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Chávez e Morales são herdeiros de Che, diz Alberto Granado
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da Efe, em Havana
Aos 85 anos, o argentino Alberto Granado, companheiro de Che Guevara em sua viagem de motocicleta pela América do Sul, lembra o guerrilheiro como um sonhador e acredita que os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, dão continuidade a seus ideais revolucionários.
'Ernesto nunca me decepcionou, nem como amigo, nem como companheiro, nem como sonhador', afirma Granado em entrevista à agência de notícias Efe, realizada em sua residência, em Havana.
'Nos conhecemos quando eu tinha 14 anos e me dei conta de que Ernesto era um menino inteligente e muito trabalhador. Estava muito acima das pessoas de sua idade', lembra.
Poderosa
Seis anos mais velho que Che, Granado empreendeu com ele a viagem de motocicleta pela América do Sul que despertou a consciência política do guerrilheiro argentino, em dezembro de 1951, e que foi tema do livro 'De Moto Pela América do Sul: Diário de Viagem', inspiração do filme 'Diários de Motocicleta', do diretor brasileiro Walter Salles.
Na 'Poderosa', apelido dado a moto de Granado, os dois percorreram boa parte do continente, até se separarem nove meses depois na Venezuela.
Granado voltou à Argentina para trabalhar como bioquímico, mas, após o triunfo da Revolução Cubana, Che o convidou para uma viagem a Havana e, um ano depois, acabou decidindo seguir na ilha, com sua esposa Delia e seus filhos.
'Sempre nos uniram coisas como a paixão pelo esporte, a literatura, a filosofia e a vontade de viajar', revela Granados, que desde que se aposentou, em 1994, se dedica a manter viva a memória do amigo guerrilheiro.
Granado lembra que a aventura na 'Poderosa' começou como 'uma viagem de lazer'. 'Mas no final nos demos conta de que a forma de reagir a coisas erradas nos uniu muito', completou.
Separação
A notícia da morte de Che foi recebida com surpresa por Granado, porque ele não sabia que o guerrilheiro se encontrava na Bolívia e assegura que nunca esquecerá as últimas palavras ditas pelo amigo: 'Espero-te, cigano sedentário, assim que o cheiro de pólvora diminuir'.
'Era previsível', segundo Granado, que Che morresse em combate defendendo sua 'teoria bolivariana de libertação da América Latina'.
O amigo do guerrilheiro reconhece que sua trágica morte contribuiu para alimentar sua lenda, porque 'se alguém morre jovem, forte e valente, fica com essa imagem para sempre, mas se chega aos 85 anos vai se degradando, perdendo faculdades'.
Agora, quatro décadas depois do assassinato de Guevara, na opinião de Granado, 'ninguém pode deixar de admirar uma pessoa como Che', e para seguir seu exemplo, diz, deve-se, 'primeiro, unir-se às pessoas de boa vontade, e, segundo, resistir contra o imperialismo e o consumismo, que é o principal perigo'.
Che e Chávez
Embora reconheça que é difícil encontrar uma figura como Che na história, Granado considera que é possível que apareça outro líder de esquerda que, como ele, 'queira substituir um mundo injusto por um mais justo'.
Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales 'deram continuidade aos ideais do Che', assegura, e 'por seu carisma, por suas raízes, Chávez poderia ser o novo líder da América Latina', sustenta.
Acima de ambos Granado coloca ainda o líder cubano, Fidel Castro, que diz ser 'o homem dos séculos, o maior e o mais inteligente'.
Granado lembra que Castro e Guevara tinham 'personalidade forte, se queriam muito' e tinham 'grande similitude na forma de pensar, na rapidez de resposta'.
Ernesto Guevara é, para seu amigo Granado, 'um homem a ser seguido como exemplo' e, por isso, 'aconselho aos jovens que não percam a esperança, que não desistam de melhorar o mundo, que é uma forma também de fazer revolução'.
Essa é a mensagem que transmite em suas viagens, porque, segundo afirma, apesar da idade, conserva ainda 'vontade de viajar'.
'Recomendo a todos que viajem, dentro de seu país, fora, dentro de si mesmos, porque viajar é uma forma de enfrentar a vida', conclui.
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