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Embaixador dos EUA ironiza proposta da Bolívia de mudar ONU
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da Efe, em La Paz
O embaixador dos Estados Unidos em La Paz, Philip Goldberg, afirmou nesta quarta-feira que não estranharia se a Bolívia também quisesse mudar a sede da Disney, ao ironizar a proposta do presidente da Bolívia, Evo Morales, de transferir complexos da Organização das Nações Unidas (ONU) de Nova York, nos EUA, para outro país. A Assembléia Geral da ONU é realizada na cidade americana.
"Todo mundo adora Nova York como sede", disse o diplomata durante um ato em La Paz, ressaltando que para os EUA "têm sido uma alta honra ser o anfitrião" das Nações Unidas durante mais de 50 anos.
"Sempre tratamos bem todo o mundo", afirmou Goldberg em resposta às denúncias da Bolívia sobre o suposto tratamento discriminatório recebido nos EUA pelas delegações de alguns países.
Na semana passada, durante seu discurso na Assembléia Geral da ONU, o presidente Morales disse que a comunidade internacional deveria pensar na possibilidade de mudar de sede.
"Chegamos aqui e nos vemos ameaçados pelo dono da casa", disse Morales, em referência ao presidente dos EUA, George W.Bush.
O presidente boliviano denunciou que sua delegação teve muitos problemas para conseguir os vistos de entrada em território americano.
O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, anunciou no fim de semana que o governo boliviano vai iniciar uma campanha internacional para promover a mudança da sede das Nações Unidas.
Segundo Quintana, que viajou para Nova York com Morales, os EUA dão um tratamento "arrogante, intolerável, degradante e humilhante" a algumas delegações.
O embaixador Goldberg alegou que seu país não recebeu nenhuma queixa pela via diplomática e lamentou que a delegação boliviana tenha se sentido maltratada durante sua estadia em Nova York.
O ministro Quintana comentou na última segunda-feira (1º) que o avião venezuelano no qual viajou com Morales e outros membros do governo para participar da Assembléia Geral da ONU foi desviado para o aeroporto de Newark (Nova Jersey), quando deveria aterrissar no aeroporto John F. Kennedy de Nova York.
Durante a escala obrigatória, permaneceram uma hora e meia dentro do avião, sem receber nenhuma explicação do governo americano, disse Quintana.
No entanto, o adido de imprensa da embaixada dos EUA em La Paz, Eric Watnik, alegou que o mal-entendido foi devido a uma má comunicação entre os pilotos do avião venezuelano que transportava o presidente Morales e as torres de controle do tráfego aéreo, segundo uma reportagem publicada hoje pelo jornal boliviano "La Razón".
As desavenças entre EUA e Bolívia também têm afetado cidadãos comuns. Como os cidadãos bolivianos precisam de visto para entrar como turistas nos EUA, o governo boliviano determinou que, pelo princípio da reciprocidade, passaria a exigir o mesmo dos americanos a partir de 1º de dezembro.
Mas o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, disse hoje que o visto exigido foi flexibilizado para não afetar a indústria turística.
Os turistas dos EUA poderão pedir o visto ao chegar aos aeroportos, nos postos de fronteira terrestre ou nos consulados bolivianos em seu país.
Choquehuanca disse que não será aplicada a exigência de um certificado de antecedentes penais porque nos EUA não dão esse documento.
O ministro comentou que a regulamentação do visto de americanos foi negociada com os empresários do setor do turismo e que se decidiu diminuir os pré-requisitos para não prejudicar o setor.
"Se fôssemos estritos, faríamos com que nenhum cidadão americano entrasse na Bolívia", disse o ministro.
Segundo dados do Ministério do Turismo, 60 mil americanos entram na Bolívia por ano e, destes, 25% são turistas.
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