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16/11/2001 - 03h45

Taleban tenta manter seus últimos redutos

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da Folha de S.Paulo

Após recuar na maioria das Províncias do Afeganistão, o Taleban tentava ontem manter as duas únicas cidades importantes que ainda controla: Candahar, ao sul, e Cunduz, no norte do país.

Aparentemente, os combates mais intensos estão sendo travados em Cunduz, onde tropas do Taleban bloqueiam a entrada da cidade, que integra a rota rumo ao Tadjiquistão. Nos últimos dias, forças da Aliança do Norte têm buscado, sem sucesso, romper a barreira dos milhares de soldados da milícia que resistem na região.

Segundo o comandante da Aliança Daoud Khan, há mais de 20 mil homens do Taleban lutando em Cunduz -cerca de 10 mil seriam estrangeiros, os demais seriam pashtus afegãos que lutavam pela milícia em cidades como Mazar-e-Sharif e Taloqan, tomadas pela oposição.

Ontem, bombardeiros e caças dos EUA atingiram posições do Taleban nos arredores de Cunduz, mas os soldados da milícia não davam sinal de que estivessem perdendo força.

Aparentemente, as últimas possibilidades para uma solução de paz no confronto no norte caíram por terra ontem, quando fracassaram os diálogos entre representantes dos rebeldes e do Taleban.

Comandantes da Aliança e líderes do Taleban se encontraram em Emam Sahib, a cerca de 40 quilômetros de Cunduz, para tentar evitar uma batalha. Mas as negociações não avançaram, o Taleban não admitiu a possibilidade de rendição e a Aliança endureceu seu discurso.

"Nós decidimos avançar para a cidade. Se eles [o Taleban] quiserem se render, poderão. Se resistirem, morrerão", afirmou o general Khan. O prefeito de Cunduz, um dos soldados do Taleban dispostos a se entregar, pediu mais dois dias para conversas, mas não há indícios que esse prazo será respeitado.

Segundo a Aliança do Norte, durante as conversas em Emam Sahib, muitos dos comandantes do Taleban concordaram em trocar de lado e entregar a cidade. As negociações emperraram -disseram os rebeldes- porque "terroristas linha-dura" do Taleban e os combatentes estrangeiros foram contra.

A tentativa de acordo seguiu uma derrota sofrida pela Aliança na última terça. Convidados por um comandante do Taleban, cerca de mil homens da Aliança entraram em Cunduz, acreditando que a milícia fosse se render. Caíram em uma armadilha, foram prontamente atacados pelo Taleban e tiveram de recuar, sofrendo dezenas de baixas.

Candahar
No sul do país, o Taleban tenta se manter no poder em Candahar, em meios aos bombardeios dos EUA e aos relatos de conflitos com rebeldes nos subúrbios da cidade. As forças que combatem o Taleban na região não estão vinculadas à Aliança do Norte, formada em sua maioria pelas etnias uzbeque e tadjique.

Os opositores do sul são os chefes tribais pashtus -da mesma etnia dos líderes do Taleban- que agora se rebelam contra a milícia. Esse grupo de líderes locais rivaliza com a Aliança e alertou aos rebeldes do norte que não tentem avançar em direção a Candahar.

Líderes de seis Províncias do sul disseram que enviarão uma missão a Candahar nos próximos dias para negociar a entrega da cidade. "Nossa mensagem para os comandantes que continuam com o Taleban é que eles devem desistir", disse Abdul Khaliq, um dos líderes, que defende a formação de um grande conselho de chefes tribais para discutir o futuro do Afeganistão.

"Somos todos irmãos de um só sangue. Somos todos afegãos e devemos ter um único líder, que é Mohamad Zahir Shah", afirmou Khaliq, indicando afinidade com o ex-rei afegão exilado desde 1973.

Além de prometerem assumir o controle em Candahar, os pashtus do sul também disseram que não darão abrigo ao terrorista Osama bin Laden, acusado pelos atentados contra os EUA.



  • Com agências internacionais

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