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05/07/2007 - 20h48

Reino Unido investiga papel da Al Qaeda em atentados frustrados

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da Folha Online

Investigadores britânicos estão tentando estabelecer o possível papel da rede terrorista Al Qaeda nas tentativas frustradas de ataques no Reino Unido na última semana, informou nesta quinta-feira a rede de TV americana CNN. A investigação também está sendo usada para ajudar o governo britânico a ampliar seus poderes na luta contra o terror.

02.jul.2007/AP
Policial patrulha rua de Londres; britânicos investigam papel da Al Qaeda
Policial patrulha rua de Londres; britânicos investigam papel da Al Qaeda

Oito suspeitos foram presos após dois carros-bomba terem sido deixados em Londres na última sexta-feira (29) e um jipe ter sido lançado com explosivos no aeroporto de Glasgow no sábado (30).

Nenhuma das tentativas de atentado resultou em vítimas. Agora, a investigação se concentra nos laços dos suspeitos detidos com terroristas no exterior, em especial o círculo privado da Al Qaeda e seu braço no Iraque.

"Todos as possibilidades no exterior estão sendo investigadas", afirmou um oficial de segurança citado pela CNN. "A importância de associações internacionais é muito grande na nossa investigação."

Analistas de segurança afirmam que dificilmente células terroristas surgem espontaneamente, sem a liderança de militantes experientes. O premiê britânico, Gordon Brown, comentou sobre ligações da Al Qaeda com as tentativas de atentado, mas a extensão desse elo ainda não foi determinada.

O Reino Unido foi palco de renovadas tramas terroristas com inspiração na Al Qaeda desde a invasão do Iraque em 2003, na qual o país é o principal aliado dos Estados Unidos. Em abril, o jornal "Sunday Times" afirmou que a inteligência britânica vê risco de atentados não apenas da Al Qaeda no Paquistão e Afeganistão, mas também do braço da rede no Iraque.

Segundo o jornal, células da Al Qaeda iraquiana são ativas no Reino Unido.

Poderes especiais

Também nesta quinta-feira, o governo do Reino Unido iniciou uma batalha legal para manter o uso de poderes especiais antiterrorismo que incluem a possibilidade de manter suspeitos em prisão domiciliar sem acusação formal.

O governo argumenta que as chamadas ordens de controle (control orders), apesar de não serem perfeitas, são "vitais para a segurança da nação". Para os críticos, as ordens de controle são ineficientes e beiram o abuso dos direitos civis.

Até hoje, segundo a agência Reuters, 29 pessoas receberam ordens de controle no país, das quais sete conseguiram escapar.

As medidas foram aprovadas depois que a Justiça britânica não autorizou a prisão de suspeitos de terrorismo indefinidamente sem acusação formal. Depois disso, algumas cortes consideraram que as ordens de controle, apesar de mais leves do que a prisão, ainda violam os direitos civis dos suspeitos.

Agora, o governo tenta reverter essa decisão com uma apelação à mais alta instância da Justiça britânica.

Ministros esperam que a investigação dos laços da Al Qaeda com as tentativas de atentados da última semana ajude a conquistar apoio pela manutenção das ordens de controle e até por mais poderes.

Amizades

As ligações entre os próprios detidos também continuam sendo investigadas. Três dos oito suspeitos pertencem à mesma família, e os demais são amigos, informa a imprensa britânica nesta quinta-feira.

"Acreditamos que os três suspeitos se conheceram quando eram estudantes da Universidade de Cambridge, provavelmente ao assistir a preces dos grupos radicais", declarou uma fonte dos serviços de segurança ao jornal "The Sun".

arquivo/Reuters
O médico Mohammed Asha, suspeito por ataques
O médico Mohammed Asha, suspeito por ataques

Autoridades estão em alerta devido à proximidade do segundo aniversário do ataque suicida que matou 52 em três estações de metrô e um ônibus de Londres em 7 de julho de 2005. Ontem, no entanto, o nível de alerta foi reduzido de crítico --o mais alto-- para severo.

Segundo a imprensa do Reino Unido, o motorista do veículo em chamas lançado contra o principal terminal do aeroporto se chama Kafeel Ahmed, 27, e não Khalid Ahmed como havia sido anunciado inicialmente. De nacionalidade indiana, ele seria irmão de outro suspeito, o médico Sabeel Ahmed, 26, preso no domingo (1º) em Liverpool.

Ambos nasceram em Bangalore, assim como Mohamed Haneef, 27, médico detido na segunda-feira (2) à noite na Austrália, que a imprensa identificou como primo de ambos.

Segundo a imprensa, Ahmed --que está hospitalizado em estado grave-- reuniu-se em 2005 em Cambridge, ao norte de Londres, com outro suspeito, Mohamed Asha, 26, neurocirurgião jordaniano apontado como cérebro do complô.

"Parece que foi em Cambridge que o suposto complô germinou, quando Ahmed apresentou os árabes a seu irmão", afirmou uma fonte não identificada pelo jornal.

Segundo o "Times", o outro suposto terrorista de Glasgow, o médico Bilal Abdullah, 27, de origem iraquiana, também passou temporadas em Cambridge nos anos de 2001 e 2004.

O "Daily Telegraph" afirma que ele conhecia Mohammed Asha da Jordânia, onde seus pais eram velhos amigos.

Bilhete

Nesta quinta-feira, a Scotland Yard se negou a comentar a informação divulgada pelo canal de televisão americano CNN de que teria sido encontrada um bilhete dos supostos autores do ataque contra o aeroporto de Glasgow, na qual eles explicariam suas motivações.

Lewis Whyld/AP
Policiais em frente a estação de metrô londrina; ação terrorista foi descartada
Policiais em frente a estação de metrô londrina; ação terrorista foi descartada

De acordo com a CNN, não se sabe quem escreveu o bilhete nem onde ele foi encontrado até o momento. Passaportes que pertenceriam aos dois suspeitos também foram encontrados pelas autoridades. Um deles homens é do iraquiano Abdullah.

O outro, o médico Khalid Ahmed, continua internado em estado crítico em um hospital da região de Glasgow após sofrer graves queimaduras na tentativa de atentado.

Abdulla e outros cinco pessoas foram presas durante a investigação sobre a trama terrorista e estão sendo interrogados em uma delegacia de Londres. Outro suspeito, o médico Mohammed Haneef, 27, está sendo interrogado em Brisbane, na Austrália, onde foi detido quando tentava embarcar para a Índia com uma passagem só de ida.

Aparentemente, todos os oito suspeitos já trabalharam para o Sistema Nacional de Saúde britânico antes do atentado. Ao menos dois deles, Haneef e outro suspeito detido em Liverpool, já trabalharam juntos no mesmo hospital na Inglaterra.

Cyberterrorismo

Também hoje, um homem tido como "padrinho do cyberterrorismo da Al Qaeda" e dois sócios receberam sentenças que totalizam 24 anos de cadeia por incitar ao terrorismo, informou o "Guardian". As sentenças chegam em meio à tensão gerada no Reino Unido pelos ataques da última semana.

Eles foram sentenciados em uma corte de Woolwhich depois de admitirem culpa por incitar outros a cometer assassinato por meio de seus sites extremistas na internet.

O caso representa a primeira condenação baseada inteiramente na distribuição de material extremista na internet, segundo o "Guardian".

O líder do grupo, o especialista em computadores marroquino Younis Tsouli, recebeu uma pena de dez anos de prisão. Seu site regularmente mostrava decapitações na internet. Ele também é acusado de fazer propaganda e recrutar pessoas para atos de terrorismo.

De acordo com o "Guardian", Tsouli era o principal distribuidor de material de Abu Musab al Zarqawi, líder da Al Qaeda no Iraque.

Guias ensinando a construir vestes com explosivos também foram disponibilizados na internet por Tsouli.

Os co-réus Tariq Al Daour e Waseem Mughal receberam penas de seis anos e meio e sete anos e meio, respectivamente.

Com CNN, France Presse e "The Guardian"

 

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