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25/05/2002 - 06h08

Cresce o temor de fraudes na Colômbia

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ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo, na Colômbia

A sombra das fraudes ronda as eleições presidenciais de amanhã na Colômbia. Denúncias sobre irregularidades e pressões sobre eleitores nos últimos dias vêm provocando temores sobre uma possível repetição das fraudes e sabotagens ocorridas na eleição para o Congresso, em março.

Dois meses e meio depois do pleito, a Comissão Eleitoral ainda não diplomou os novos deputados e senadores eleitos, por conta das suspeitas de fraude. Os resultados de cerca de 21 mil das 60.574 seções eleitorais do país foram questionados.

Candidatos derrotados em março acusam grupos armados de terem impedido seus eleitores de votar neles. Gloria Cuartas, ex-prefeita de Apartadó (cidade de 100 mil habitantes no Departamento de Antioquia), candidata derrotada ao Senado, diz que paramilitares impediram o voto nela. Dos 28,5 mil votos que teve, apenas 800 vieram de sua base eleitoral.

Para evitar a repetição dos problemas, a Registradora Nacional do Estado Civil, responsável pela organização das eleições, anunciou uma série de medidas que incluem fiscalização das seções por datiloscopistas (especialistas em impressões digitais), para confirmar a identidade de eleitores suspeitos.

Os temores também provocaram trocas de farpas entre os principais candidatos, o direitista Alvaro Uribe e o liberal Horacio Serpa (centro). Serpa acusou a campanha de Uribe de enviar cartas de convocação a mesários. Os assessores de Uribe reconheceram o envio de 8.209 cartas, mas alegaram que a lei eleitoral permite a partidos indicar mesários.

Segundo pesquisa do instituto Gallup divulgada anteontem, Uribe tem 51% das intenções de voto, e poderia vencer já no primeiro turno. Serpa, que aparece em segundo, com 26%, diz ter confiança de poder levar a disputa para o segundo turno, no dia 16 de junho. A pesquisa mostrou um crescimento do esquerdista Luis Eduardo Garzón, de 6% para 11% em menos de uma semana, consolidando-o no terceiro lugar.

Analistas consultados pela Folha disseram que a preocupação com as fraudes é ainda maior pelo fato de as pesquisas indicarem uma vitória de Uribe no primeiro turno por pequena margem.

Caso a vitória no primeiro turno ou a necessidade de um segundo turno sejam decididas por uma pequena margem de votos, poderia haver uma onda de contestações do resultado e pedidos de recontagem, a exemplo do que ocorreu com a eleição legislativa.

Se o fato se repetir amanhã, poderia não haver tempo hábil para realizar o segundo turno na data programada.

Pressões
Outra forte preocupação em relação à votação de amanhã é a ocorrência de pressões de grupos armados para sabotar a eleição ou pressionar a favor de algum dos candidatos.

O presidente da Colômbia, Andrés Pastrana, admitiu que a ação dos grupos armados pode impedir a realização da eleição em até 7% do território do país.

Para o analista político Alfredo Rangel, isso não deverá tornar os resultados do pleito ilegítimos. "Estamos falando de áreas rurais, de pouca densidade demográfica", disse ele à Folha. "Esses 7% do território não significam 7% do eleitorado, porque a grande maioria dos colombianos se concentra nas cidades grandes e médias, onde não há problemas para a eleição", afirma.

O argentino Santiago Murray, chefe da missão de observadores da OEA (Organização dos Estados Americanos), advertiu sobre pressões das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), principal guerrilha do país, para que os eleitores não compareçam às urnas.

Nos últimos dias, membros da guerrilha teriam roubado cédulas de votação e confiscado títulos de eleitor em diversas cidades do interior do país.

Ao mesmo tempo, os grupos paramilitares estariam pressionando eleitores para que votem em Alvaro Uribe. As AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), principal grupo paramilitar, já anunciaram publicamente sua preferência por Uribe. O candidato nega elo com os paramilitares.

Anteontem, após uma denúncia feita por Serpa, a Procuradoria Geral anunciou que suas investigações não indicaram vinculação de nenhum dos candidatos com os paramilitares.

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