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02/04/2002 - 08h27

Israel intensifica ofensiva militar em diversas cidades da Cisjordânia

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da Folha Online

Apesar das críticas internacionais, o Exército de Israel intensificou hoje sua ofensiva militar em diversas cidades da Cisjordânia, como Belém, Tulkarem e Ramallah, onde o presidente da Autoridade Palestina, Iasser Arafat, continua isolado pelas tropas israelenses.

Em Ramallah, o Exército israelense disparou obuses e mísseis contra o quartel-general dos serviços de segurança palestinos durante a noite.

Pouco antes, os militares utilizaram 60 palestinos como escudo humano e os obrigaram a caminhar diante dos tanques que se aproximavam da sede dos serviços de segurança, afirmou o coronel Jibril Rajub, chefe do serviço de segurança preventiva na Cisjordânia.

Um porta-voz militar israelense desmentiu a acusação. Durante a noite foram escutadas diversas explosões de granadas na cidade, assim como disparos de metralhadora. Vários helicópteros sobrevoaram baixo a região, que amanheceu com vários edifícios em chamas.

Ramallah foi ocupada por militares israelenses na sexta-feira (29) e desde então o líder palestino Iasser Arafat permanece isolado, completamente cercado por soldados israelenses. O governo de Israel disse que não pretende atentar contra Arafat.

Cerca de 35 pacifistas que furaram o cerco israelense e conseguiram chegar até o líder palestino no domingo (31), continuam hoje acompanhando Arafat, tentando servir de escudo humano contra um possível ataque.

Na manhã de hoje, os tanques entraram na cidade autônoma de Belém (Cisjordânia) e chegaram até sua parte velha, onde segundo a Bíblia nasceu Jesus Cristo. Houve disparos de metralhadora e de canhões de pequeno calibre. Os aviões de combate e helicópteros sobrevoaram a cidade durante a noite inteira.

Pouco antes, sete estrangeiros e um câmera da televisão palestina foram atingidos por disparos quando participavam de uma manifestação contra Israel em Beit Jala, próximo de Belém.

Hoje, um sacerdote católico morreu e seis religiosas foram feridas a tiros em uma igreja em Belém, segundo fontes médicas palestinas e membros da comunidade franciscana.

A reocupação de Belém aconteceu horas depois da entrada de tanques em Tulkarem, norte da Cisjordânia, que amanheceu hoje sob completo controle israelense.

Além de Ramallah, Tulkarem e Belém, o Exército de Israel ocupa ainda a cidade cisjordana de Qalqilya.

Em Nablus, também na Cisjordânia, os moradores se preparavam hoje para a guerra, armazenando alimentos e protegendo suas casas, certos de que os tanques israelenses chegarão à cidade em breve.

Em Jerusalém, um palestino detonou explosivos que carregava num automóvel ontem à noite no centro da cidade. A explosão matou um policial, além do camicase, e deixou três feridos.

O ataque foi reivindicado pelas Brigadas de Mártires de Al Aqsa, movimento extremista ligado ao Fatah (grupo político que mantém ligações com Iasser Arafat), e aconteceu 24 horas depois de um atentado suicida realizado em Haifa, no norte de Israel, em que morreram 16 pessoas.



Escalada
Diante da escalada da violência, o presidente americano, George W. Bush, avaliou que Arafat deve renunciar ao terrorismo e aplicar o Plano Tenet, que estabelece mecanismos para o cessar-fogo no Oriente Médio. Ao mesmo tempo, pediu ao primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, "que deixe aberto o caminho da paz".

Na Jordânia, Egito, Líbia e outros países árabes se multiplicaram as manifestações contra Israel e EUA e a favor de Iasser Arafat. Os ministros da Organização da Conferência Islâmica, reunidos em Kuala Lumpur, na Malásia, acusaram o governo israelense de levar a região à guerra total.

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) se reuniu ontem a portas fechadas para deliberar sobre o conflito, enquanto seu secretário-geral, Kofi Annan, pediu que se aplique imediatamente a resolução 1402 que estabelece a retirada imediata dos territórios palestinos e um cessar-fogo.

Em Israel, o primeiro sinal de divisão se tornou claro ontem, quando Shimon Peres pediu que se "reduza o ataque" a Arafat em Ramallah e criticou a estratégia de Sharon, que classificou no domingo (31) Arafat como "inimigo de Israel e do mundo livre".

Enquanto a comunidade internacional discute a resolução da ONU, os governos árabes, pressionados pela opinião pública de seus países, avaliam a possibilidade de adotar uma resposta própria à ofensiva militar israelense nos territórios palestinos.

O Conselho da Liga Árabe realizará hoje no Cairo uma reunião de emergência para discutir formas de apoio a Arafat, cercado pelo Exército israelense desde sexta-feira (29) em Ramallah.

Na reunião, que será presidida pelo secretário-geral da Liga, Amro Musa, estarão representados os 22 países que integram o organismo.


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