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Hamas oferece trégua ao Fatah; ao menos 24 palestinos morrem
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da Folha Online
Após confrontos que já deixaram ao menos 24 mortos nesta quarta-feira, o grupo islâmico Hamas ofereceu uma trégua condicionada à facção secular rival Fatah, informou o jornal israelense "Haaretz". Os dois movimentos, que possuem tanto braços armados quanto políticos, dividem o poder no governo de coalizão palestino, mas disputam o controle da segurança nos territórios.
Nasser Ishtayeh/AP |
Membros do braço armado do Fatah atiram para o alto durante ato contra violência |
Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, ofereceu um cessar-fogo ao anoitecer de hoje. Para que ele entre em efeito, o Fatah deverá aceitar que o premiê palestino Ismail Haniyeh, do Hamas, que atualmente ocupa também o posto de ministro do Interior, assuma o controle de todas as forças de segurança locais.
Segundo Zuhri, mediadores egípcios receberam a proposta e prometeram levá-la ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, do Fatah. "O Hamas não impõe condições impossíveis, e se houver intenções reais de resolver a crise, estaremos prontos para isso", disse o porta-voz.
O Hamas e o Fatah disputam o controle da segurança desde que o Hamas venceu as eleições parlamentares de janeiro de 2006. Desde então, cerca de 630 palestinos morreram nos confrontos em Gaza. O acordo para o governo de coalizão palestino, que divide o poder entre os dois grupos, foi firmado em fevereiro último, mas não foi capaz de apaziguar os conflitos.
Luta
Pouco antes de oferecer a trégua, homens armados do Hamas atacaram três dos principais postos de segurança palestinos na Cidade de Gaza. O braço armado do Hamas afirmou que os "que buscam o golpe" --em referência ao Fatah-- que estão na área dos postos de segurança têm até a noite da próxima sexta-feira para entregarem suas armas.
Hatem Moussa/AP |
Membros armados do grupo radical Hamas passam por ruas Gaza |
Assim como os postos, escritórios do presidente da ANP também foram atacados com morteiros e foguetes, provocando a fuga de vários membros do Fatah.
Também hoje, membros do Hamas tomaram a principal estrada que liga as áreas sul e norte da região. Enquanto a violência se intensifica, cresce o temor por uma guerra civil entre os palestinos. Desde a segunda-feira (11), cerca de 60 pessoas morreram em decorrência dos combates.
Os dois grupos lutam para ocupar locais estratégicos como edifícios altos na Cidade de Gaza. As posições disputadas servem como postos para franco-atiradores que atuam na disputa entre eles.
Segundo o "Haaretz" e a Associated Press, lutadores do Hamas empreendem hoje uma grande operação em várias bases de segurança com o objetivo de tomar o controle de toda a faixa de Gaza. Eles invadiram vários pontos da Cidade de Gaza horas depois de assumirem o controle da cidade de Khan Younis, onde detonaram uma bomba sob um quartel-general de segurança local. Ao menos uma pessoa morreu quando o prédio desabou após a explosão em Khan Younis.
Em um bairro na costa da cidade de Gaza, cerca de 200 lutadores armados do clã Bakr, aliado do Fatah, se renderam para o Hamas depois de dois dias de confrontos.
Mortes
Entre os 24 mortos de hoje está um funcionário de ajuda humanitária das Nações Unidas. A Agência de Apoio e Trabalhos das Nações Unidas (UNRWA, na sigla em inglês) afirmou que suspendeu a maioria de suas ações em Gaza devido à violência.
Ainda assim, o diretor local da agência, John Bing, disse que eles não estavam se retirando, apenas cortando algumas ações. A UNRWA afirmou que não poderia mais distribuir comida para cerca de 30% da população de Gaza que depende de ajuda internacional.
Ao menos outros 23 palestinos morreram hoje, segundo o "Haaretz". Seis homens do Hamas morreram na invasão da casa de um comandante do Fatah na Cidade de Gaza.
Disputa
Líderes do Hamas culpam o presidente da ANP pela violência, dizendo que suas forças de segurança são corruptas e cheias de criminosos.
Arte Folha Online |
O Fatah se reuniu ontem para discutir a interrupção de sua participação no governo dividido. Segundo o Comitê Central do grupo, a participação do Fatah no governo ficará suspensa até o fim dos confrontos, podendo ser retirada permanentemente caso uma trégua não seja alcançada.
Anteriormente, o Hamas deu um prazo para que o Fatah retirasse seus homens das ruas da Cidade de Gaza. O ultimato, transmitido pela rádio do Hamas, deu até as 14h (8h de Brasília) desta terça-feira para que todos os membros da guarda presidencial, da guarda nacional e outros órgãos de segurança ligados ao Fatah deixem as ruas.
O porta-voz do Fatah, Abdel Hakim Awad, rejeitou o ultimato e afirmou que "as forças de segurança não darão nenhuma atenção a essa bobagem e vão defender a sede da segurança com todo o seu poder".
As Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, braço armado do Fatah, declarou estado de emergência em Gaza nesta terça-feira.
Com "Haaretz" e Associated Press
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