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Cuba defende debate sobre socialismo durante homenagens a Che
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da Efe, em Santa Clara (Cuba)
A homenagem a Ernesto Che Guevara organizada nesta segunda-feira em Santa Clara se transformou em um ato patriótico encabeçado pelo comandante Ramiro Valdés, um dos nomes de peso da Revolução Cubana e atual ministro de Informática e Comunicações de Cuba.
Valdés convocou os cubanos a apoiarem o debate proposto pelo presidente em exercício Raúl Castro, irmão de Fidel, para enriquecer o socialismo e manter distância do imperialismo.
Segundo a imprensa oficial, mais de 10 mil pessoas compareceram à cerimônia organizada em frente ao mausoléu que abriga os restos mortais de Che em Santa Clara (300 km de Havana) para lembrar o 40º aniversário da morte do guerrilheiro.
O ato foi encabeçado por Raúl e pelos comandantes históricos Valdés e Guillermo García Frias, além da viúva e dos filhos de Che.
Valdés --segundo homem da coluna comandada por Che na última etapa da ofensiva revolucionária-- aproveitou o cenário para pedir união entre os cubanos e apoio a Raúl Castro e ao Partido Comunista de Cuba após a doença de Fidel.
"Estamos diante de um momento de combate. Esta não é a hora de derrotismos, nem de oportunismos", afirmou.
Valdés focou o discurso no debate lançado por Raúl Castro em 26 de julho.
Em tom crítico, o irmão de Fidel listou os erros da revolução e anunciou a necessidade de ajustes estruturais e soluções demandadas pelos novos tempos, superando fórmulas do passado.
"Hoje em dia, o país inteiro é um fervedouro de idéias", disse Valdés, que também afirmou que tais discussões podem lançar a busca coletiva de soluções.
O ministro disse esperar que o debate ajude a "romper a inércia, o dogmatismo e o estilo burocrático, a desenvolver o enfoque criador, a libertar as forças produtivas onde elas estejam travadas e a conseguir que nos acostumemos a revisar e atualizar criticamente as fórmulas que aplicamos na economia e nas distintas esferas de nossa vida".
"Nossa agenda é fazer com que o debate seja sensato e possível, eliminando o que seja absurdo, conciliando cada conquista e assegurando a cada dia mais a plena soberania do país e o socialismo como fundamento da independência e do desenvolvimento material", afirmou Valdés.
"Há uma agenda revolucionária, mas seríamos ingênuos se não víssemos que o inimigo quer desesperadamente introduzir sua própria agenda nesta discussão e em geral em todo o tema cubano", afirmou Valdés.
O ex-guerrilheiro criticou aqueles que, "conscientemente ou não", criam "ilusões ao acharem que o conflito histórico entre Cuba e Estados Unidos pode ser resolvido por atitudes unilaterais ou por meio de favores".
"Desde o primeiro momento, a revolução é a luta contra o imperialismo. Mas não iremos renunciar ao diálogo se um dia aparecerem governantes mais realistas naquele país", afirmou Valdés.
Apesar de Fidel Castro ter sido a grande ausência da comemoração, a execução da já famosa gravação do presidente lendo a carta de despedida deixada por Che antes de partir para a Bolívia, em 1965, emocionou o público presente.
Para o estudante mexicano César Omar Cabrera, 24, as palavras de Che ainda são válidas porque ele é uma figura de todos os tempos.
"É nosso símbolo. Um homem valente, decidido, audaz, muito lutador, muito solidário", disse a professora cubana Araceli Mesa, 56, sobre Che Guevara.
O agricultor Raúl Fonseca, 60, também afirmou que Che foi para os cubanos "um grande guia, que transcendeu a história por ser um paradigma da liberdade dos povos".
Aleida Guevara March, uma das filhas de Che, disse hoje em meio às homenagens a seu pai que a América Latina começa a despertar e que os sonhos dele e de seus companheiros na luta revolucionária estão sendo realizados.
"Temos que estar presentes e mais firmes do que nunca. Esta é a melhor homenagem a nossos pais, a nossos entes queridos", disse após deixar um ramo de flores no mausoléu erguido em memória de Che em Santa Clara.
O médico argentino Ernesto Guevara de La Serna (1928-1967) combateu junto com Fidel Castro na Revolução Cubana e abandonou a ilha caribenha em 1965 para completar seu sonho de realizar uma revolução continental a partir da Bolívia. Lá foi capturado pelo Exército local em 8 de outubro de 1967 e assassinado no dia seguinte.
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