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20/09/2001
-
04h12
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Nova York
Há pelo menos cinco memoriais sendo planejados em lugares diferentes de Nova York como homenagem às vítimas do atentado terrorista do dia 11. É bem provável que um deles tenha como endereço a Union Square, na rua 14, que virou centro de peregrinação horas depois do ataque.
Uma questão, porém, continua despertando polêmica: o que fazer no lugar em que estavam as torres gêmeas do World Trade Center?
Segundo pesquisa conduzida pela revista "Time" em seu site, 55% das 50 mil pessoas ouvidas são a favor da reconstrução dos prédios tais como eram.
Esta é também a opinião do prefeito Rudolph Giuliani e do governador do Estado, George Pataki, de longe o mais empolgado. "Por mim, a reconstrução começa no mês que vem", exagerou. Cálculos mais otimistas prevêem pelo menos seis meses de limpeza.
Os dois políticos contam com um aliado de peso no setor imobiliário. "Eu concordo com a idéia de se construir novas torres lá", disse Donald Trump. "Mas não réplicas das derrubadas. Para ser sincero, os prédios eram feios. Só viraram símbolos por causa da desgraça que ocorreu."
O megaempreiteiro, que planeja construir o prédio mais alto do mundo em Chicago e é dono do maior edifício residencial de Nova York, defende que as novas torres sejam ao mesmo tempo prédios comerciais e homenagem às vítimas. "Vamos construir algo que seja um símbolo de nossa fé no futuro e de respeito."
Com ele concorda parcialmente Henry Guthard. O arquiteto trabalhava no escritório Minoru Yamasaki Associates quando este venceu a concorrência para projetar e erguer o complexo do World Trade Center, em 1962.
"Acho que, se a construção não for substituída por uma muito parecida, o que estiver no lugar vai ser na verdade um monumento ao terror", disse o arquiteto, que estava lá em 1970, quando o primeiro escritório foi inaugurado e também em 1993, quando o World Trade Center sofreu seu primeiro atentado terrorista.
Ele não sabe dizer o motivo exato que levou os dois prédios a desabarem, mas afirma que o choque de um avião cheio de combustível não foi nem sequer levado em conta na hora de pensar na segurança do projeto. "Este ataque vai servir de desafio para os próximos projetos", disse.
O bombeiro Michael DeFaria tem opinião diferente. "Chega de prédios, o lugar está amaldiçoado", disse ele à Folha. "As vítimas merecem uma homenagem mais serena." É a opinião dos outros 45% dos ouvidos pela revista "Time" e foi o que aconteceu no prédio federal derrubado em Oklahoma, em 1993, pelo terrorista Timothy McVeigh.
De qualquer maneira, a decisão não será tomada isoladamente. "Sobre o ponto zero, queremos conversar com membros das famílias, saber seus pensamentos e visões, queremos falar com a comunidade", disse Pataki. "Não acredito que deva ser uma decisão feita por um ou dois políticos."
De certo, por enquanto, é a formação da comissão de reconstrução com poderes extraordinários para a recuperação do local, autorizada pela Câmara Municipal e liderada pelo próprio prefeito Rudolph Giuliani.
Segundo Peter Vallone, presidente da Câmara e pré-candidato democrata à Prefeitura de Nova York, a comissão poderá "reerguer e reconstruir o que julgar que é necessário."
Entre as atribuições da comissão, cujos membros ainda não foram definidos, está o poder de acelerar processos de demolição e iniciar as obras de reconstrução. O terreno onde estava o complexo de prédios pertence aos Estados de Nova York e Nova Jersey.
Os prédios foram arrendados dos governos em maio último, no maior negócio imobiliário da história da cidade. Por US$ 3,2 bilhões, uma empresa liderada pelo empreendedor Larry Silverstein e pela Westfield America Inc. ganhou os direitos de explorar o lugar pelos próximos 99 anos.
Em entrevista no começo da semana, Silverstein disse que é a favor da reconstrução do complexo do qual é proprietário parcial pelo próximo século. "Eu espero reerguer os prédios derrubados e, se tiver ajuda da prefeitura e dos governos estaduais, sei que conseguirei", disse.
Ontem, a FAA (órgão que regula a aviação nos EUA) liberou o espaço aéreo dos EUA para a maioria das pequenas aeronaves.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Pesquisa aponta que Nova York quer reconstruir torres
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da Folha de S.Paulo, em Nova York
Há pelo menos cinco memoriais sendo planejados em lugares diferentes de Nova York como homenagem às vítimas do atentado terrorista do dia 11. É bem provável que um deles tenha como endereço a Union Square, na rua 14, que virou centro de peregrinação horas depois do ataque.
Uma questão, porém, continua despertando polêmica: o que fazer no lugar em que estavam as torres gêmeas do World Trade Center?
Segundo pesquisa conduzida pela revista "Time" em seu site, 55% das 50 mil pessoas ouvidas são a favor da reconstrução dos prédios tais como eram.
Esta é também a opinião do prefeito Rudolph Giuliani e do governador do Estado, George Pataki, de longe o mais empolgado. "Por mim, a reconstrução começa no mês que vem", exagerou. Cálculos mais otimistas prevêem pelo menos seis meses de limpeza.
Os dois políticos contam com um aliado de peso no setor imobiliário. "Eu concordo com a idéia de se construir novas torres lá", disse Donald Trump. "Mas não réplicas das derrubadas. Para ser sincero, os prédios eram feios. Só viraram símbolos por causa da desgraça que ocorreu."
O megaempreiteiro, que planeja construir o prédio mais alto do mundo em Chicago e é dono do maior edifício residencial de Nova York, defende que as novas torres sejam ao mesmo tempo prédios comerciais e homenagem às vítimas. "Vamos construir algo que seja um símbolo de nossa fé no futuro e de respeito."
Com ele concorda parcialmente Henry Guthard. O arquiteto trabalhava no escritório Minoru Yamasaki Associates quando este venceu a concorrência para projetar e erguer o complexo do World Trade Center, em 1962.
"Acho que, se a construção não for substituída por uma muito parecida, o que estiver no lugar vai ser na verdade um monumento ao terror", disse o arquiteto, que estava lá em 1970, quando o primeiro escritório foi inaugurado e também em 1993, quando o World Trade Center sofreu seu primeiro atentado terrorista.
Ele não sabe dizer o motivo exato que levou os dois prédios a desabarem, mas afirma que o choque de um avião cheio de combustível não foi nem sequer levado em conta na hora de pensar na segurança do projeto. "Este ataque vai servir de desafio para os próximos projetos", disse.
O bombeiro Michael DeFaria tem opinião diferente. "Chega de prédios, o lugar está amaldiçoado", disse ele à Folha. "As vítimas merecem uma homenagem mais serena." É a opinião dos outros 45% dos ouvidos pela revista "Time" e foi o que aconteceu no prédio federal derrubado em Oklahoma, em 1993, pelo terrorista Timothy McVeigh.
De qualquer maneira, a decisão não será tomada isoladamente. "Sobre o ponto zero, queremos conversar com membros das famílias, saber seus pensamentos e visões, queremos falar com a comunidade", disse Pataki. "Não acredito que deva ser uma decisão feita por um ou dois políticos."
De certo, por enquanto, é a formação da comissão de reconstrução com poderes extraordinários para a recuperação do local, autorizada pela Câmara Municipal e liderada pelo próprio prefeito Rudolph Giuliani.
Segundo Peter Vallone, presidente da Câmara e pré-candidato democrata à Prefeitura de Nova York, a comissão poderá "reerguer e reconstruir o que julgar que é necessário."
Entre as atribuições da comissão, cujos membros ainda não foram definidos, está o poder de acelerar processos de demolição e iniciar as obras de reconstrução. O terreno onde estava o complexo de prédios pertence aos Estados de Nova York e Nova Jersey.
Os prédios foram arrendados dos governos em maio último, no maior negócio imobiliário da história da cidade. Por US$ 3,2 bilhões, uma empresa liderada pelo empreendedor Larry Silverstein e pela Westfield America Inc. ganhou os direitos de explorar o lugar pelos próximos 99 anos.
Em entrevista no começo da semana, Silverstein disse que é a favor da reconstrução do complexo do qual é proprietário parcial pelo próximo século. "Eu espero reerguer os prédios derrubados e, se tiver ajuda da prefeitura e dos governos estaduais, sei que conseguirei", disse.
Ontem, a FAA (órgão que regula a aviação nos EUA) liberou o espaço aéreo dos EUA para a maioria das pequenas aeronaves.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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