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10/03/2002 - 11h07

"Normalização" abre fenda no apoio a Bush após atentados

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MARCIO AITH
da Folha de S.Paulo, em Washington

Seis meses depois dos maiores ataques terroristas contra os EUA, fendas começam a ser abertas no escudo cívico que protege o presidente George W. Bush das disputas e críticas internas.

Sondagens de opinião mostram que o presidente ainda mantém o apoio popular que acumulou depois dos atentados. No entanto, a proximidade das eleições parlamentares de novembro e o arrefecimento do clima patriótico nos EUA têm motivado líderes democratas a criticar abertamente a estratégia militar no Afeganistão e o plano da Casa Branca de estender a guerra a outros países.

Essas críticas são feitas num momento em o clima de insegurança da população começa a cair para níveis pré-11 de setembro - 80% dizem que suas vidas já "voltaram ao normal".

Em outubro, 59% dos norte-americanos afirmaram estar "preocupados" ou "muito preocupados" com a possibilidade de um novo ataque atingir suas famílias. Hoje, apenas 35% demonstram esse medo. Nas igrejas, o comparecimento de fiéis caiu a níveis de agosto de 2001. Nos aeroportos, cresce timidamente a impaciência com o rigor da segurança e com as filas, antes vistas como mal necessário.

"Pesquisas sobre satisfação e alegria mostram respostas comparáveis a antes de 11 de setembro", disse à Folha Frank Newport, do instituto Gallup.

Essa nova percepção ainda não alterou a popularidade de Bush. Segundo a mais recente pesquisa "USA Today"/CNN/Gallup, a aprovação a sua administração está em 82%, apenas oito pontos percentuais abaixo do pico de 90% registrado em outubro -o mais alto já recebido por um presidente norte-americano desde que os institutos de pesquisa começaram a fazer a medição. Antes dos atentados, Bush tinha 51% de aprovação.

Mesmo assim, alguns já vêem uma oportunidade para testar a rigidez desse apoio. O primeiro foi o líder da maioria democrata no Senado, Tom Daschle, que criticou os planos da Casa Branca de expandir as operações militares "sem uma direção clara".

Daschle disse ainda que, embora os EUA tenham aparentemente vencido a batalha no Afeganistão, a guerra só será ganha quando o terrorista Osama bin Laden for encontrado. Republicanos reagiram duramente, chamando de "repugnantes" as declarações de Daschle e acusando-o de "dividir a nação" e "facilitar a vida do inimigo".

Desde então, as críticas a Bush tem aumentado. Na semana passada, um segundo senador democrata, John Kerry (Massachusetts), voltou a criticar a estratégia militar de Bush durante comício em apoio a candidatos democratas às eleições de novembro.

Kerry, um veterano condecorado da Guerra do Vietnã, disse que Bush e os republicanos usam o patriotismo para se protegerem de críticas e ameaçarem liberdades civis.

"Aqueles que tentam reprimir a vitalidade de nossa democracia e esconder suas ações do escrutínio público usando um disfarce de patriotismo enganam-se em relação aos valores que nossas tropas defendem", disse Kerry.

Teoricamente, é mais fácil criticar Bush agora porque o próprio presidente desceu da cadeira de "comandante-em-chefe" das Forças Armadas para ingressar na campanha eleitoral.

Bush tem discursado em inúmeros eventos para angariar fundos eleitorais promovidos por candidatos republicanos. Embora não diga diretamente aos eleitores que o sucesso da guerra contra o terrorismo depende da vitória de seu partido nas eleições de novembro, chegou perto.

Para analistas, a coragem súbita dos democratas decorre de um cálculo eleitoral perigoso, mas necessário. "Trata-se de um equilíbrio difícil para os democratas", disse Stephen Hess, do instituto Brookings, em Washington. "Se elogiarem o presidente, não conseguirão atrair votos para seus candidatos. Se o criticarem muito, poderão ser acusados de antipatrióticos".


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