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Premiê japonês Shinzo Abe descarta renúncia ante resultado eleitoral
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da France Presse, em Tóquio
A coalizão conservadora governamental japonesa sofreu uma grande derrota nas eleições de domingo para o Senado, um fracasso histórico que não impediu o primeiro-ministro Shinzo Abe de declarar a intenção de, mesmo assim, permanecer no poder.
Itsuo Inouye/AP |
Shinzo Abe deve sofrer derrota histórica; primeiro-ministro descarta possível renúncia |
Em dez meses, Shinzo Abe viu sua cota de popularidade cair em razão de uma série quase ininterrupta de equívocos e de escândalos financeiros que não soube contornar por falta de experiência e de autoridade.
Primeiro chefe de governo nipônico a não conhecer a guerra, ele se comprometeu a virar definitivamente a página do pós-1945 e a construir uma "bela nação" e dar de volta o orgulho aos japoneses.
No entanto, seu programa muito se chocou com a indiferença e mesmo a hostilidade de muitos japoneses mais preocupados com o emprego, o bem-estar econômico e o envelhecimento rápido no arquipélago.
Além da diferença crescente entre ricos e pobres, a campanha eleitoral foi dominada por um enorme fiasco do governo em relação ao sistema das aposentadorias.
"Estou revoltada contra o governo Abe. Desta vez votei na oposição, quero que o premiê vá embora", confiou Keiko Yutani, 60, uma professora próxima da aposentadoria.
Muito habilmente, o líder da oposição, Ichiro Ozawa, baseou sua campanha na vida quotidiana dos japoneses e nas regiões rurais, feudos da direita, que se sentem abandonadas pelo poder central.
"Nós tomamos conhecimento da grande dose de insatisfação do povo. As pessoas depositam muitas esperanças em nós", felicitou-se Yukio Hatoyama, secretário-geral do PDJ.
Apesar de a coalizão de Abe ainda dispor de maioria significativa na Câmara dos Deputados que elege o primeiro-ministro e dá a última palavra em matéria legislativa, a perda de controle do Senado pode entravar consideravelmente a ação do poder, prevêem os analistas políticos.
De acordo com uma pesquisa do canal público de televisão NHK, o Partido Liberal Democrata (PLD) de Abe e seu aliado, a pequena legenda budista Novo Komeito, obtiveram entre 31 e 43 assentos dos 121 que estavam em jogo, uma vez que neste pleito será renovada a metade do Senado, que conta com 242 cadeiras.
O canal privado TBS, referindo-se a uma "histórica derrota", atribuiu à coalizão no poder a obtenção de 34 assentos. Já a Nippon Television aposta que conseguiram 38.
O PLD e o Novo Komeito devem manter pelo menos 64 das 76 cadeiras que defendem para manter a maioria no Senado.
É a primeira vez em nove anos que o PLD, que domina a política japonesa há meio século, perde a maioria em uma das duas câmaras do Parlamento nipônico.
Por outro lado, os centristas do Partido Democrata do Japão (PDL), a principal força da oposição, aumentaram significativamente com a obtenção de, pelo menos, 60 assentos diante dos 32 atuais, segundo sondagens de boca de urna.
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