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19/03/2008 - 13h16

Saiba mais sobre Tenzin Gyatso, o 14º dalai-lama

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Colaboração para a Folha Online

Aos 73 anos, o dalai-lama Tenzin Gyatso é líder temporal e espiritual do povo Tibete, conhecido internacionalmente por sua luta pacífica pelo país, causa que o concedeu o Prêmio Nobel da Paz em 1989 e mais de cem títulos de doutor honoris causa.

Gyatso nasceu em 6 de julho de 1935, em uma família de camponeses da pequena vila de Taktser, na Província de Amdo, situada no nordeste do Tibete. Seu nome era Lhamo Dhondup [também grafado Dhondrod], mas foi alterado quando tinha três anos de idade, ao ser reconhecido como a reencarnação de seu predecessor, o 13º dalai-lama, Thubten Gyatso.

Peter Foley/Efe
Dalai-lama em visita à Universidade Cornell, na cidade norte-americana de Ithaca
Dalai-lama em visita à Universidade Cornell, na cidade norte-americana de Ithaca

Os dalai-lamas são reconhecidos pelo povo tibetano como como manifestações do Bodhisattva da Compaixão, patrono do Tibete. Um Bodhisattva é um ser "iluminado" que adiou sua entrada no nirvana e escolheu renascer para servir à humanidade. Além disso, Gyatsu também é visto como uma manifestação de Cherenzig, um descendente direto de um menino brâmane que viveu na época de Buddha.

Em 1959, ano em que o Tibete foi invadido pela República Popular da China, o dalai-lama foi orientado a abandonar o país após uma consulta a um Oráculo. Ele se refugiou na Índia, ao lado de membros de sua família e quase 30 mil outros tibetanos.

Em 1967, ele visitou pela primeira vez o Japão e a Tailândia. Em seguida, Gyatso iniciou sua peregrinação pelo mundo, em busca da aplicação dos direitos humanos no Tibete.

Em 17 de outubro de 2007, o dalai-lama foi agraciado com a Medalha de Ouro do Congresso norte-americano -- a maior honraria civil outorgada pelo país -- durante uma cerimônia realizada pelo Presidente George W. Bush. O ato ocasionou grandes protestos diplomáticos por parte do governo chinês contra os Estados Unidos.

Conflitos com a China

Um dia antes do festival de ópera no verão de 1950, Tenzin Gyatso sentiu a terra se mover. Era um presságio. Dois dias depois, um posto tibetano foi invadido por soldados chineses.

No dia 17 de novembro do mesmo ano, ele foi oficialmente nomeado líder temporário do Tibete, aos 15 anos de idade. Nos nove anos seguintes, ele tentou evitar uma tomada total de poder militar do Tibete pela China.

Entre julho de 1954 e junho de 1955, o líder tibetano fez visitas à China para conversas da paz e encontrou-se com Mao Tsé Tung e outros líderes Chineses, como Deng Xiaoping. Mas a crescente repressão dirigida a seu povo não cessava.

Em 17 de março de 1958, durante uma consulta ao Oráculo de Nechung, dalai-lama recebeu uma instrução explícita para sair do país. O líder se disfarçou de soldado e se misturou à multidão de pessoas que prosseguia em direção à Índia.

Em 10 de março de 1960, pouco antes de mudar-se para acampamentos nos Montes do norte da Índia com os outros refugiados, dalai-lama fez seu primeiro discurso conhecido, no dia do aniversário da Revolta do Povo Tibetano: "Nesta primeira ocasião, eu enfatizei a necessidade do meu povo observar a longo prazo a situação no Tibete. Para aqueles de nós no exílio, eu disse que nossa prioridade deve ser a recolonização e a continuidade de nossas tradições culturais. A respeito do futuro eu declarei minha opinião de que com verdade, justiça e coragem como nossas armas, nós tibetanos venceríamos no final recuperando a liberdade para o Tibete."

Em setembro de 1987, o Lama propôs o Plano de Paz de Cinco Pontos para o Tibete, com o objetivo de tornar o país uma zona de paz no coração da Ásia, dedicado à harmonia e ao equilíbrio ambiental. Discursando no Parlamento Europeu de Estrasburgo, na França, em 15 de junho de 1988, ele detalhou o plano de paz e propôs o estabelecimento de conversações com os chineses para a criação de um governo autônomo das três províncias tibetanas em associação com a República Popular da China, de maneira que o governo chinês continuasse responsável pela política exterior e defesa do Tibete.

De acordo com dalai-lama, a proposta era "o modo mais realista para se restabelecer uma identidade independente do Tibete e restituir os direitos fundamentais do povo tibetano, conciliando ao mesmo tempo os interesses da China."

Posteriormente, em 2 de Setembro de 1991 -- Dia da Democracia Tibetana -- o Governo do Tibete no exílio declarou que a Proposta de Estrasburgo não estava mais em vigor, já que não houvera nenhuma iniciativa por parte dos Chineses que apontasse a intenção de firmar o acordo.

A China, até o momento, não respondeu positivamente às propostas de paz.

Educação formal

Tenzin Gyatso começou sua educação monástica aos seis anos. O currículo consistia de cinco disciplinas maiores e cinco menores. As maiores eram lógica, arte e cultura tibetana, sânscrito, medicina e filosofia budista. As disciplinas menores consistiam em poesia, música e teatro, astrologia, gramática e sinônimos.

Aos 23 anos, foi aprovado com honras e recebeu o grau de Geshe Lharampa, título equivalente a um Doutorado em Filosofia.

O lama Gyatso também é um pesquisador, com títulos honorários de Doutor em Direito, Teologia, Letras humanas e Relações Diplomáticas, em Universidades norte-americanas italianas.

Em 1987, ele realizou um encontro com cinco cientistas ocidentais para discutir a proximidade entre o budismo e as ciências cognitivas. Com isso, incentivou a criação de fóruns internacionais de estudo científico das experiências espirituais, que visam obter novos espaços de consciência e expressão.

Reconhecimento universal e prêmios

Nos últimos anos, um grande número de universidades e instituições em todo o mundo lhe conferiram Prêmios da Paz e títulos de doutor honoris causa, em reconhecimento pelos seus escritos sobre a filosofia budista e sua liderança a serviço da paz e da não-violência.

Em 10 de Dezembro de 1989, Lama Gyatso recebeu o prêmio Nobel da Paz, e o ofereceu a todos os oprimidos no mundo e àqueles que lutam pela liberdade, pela paz mundial e pelo povo do Tibete.

"O prêmio reafirma a nossa convicção de que com a verdade, coragem e determinação como nossas armas, o Tibete será libertado. Nossa luta deve permanecer sem violência e livre de ódio", disse o dalai-lama ao receber o prêmio.

 

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