Publicidade
Publicidade
25/10/2001
-
05h35
da Folha de S.Paulo
As conversações para a criação de um novo governo no Afeganistão em um provável período pós-Taleban se intensificaram nos últimos dias, porém os resultados ainda estão aquém do esperado.
Em Peshawar, cidade paquistanesa próxima da fronteira afegã, líderes tribais, estudiosos do islã e políticos exilados do Afeganistão se reuniram para tentar articular um futuro governo. A convenção, comandada pela Frente Nacional Islâmica do Afeganistão, recebeu mais líderes do que se imaginava. Em um auditório com capacidade para 600 pessoas, mais de mil compareceram.
Vestidos com trajes tradicionais afegãos, mas portando celulares e tentando discursar ao mesmo tempo, os líderes impediram que houvesse ordem, e o encontro acabou sem nenhuma definição no primeiro dia da convenção, que termina hoje.
Para agravar, faltaram à convenção representantes do ex-rei Zahir Shah, 86, principal liderança afegã no exílio, e integrantes moderados do Taleban, que estavam sendo aguardados.
Para o organizador da conferência, Sayed Gailani, a única certeza que pode ser dita após o encontro é que nenhum dos líderes aceitaria o retorno da Aliança do Norte ao poder nem a manutenção do Taleban.
A Aliança do Norte governou o país entre 1992 e 96. Composta por etnias minoritárias, como a tadjique, a uzbeque e a hazara, a coalizão enfrentou forte oposição dos pashtu, majoritários no país e entre o Taleban. Conflitos internos também contribuíram para o enfraquecimento do governo.
Os líderes tribais são a favor do retorno do ex-rei Zahir Shah, que atuaria como chefe de Estado. O monarca convocaria a Loya Jirga, tradicional assembléia tribal afegã, que comandaria um governo de transição no Afeganistão.
Em uma outra ofensiva diplomática, foram para Teerã, capital do Irã, em dias diferentes na última semana, autoridades da França, Itália, Alemanha e Reino Unido para discutir o futuro do governo afegão.
O Irã, país que faz fronteira com o Afeganistão, é um tradicional inimigo do regime extremista Taleban, que controla a maior parte do território afegão. Apesar de tanto o governo iraniano como o Taleban possuírem cunho islâmico, o Irã é majoritariamente xiita e os afegãos são sunitas. E as respectivas minorias religiosas nos dois países são perseguidas.
Um novo governo no Afeganistão que também seja inimigo dos iranianos em nada contribuiria para a estabilidade na região.
Os EUA e a ONU também realizam iniciativas para tentar definir um novo governo no Afeganistão.
Com agências internacionais
Leia mais:
Conheça as armas usadas no ataque
Saiba tudo sobre os ataques ao Afeganistão
Entenda o que é o Taleban
Saiba mais sobre o Paquistão
Veja os reflexos da guerra na economia
Confusão marca encontro de líderes tribais afegãos
Publicidade
As conversações para a criação de um novo governo no Afeganistão em um provável período pós-Taleban se intensificaram nos últimos dias, porém os resultados ainda estão aquém do esperado.
Em Peshawar, cidade paquistanesa próxima da fronteira afegã, líderes tribais, estudiosos do islã e políticos exilados do Afeganistão se reuniram para tentar articular um futuro governo. A convenção, comandada pela Frente Nacional Islâmica do Afeganistão, recebeu mais líderes do que se imaginava. Em um auditório com capacidade para 600 pessoas, mais de mil compareceram.
Vestidos com trajes tradicionais afegãos, mas portando celulares e tentando discursar ao mesmo tempo, os líderes impediram que houvesse ordem, e o encontro acabou sem nenhuma definição no primeiro dia da convenção, que termina hoje.
Para agravar, faltaram à convenção representantes do ex-rei Zahir Shah, 86, principal liderança afegã no exílio, e integrantes moderados do Taleban, que estavam sendo aguardados.
Para o organizador da conferência, Sayed Gailani, a única certeza que pode ser dita após o encontro é que nenhum dos líderes aceitaria o retorno da Aliança do Norte ao poder nem a manutenção do Taleban.
A Aliança do Norte governou o país entre 1992 e 96. Composta por etnias minoritárias, como a tadjique, a uzbeque e a hazara, a coalizão enfrentou forte oposição dos pashtu, majoritários no país e entre o Taleban. Conflitos internos também contribuíram para o enfraquecimento do governo.
Os líderes tribais são a favor do retorno do ex-rei Zahir Shah, que atuaria como chefe de Estado. O monarca convocaria a Loya Jirga, tradicional assembléia tribal afegã, que comandaria um governo de transição no Afeganistão.
Em uma outra ofensiva diplomática, foram para Teerã, capital do Irã, em dias diferentes na última semana, autoridades da França, Itália, Alemanha e Reino Unido para discutir o futuro do governo afegão.
O Irã, país que faz fronteira com o Afeganistão, é um tradicional inimigo do regime extremista Taleban, que controla a maior parte do território afegão. Apesar de tanto o governo iraniano como o Taleban possuírem cunho islâmico, o Irã é majoritariamente xiita e os afegãos são sunitas. E as respectivas minorias religiosas nos dois países são perseguidas.
Um novo governo no Afeganistão que também seja inimigo dos iranianos em nada contribuiria para a estabilidade na região.
Os EUA e a ONU também realizam iniciativas para tentar definir um novo governo no Afeganistão.
Leia mais:
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice