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16/06/2008 - 21h39

Produtores rurais realizam quarta paralisação na Argentina

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da Folha Online

A Argentina enfrenta nesta segunda-feira mais um dia de protestos e bloqueios de rodovias, em meio ao recrudescimento do conflito de mais de três meses entre o setor agropecuário e o governo, devido ao aumento dos impostos sobre as exportações de grãos.

Apesar de as organizações rurais terem desaconselhado o bloqueio de rodovias, produtores agropecuários mantinham hoje paralisações parciais em cerca de 30 pontos do país, nos quais impediam a passagem de caminhões com cereais para a exportação.

Em dezenas de outras regiões, os produtores se concentraram na beira das estradas, como parte do quarto locaute decretado no sábado pelas associações de produtores.

Depois de se reunir com Elisa Carrió, a principal dirigente opositora do país, o presidente da Sociedade Rural Argentina, Luciano Miguens, disse hoje que o campo "não busca confrontar nem desprover", e pediu "um sinal" ao governo para retomar o diálogo.

"Só pedimos que (o governo) aceite uma exigência, porque está tirando do campo a metade de sua produção", disse Miguens.

A nova paralisação foi decidida depois que a polícia deteve 19 dirigentes rurais, após tentar acabar, por meio do uso da força, com um piquete em uma estrada da cidade de Gualeguaychú, centro dos protestos mais radicais.

Os prolongados bloqueios de rodovias durante o conflito levaram a situações críticas em vastas regiões da Argentina, onde é crescente a falta de combustíveis, a escassez de alimentos básicos, os problemas no fornecimento de remédios e a queda no turismo.

Governo

Nenhum alto funcionário do governo deu declarações hoje, feriado na Argentina, mas nas últimas horas do domingo foi divulgada uma carta na qual o vice-presidente do país, Julio Cobos, pedia a "retomada do diálogo".

"Devemos deixar para trás os agravos, a intolerância e a busca de culpados para encontrar uma solução", disse Cobos, aliado à presidente Cristina Fernández.

"É momento de retomar o diálogo, e no Congresso poderemos encontrar idéias, projetos, leis e programas que permitam apresentar ao Executivo uma política agropecuária integrada a um modelo econômico de crescimento sustentado e de distribuição de receitas", afirmou.

Enquanto isso, o ex-presidente Nestor Kirchner encerrava hoje os preparativos para liderar, na quarta-feira, um ato com o qual o governo pretende resistir à jornada de protestos convocada pelo setor agropecuário.

A manifestação será na praça de Maio, o mesmo palco no qual o ex-governante irrompeu de forma surpreendente no sábado, enquanto dezenas de pessoas se expressavam em favor do Executivo, durante o dia mais tenso da queda-de-braço com o campo.

"Será um ato grande. Queremos que os cidadãos possam se expressar em defesa da democracia", disse hoje o deputado governista Carlos Kunkel.

Piqueteiros

Na mesma linha se pronunciou o dirigente piqueteiro Luis D'Elía, próximo ao casal Kirchner, ao afirmar que as organizações sociais sairão em apoio ao governo, contra o que classificou como "uma clara tentativa de golpe econômico".

D'Elía, que foi funcionário do governo Kirchner, declarou que há setores que querem "diretamente a saída de Cristina Fernández", e acusou o ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-2003) de liderá-los.

"O chefe da conspiração é, sem dúvidas, Eduardo Duhalde", apontou.

O ato, no qual deve falar Cristina Fernández, contará com a presença de sindicatos, dirigentes peronistas e organizações sociais próximas ao governo, além do setor das Mães da Praça de Maio, liderados por Hebe de Bonafini.

"Convocamos todos a irem à praça de Maio em defesa da democracia e da liberdade", afirmou Bonafini.

A manifestação coincidirá com os protestos nacionais convocados pelas organizações agropecuárias, que pediram à sociedade para que expresse sua revolta, com o fechamento de estabelecimentos comerciais e mobilizações nas ruas, entre outras formas de protesto.

Nesse mesmo dia, os representantes das entidades rurais voltarão a reunir-se para resolver se suspendem ou mantêm sua quarta paralisação em pouco mais de três meses, que consiste na interrupção da comercialização de grãos.

O conflito com as associações agropecuárias se iniciou em março, quando o governo impôs um esquema de impostos móveis sobre as exportações de grãos que os produtores do campo rejeitam.

Com Efe

 

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