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16/09/2001 - 03h31

Brasileiros montam escritórios no "exílio" norte-americano

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da Folha de S.Paulo

O fechamento do espaço aéreo dos Estados Unidos e o subsequente "engarrafamento" dos aeroportos, abertos precariamente na quinta-feira, obrigaram várias empresas brasileiras a improvisarem esquemas para funcionarem no "exílio" norte-americano.

Com um terço de seus funcionários e executivos do Brasil "presos" nos EUA, a J. D. Edwards, empresa que desenvolve softwares e fornece tecnologia para várias companhias, improvisou uma central norte-americana.

A equipe de 30 brasileiros desembarcou na terça-feira três horas antes dos ataques, para um treinamento. A gerente Gladys Clari, 37, e a assistente de vendas Karina de Castro, 22, munidas de laptops e celulares, dividem a atenção entre os negócios da empresa e idas frequentes aos balcões de passagens das companhias aéreas para, pelo menos, conseguir chegar a Miami.

"As duas funcionárias que estão em Nova York nos contam que há pânico generalizado. Não há clima para nada. Várias reuniões foram suspensas", disse Adriana Zanni, 35, gerente de RH, que tenta trazer o grupo de volta.

Bom humor
Enquanto parte da equipe está impedida de se locomover -há filas de reservas para pegar trens e alugar carros-, parte aguarda o retorno sem perder o bom humor. "Virei o terrorista do grupo", disse à Folha, por telefone, Ronaldo Haidar, 47, filho de libaneses e executivo da J. D. Edwards no Brasil.

"Como em todas as viagens anteriores, sempre sou eu o escolhido para ser revistado. Tenho de tirar os óculos e explicar o que faço aqui [nos EUA", quanto tempo vou ficar no país", disse Haidar. "Deve ser porque lembro a turma do Saddam Hussein."

O empresário disse que não se sentiu hostilizado pelos norte-americanos. Mas, por uma questão de segurança, tem preferido ficar no hotel como os demais funcionários da companhia.

Lista de empresários
A lista de empresários brasileiros que estão em Nova York e, em alguns casos, não conseguiram voltar para o Brasil, cresceu durante a última semana. A liberação parcial das atividades dos aeroportos fez com que os primeiros aviões, oriundos de Miami, Los Angeles e Nova York, pousassem no país apenas na sexta-feira.

Nesses vôos, não estava o empresário Edemar Cid Ferreira, acionista majoritário do banco Santos, instituição com lucro líquido de R$ 51 milhões em 2000 e ativos totais de R$ 4 bilhões.

Assim como ele, não retornou ao país o empresário Celso Camargo, responsável pelos negócios da Flextronics no Brasil, empresa que comprou parte das atividades da Ericsson neste ano. Ambos estão em Nova York.

Sérgio Haberfeld, presidente da Dixie-Toga, fabricante de embalagens, também não conseguiu voltar. Tem trabalhado em Omaha, capital do Estado de Nebraska, e resolve os problemas da empresa pelo telefone, quando
necessário. Sua sorte é que outros diretores têm dado conta do recado.

"Estava em Buenos Aires na segunda-feira e à noite fui para Chicago. No dia da explosão, na terça, estava em Omaha. Quando anunciaram que deveríamos fazer um pouso forçado lá, estava assistindo a cena do filme "O Náufrago" em que o avião cai", conta o empresário.
(CR e AM)

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
 

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