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06/07/2007 - 18h09

Reino Unido acusa formalmente primeiro suspeito por ataques

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da Folha Online

O Reino Unido apresentou nesta sexta-feira uma acusação formal contra o primeiro dos oito suspeitos detidos pelos atentados frustrados na última semana, informou a polícia britânica. Bilal Abdullah, 27, médico de origem iraquiana preso em Glasgow, foi acusado por conspiração para causar explosões, segundo a Scotland Yard.

Stephen Hird/Reuters
Policial em frente a estação em Londres; suspeito tentou ir para os Estados Unidos
Policial em frente a estação em Londres; suspeito tentou ir para os Estados Unidos

Abdullah foi preso após lançar um jipe em chamas ao lado de outro suspeito contra o aeroporto internacional de Glasgow no último sábado (30). O motorista do jipe também foi preso, mas está internado na unidade de tratamento de queimados de um hospital escocês com queimaduras em 90% do corpo.

Suspeita-se que os dois homens sejam os mesmos que deixaram dois carros-bomba no centro de Londres na última sexta-feira (29). Os veículos, carregados com galões de combustível, cilindros de gás e pregos, foram encontrados pelas autoridades antes que pudessem ser detonados. Não há vítimas em nenhuma das tentativas de atentado.

Outros cinco suspeitos continuam detidos no Reino Unido e um na Austrália em conexão com os atentados. "Os outros indivíduos presos pela polícia continuam detidos até uma decisão sobre a acusação", disse hoje a promotora Susan Hemming.

Ela também confirmou que Abdullah foi acusado tanto pelo ataque em Glasgow quanto pelas tentativas em Londres. "Eu decidi que há provas suficientes e autorizei a acusação de Bilal Abdullah por conspiração para causar explosões após os incidentes em Londres e Glasgow em 29 e 30 de junho de 2007."

Abdullah deverá comparecer frente à Corte dos Magistrados da Cidade de Westminster neste sábado (7).

Nos EUA

Também nesta sexta-feira, o FBI (polícia federal americana) confirmou que ao menos dois dos suspeitos pelos atentados terroristas frustrados no Reino Unido na última semana iniciaram um processo necessário para trabalharem nos Estados Unidos.

Entre os detidos em Londres estão cinco médicos ou estudantes de medicina. Um deles é o jordaniano Mohammed Asha, 26, que morava em Newcastle-under-Lyme, Staffordshire, e é apontado como mentor dos ataques. Sua mulher, Marwa Asha, 27, também foi detida.

Asha e outro suspeito contataram a Comissão Educacional para Médicos Estrangeiros americana, na Filadélfia, onde são testados profissionais de medicina que querem trabalhar nos EUA.

Segundo Nancy O'Dowd, porta-voz do FBI, Asha entrou em contato com a agência no último ano, mas aparentemente não fez o teste aplicado em médicos estrangeiros. Ela não confirmou o nome do segundo suspeito que teria interesse em trabalhar nos EUA.

Austrália

Também nesta sexta-feira, a polícia australiana afirmou que expediu mandados de busca e apreendeu mais de 31 mil documentos em dois hospitais do país em conexão com as investigações no Reino Unido.

Os materiais foram apreendidos em hospitais de Perth e em Kalgoorlie e são similares aos coletados há poucos dias em Queensland. Os documentos incluem vários arquivos de computador, alguns deles em línguas estrangeiras, e levarão tempo para serem analisados.

A polícia australiana informou que não foram feitas novas prisões depois das operações nos hospitais, mas outros cinco médicos estrangeiros foram interrogados e liberados no país. Segundo as autoridades, algumas pessoas serão questionadas depois de um período de quatro dias, durante os quais o material apreendido será analisado.

Quatro médicos de origem indiana com experiência no sistema de saúde britânico foram interrogados e liberados, assim como outro médico indiano baseado em Sydney.

A investigação se concentra nos laços dos suspeitos detidos com terroristas no exterior. "Todos as possibilidades no exterior estão sendo investigadas", afirmou ontem um oficial de segurança à rede de TV americana CNN. "A importância de associações internacionais é grande na nossa investigação."

Suspeito transferido

Na Escócia, um dos homens detidos após lançar o jipe no aeroporto de Glasgow continua em estado crítico no hospital Royal Alexandra, onde chegou com queimaduras em 90% do corpo. Nesta sexta-feira, Kafeel Ahmed, 27, foi transferido para uma unidade especializada em queimados.

Reuters
O premiê britânico, Gordon Brown, anunciou aumento de requisitos para imigrantes
O premiê britânico, Gordon Brown, anunciou aumento de requisitos para imigrantes

Inicialmente, foi relatado que Ahmed tem formação em medicina, mas hoje o jornal britânico "The Guardian" informou que ele na verdade tem doutorado em engenharia aeronáutica. O suspeito estudou na Universidade Queen's, em Belfast (Irlanda do Norte), e na Universidade Politécnica Anglia, em Cambridge.

Ahmed foi para o Reino Unido de Bangalore, na ®dia. A polícia afirma que ele é o irmão mais velho de Sabeel Ahmed, 26, que foi preso em Liverpool em conexão com as investigações dos atentados.

A Universidade Ruskin Anglia (ex-Politécnica) informou que está cooperando com a polícia nas investigações. "Estamos cientes da especulação da mídia sobre possíveis laços entre os eventos de Glasgow e um dos nosso estudantes", disse uma porta-voz.

"Estamos cooperando completamente com a polícia. Neste momento as identidades dos estudantes não estão claras e seria inapropriado dar mais mais informações", completou.

Ligação com a Al Qaeda

Uma das possibilidades analisadas pela polícia é o vínculo do grupo com o círculo privado da rede terrorista Al Qaeda e seu braço no Iraque.

Analistas de segurança afirmam que dificilmente células terroristas surgem espontaneamente, sem a liderança de militantes experientes.

O premiê britânico, Gordon Brown, comentou sobre ligações da Al Qaeda com as tentativas de atentado, mas a extensão desse elo ainda não foi determinada.

O Reino Unido foi palco de renovadas tramas terroristas com inspiração na Al Qaeda desde a invasão do Iraque em 2003, na qual o país é o principal aliado dos Estados Unidos. Em abril, o jornal "Sunday Times" afirmou que a inteligência britânica vê risco de atentados não apenas da Al Qaeda no Paquistão e Afeganistão, mas também do braço da rede no Iraque.

Segundo o jornal, células da Al Qaeda iraquiana são ativas no Reino Unido.

Universidade

As ligações entre os próprios detidos também continuam sendo investigadas. Ontem, o jornal britânico "The Sun" informou que o plano terrorista teria surgido em uma universidade.

arquivo/Reuters
O médico Mohammed Asha, suspeito por ataques
O médico Mohammed Asha, suspeito por ataques

"Acreditamos que três dos suspeitos se conheceram quando eram estudantes da Universidade de Cambridge, provavelmente ao assistir a preces dos grupos radicais", declarou uma fonte dos serviços de segurança ao "Sun".

Segundo a imprensa, Ahmed --que está hospitalizado em estado grave-- reuniu-se em 2005 em Cambridge, ao norte de Londres, com outro suspeito, Mohamed Asha, o neurocirurgião jordaniano apontado como cérebro do complô. "Parece que foi em Cambridge que o suposto complô germinou, quando Ahmed apresentou os árabes a seu irmão", afirmou a fonte.

Segundo o "Times", o outro suposto terrorista de Glasgow, o médico Bilal Abdullah, 27, de origem iraquiana, também passou temporadas em Cambridge nos anos de 2001 e 2004.

O "Daily Telegraph" afirma que ele conhecia Mohammed Asha da Jordânia, onde seus pais eram velhos amigos.

Com "The Guardian", Associated Press, Reuters e France Presse

 

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