabia se vinha de cima ou de baixo. O prédio balançou, inacreditavelmente. Vum... Vum... Tive certeza de que ia morrer", narra.
O desespero aumentou. As janelas do prédio não abriam. "Tentei quebrar uma delas. Queria olhar para fora", continua Raul Paulo Costa, 33, também operador da Garban Intercapital, que estava no mesmo 25º andar.
"Olhei pela janela e vi coisas caindo. Pareciam pedaços do prédio, pessoas, sei lá. Saí correndo, procurando a escada. Deixei tudo para trás", completa Castro. Na mesa ficaram documentos, chave de casa, mochila, telefone.
Na fuga, outro capítulo do pânico. Segundo Costa, havia algumas saídas fechadas. Mas, em segundos, as escadas lotaram.
"As pessoas pediam calma. Choravam. Havia muita fumaça e era difícil respirar", narra Castro, que envolveu a cabeça na camisa.
Para ele, foram 20 minutos até o térreo. Para Costa, foi uma hora.
No térreo, em pedaços, a imagem da tragédia. "Estava tudo destruído. Os elevadores despencaram. Estavam com as portas em pedaços, amassados, chamuscados. No chão, tinha água, fios, vidro", conta Castro.
As pessoas foram orientadas a deixar o prédio pelo hotel Marriot. Já havia feridos. Os policiais gritavam. "Todo mundo correndo. Mãos nas cabeças e sem olhar para trás", narram os brasileiros, reproduzindo as ordens.
Castro e uma multidão deixaram o WTC em direção a Battery Park. "De repente, um míssil. Eu tinha certeza de que era um míssil e que ia cair na minha cabeça. Aí, outra explosão." Era o segundo avião. Atingia a segunda torre. Em minutos, ela desabaria.
Costa, o outro brasileiro, ainda estava na escada. "No 13º andar, as portas também estavam travadas. As pessoas começaram a subir, descer, subir", diz ele. O brasileiro foi achando outras escadas, outras rotas. No 3º andar, a água já tomava conta do chão. Foi escorregando, caindo. Saiu.
Ambos foram a pé para casa. Chegaram em pânico. Ligaram para o Brasil, mas mal puderam falar. No final do dia, ainda não tinham notícia de alguns amigos.
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