Musharraf deve deixar comando do Exército antes de dezembro

O ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, deverá deixar o comando das Forças Armadas antes de dezembro, afirmou nesta terça-feira o promotor-geral do país, Malik Mohammad Qayyum.

"O presidente disse que abandonará o uniforme [militar] até o dia 1º de dezembro", declarou o promotor.

Musharraf vem enfrentando fortes pressões tanto de seus opositores como de seus aliados ocidentais --especialmente os Estados Unidos-- para deixar o comando do Exército.

A ex-premiê do Paquistão, Benazir Bhutto, principal opositora de Musharraf, já pediu sua renúncia como chefe de Estado e como chefe das Forças Armadas.

Hoje, termina oficialmente o mandato de Musharraf como governante do Paquistão. Reeleito no dia 6 de outubro, ele aguarda o veredicto da Suprema Corte para validar o resultado da eleição. Só então seu segundo mandato será proclamado. Musharraf, porém, continua no poder enquanto vigorar o estado de emergência no país.

O Parlamento paquistanês deverá ser dissolvido hoje à meia-noite, e um governo de transição será nomeado nesta sexta-feira para organizar as eleições legislativas, previstas para acontecer em janeiro.

Governo de união nacional

Os opositores de Musharraf começaram a discutir a formação de uma aliança contra ele. Bhutto propôs criar um governo de união nacional com outros partidos para substituir Musharraf antes de janeiro.

Hoje, duas crianças foram mortas quando manifestantes não-identificados abriram fogo na cidade de Karachi, matando dois garotos, um de 11 anos e outro de 12 anos.

Partidários de Bhutto entraram em confronto com a polícia e houve troca-de-tiros também em Karachi. De acordo com a polícia, oito manifestantes e um policial sofreram ferimentos a bala.

Bhutto disse que está em contato com outros partidos de oposição para convencê-los a aderir ao projeto de formar um governo de união nacional. "Estou consultando os partidos para ver se estão em posição de colocar isso em prática", afirmou.

Estados Unidos

Os Estados Unidos já admitem a queda do ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, e discutem a situação política do país após sua saída, segundo o jornal "The New York Times".

Nesta quarta-feira, autoridades americanas --da Casa Branca, Departamento de Estado e Pentágono-- reuniram-se para definir a mensagem que o secretário do Departamento de Estado, John D. Negroponte, levará a Musharraf em encontro nesta sexta-feira, revelou o jornal norte-americano.

De acordo com o "NYT", mais de uma dezena de oficiais em Washington e Islamabad (capital do Paquistão), que falaram ao jornal sob condição de não serem identificados, externaram dúvidas quanto à possibilidade de permanência do ditador paquistanês.

Os Estados Unidos agem com cautela, segundo um oficial citado pelo jornal. "O governo não quer encorajar um outro golpe militar no país. Porém, já começa a haver um entendimento na administração Bush de que Musharraf é parte do problema."

Com France Presse, Associated Press e "The New York Times"

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