Taleban oferece troca de reféns doentes; EUA atacam radicais

Forças da Otan (aliança militar liderada pelos Estados Unidos) confirmaram nesta sexta-feira o lançamento de um ataque aéreo contra comandantes do grupo radical islâmico afegão Taleban na Província de Helmand (sul). Relatos de moradores locais indicam que o ataque pode ter deixado dezenas de vítimas e há ao menos 20 feridos, mas as mortes ainda estão sendo investigadas.

Arte Folha Online

O ataque ocorre em meio a um impasse internacional pela continuidade do seqüestro de 21 sul-coreanos pelo Taleban, que exige a libertação de guerrilheiros em prisões afegãs em troca da soltura dos reféns. Duas reféns gravemente doentes poderão ser libertadas imediatamente caso o governo afegão solte dois talebans, informou o grupo hoje.

O grupo de 23 sul-coreanos foi seqüestrado em 19 de julho pelo Taleban, que já matou dois reféns quando prazos dados para o cumprimento das exigências expiraram.

Os EUA afirmaram em um comunicado que o ataque visou atingir dois comandantes dos radicais durante um encontro em uma área remota do distrito de Baghran, em Helmand, no final desta quinta-feira.

Mohammad Hussein, o chefe de polícia da Província, afirmou que vários talebans e civis foram mortos em um ataque na área de Shah Ibrahim, em Baghran. Segundo ele, os talebans foram à região para executar na forca dois homens suspeitos de serem "espiões do governo".

Durante o enforcamento, bombas começaram a cair no local, disse Hussein. Ao menos 20 pessoas foram levadas para o hospital em Lashkar Gah, em Helmand.

Troca de reféns

Também nesta sexta-feira, o Taleban afirmou que está disposto a libertar imediatamente duas reféns "gravemente doentes" se o governo afegão, em troca, soltar dois rebeldes.

30.jul.2007/AP

Uma das reféns sul-coreanas é vista em vídeo divulgado na TV Al Jazira

"Podemos libertá-las imediatamente caso o governo solte dois prisioneiros", disse à agência Efe por telefone o porta-voz taleban Mohammed Yousef Ahmadi. Ele acrescentou que a proposta já foi transmitida aos negociadores sul-coreanos.

Segundo Ahmadi, as reféns "conseguem comer um pouco para sobreviver". Mas seu estado é "crítico", e elas "não podem caminhar".

O governo sul-coreano já disse aos radicais que há limites para seu poder de influência na resolução do impasse. Houve contatos entre a delegação sul-coreana no Afeganistão e o Taleban na Província de Ghazni, onde os reféns estão sendo mantidos.

"Por meio de nossos contatos, nosso principal objetivo é deixar claro que há um limite para o que nosso governo pode fazer para alcançar suas exigências de libertação de prisioneiros", disse o porta-voz do governo de Seul, Chun Ho-sun.

No Afeganistão, um porta-voz do Taleban disse que o grupo conversou com os sul-coreanos por telefone e que eles ainda discutem um local adequado para um encontro com a delegação. Os radicais insistem em organizar a reunião na região controlada pelo Taleban e prometeram manter os enviados de Seul em segurança.

Estados Unidos

A Coréia do Sul expressou esperança de que um encontro entre os presidentes dos EUA, George W. Bush, e do Afeganistão, Hamid Karzai, ajude nos esforços de libertação dos reféns.

31.jul.2007/AP

Manifestantes sul-coreanos pedem o retorno seguro dos seqüestrados pelo Taleban

Bush e Karzai deverão se reunir em Washington neste final de semana, e a agenda de discussões inclui a situação dos reféns.

A Coréia do Sul já pediu a Washington e Cabul que sejam flexíveis no manejo da crise, mas até o momento as autoridades rejeitam a possibilidade de libertação de guerrilheiros talebans.

"Os governos afegão e americano têm certo nível de envolvimento nesta situação", disse o porta-voz de Seul. "Temos expectativas de que os dois líderes terão entendimento suficiente de nossa posição quando se encontrarem", completou.

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Com Associated Press, Efe e Reuters