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14/09/2001
-
23h26
JOÃO BONTURI
especial para a Folha Online
Conheça detalhes da história do Afeganistão, país onde está o Taleban -grupo islâmico que controla 90% do território. O grupo estaria abrigando o milionário saudita Osama bin Laden, principal suspeito de promover os atentados que abalaram terça-feira (11) os Estados Unidos.
Das origens ao século 19
Entre 2000 e 1500 a.C., o Afeganistão foi uma área de passagem de tribos indo-européias em direção ao sul. A área foi ocupada primeiro pelos persas e depois conquistada por Alexandre Magno, rei da Macedônia (séc. 4 a.C.), que fundou várias cidades chamadas Alexandria, que mais tarde tornaram-se Herat, Candahar e Cabul (atual capital).
Entre 250 a.C. a cerca de 125 a.C., fez parte do reino independente da Bactriana. Foi invadido a partir do século 2 a.C. pelos Citas (nômades indo-europeus) e incluído no reino dos Kuchans, que se mantiveram até o século 6 d.C.
A região foi convertida ao islamismo no século 8, e ocupada pelos turcos gasnévidas, que foram derrotados no século 12 pelo afegão Mohammed de Ghor, que depois ocupou o Penjab (Índia), a bacia do rio Ganges e fundou o sultanato de Deli, que fez parte do Afeganistão até 1526, quando foi conquitado pelo Império Mongol.
No século 18, o Afeganistão foi invadido pelos persas e posteriormente conquistou a sua independência com Ahmed Xá, em 1747.
Durante o século 19, Rússia e Inglaterra disputaram a influência sobre o Afeganistão, armando facções rivais em luta pelo poder. Em 1907, o país tornou-se um protetorado britânico. Com o enfraquecimento inglês na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o emir Amanullah obteve a independência do país.
Da independência à intervenção soviética (1923-1978)
Em 1928, o rei Amanullah promoveu uma modernização radical, mas o clero muçulmano revoltou-se, e Amanullah abdicou. Seu sucessor, o general golpista Nadir Xá, foi assassinado em 1933, sendo sucedido pelo filho, Mohammed Zahir Xá, que manteve o país neutro durante a Segunda Guerra Mundial.
Durante a Guerra Fria, Zahir Xá equilibrou-se entre EUA e URSS. Durante os anos 50, apoiou o Paquistão Oriental contra o Ocidental. Na Constituição de 1964, o Afeganistão adotou o parlamentarismo; o primeiro-ministro Hashim Maiwandwal (1965-1967) modernizou a economia e manteve a política de não alinhamento.
Em 1973, por causa de uma crise econômica provocada por anos seguidos de secas desastrosas, o general Daud Khan deu um golpe de Estado e proclamou a República.
A intervenção soviética
Em 27 de abril de 1978, Daud foi derrubado por militares pró-soviéticos. A sociedade tradicional opôs-se às mudanças; após o assassinato dos governantes Taraki e Amin, Barbrak Kamal, ocupou o poder com ajuda soviética.
A resistência dos fundamentalistas islâmicos (Mujahidins) iniciou uma guerra com a URSS, que durou até 1989. No esquema da Guerra Fria, os Estados Unidos e o Paquistão deram ajuda militar aos rebeldes. Em 1986, Brabrak Kamal foi sucedido por Mohammed Najibullah, que foi destituído em 1992.
Os mujahidins (guerreiros sagrados) mantiveram-se unidos até a tomada do poder. Devido à diversidade étnica, os mujahidins dividiram-se. Em 1993 surgiu o Taleban, que conquistou a capital Cabul e controla a maior parte do país desde 1996.
Os principais grupos étnicos do país são:
Pastós (etnia dominante)
Tajíquis
Hazaras
Usbeques
João Bonturi é professor de história e colabora com o Fovest e o Quiz do Almanaque da Folha Online.
Leia mais no especial sobre Taleban
Conheça a história do Afeganistão
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especial para a Folha Online
Conheça detalhes da história do Afeganistão, país onde está o Taleban -grupo islâmico que controla 90% do território. O grupo estaria abrigando o milionário saudita Osama bin Laden, principal suspeito de promover os atentados que abalaram terça-feira (11) os Estados Unidos.
Das origens ao século 19
Entre 2000 e 1500 a.C., o Afeganistão foi uma área de passagem de tribos indo-européias em direção ao sul. A área foi ocupada primeiro pelos persas e depois conquistada por Alexandre Magno, rei da Macedônia (séc. 4 a.C.), que fundou várias cidades chamadas Alexandria, que mais tarde tornaram-se Herat, Candahar e Cabul (atual capital).
Entre 250 a.C. a cerca de 125 a.C., fez parte do reino independente da Bactriana. Foi invadido a partir do século 2 a.C. pelos Citas (nômades indo-europeus) e incluído no reino dos Kuchans, que se mantiveram até o século 6 d.C.
A região foi convertida ao islamismo no século 8, e ocupada pelos turcos gasnévidas, que foram derrotados no século 12 pelo afegão Mohammed de Ghor, que depois ocupou o Penjab (Índia), a bacia do rio Ganges e fundou o sultanato de Deli, que fez parte do Afeganistão até 1526, quando foi conquitado pelo Império Mongol.
No século 18, o Afeganistão foi invadido pelos persas e posteriormente conquistou a sua independência com Ahmed Xá, em 1747.
Durante o século 19, Rússia e Inglaterra disputaram a influência sobre o Afeganistão, armando facções rivais em luta pelo poder. Em 1907, o país tornou-se um protetorado britânico. Com o enfraquecimento inglês na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o emir Amanullah obteve a independência do país.
Da independência à intervenção soviética (1923-1978)
Em 1928, o rei Amanullah promoveu uma modernização radical, mas o clero muçulmano revoltou-se, e Amanullah abdicou. Seu sucessor, o general golpista Nadir Xá, foi assassinado em 1933, sendo sucedido pelo filho, Mohammed Zahir Xá, que manteve o país neutro durante a Segunda Guerra Mundial.
Durante a Guerra Fria, Zahir Xá equilibrou-se entre EUA e URSS. Durante os anos 50, apoiou o Paquistão Oriental contra o Ocidental. Na Constituição de 1964, o Afeganistão adotou o parlamentarismo; o primeiro-ministro Hashim Maiwandwal (1965-1967) modernizou a economia e manteve a política de não alinhamento.
Em 1973, por causa de uma crise econômica provocada por anos seguidos de secas desastrosas, o general Daud Khan deu um golpe de Estado e proclamou a República.
A intervenção soviética
Em 27 de abril de 1978, Daud foi derrubado por militares pró-soviéticos. A sociedade tradicional opôs-se às mudanças; após o assassinato dos governantes Taraki e Amin, Barbrak Kamal, ocupou o poder com ajuda soviética.
A resistência dos fundamentalistas islâmicos (Mujahidins) iniciou uma guerra com a URSS, que durou até 1989. No esquema da Guerra Fria, os Estados Unidos e o Paquistão deram ajuda militar aos rebeldes. Em 1986, Brabrak Kamal foi sucedido por Mohammed Najibullah, que foi destituído em 1992.
Os mujahidins (guerreiros sagrados) mantiveram-se unidos até a tomada do poder. Devido à diversidade étnica, os mujahidins dividiram-se. Em 1993 surgiu o Taleban, que conquistou a capital Cabul e controla a maior parte do país desde 1996.
Os principais grupos étnicos do país são:
João Bonturi é professor de história e colabora com o Fovest e o Quiz do Almanaque da Folha Online.
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