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25/05/2002
-
06h17
MARCIO AITH
da Folha de S.Paulo, em Washington
Pressões do Congresso e divergências no Departamento de Estado impedem que a Casa Branca manifeste apoio público dos EUA a Alvaro Uribe, o candidato à Presidência da Colômbia mais adaptado ao discurso antiterror do presidente George W. Bush.
Com sua promessa de esmagar os guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional), Uribe propõe o alinhamento total da política interna colombiana ao conjunto de princípios de política externa dos EUA pós-11 de setembro.
Apesar da identidade retórica entre o candidato e Bush, parlamentares americanos demonstram preocupação com alegações de que Uribe teria vínculos com as forças paramilitares. Eles temem que um apoio aberto ou tácito da Casa Branca a Uribe seja entendido por esses grupos como sinal verde às suas operações.
"Essas alegações perseguem Uribe desde quando governou o Departamento de Antioquia, onde patrulhas civis teriam tido liberdade total para lutar contra a guerrilha e possivelmente tiveram ajuda das forças do Estado", disse à Folha Daniel Mack, assessor do Interamerican Dialogue, centro de pesquisas em Washington.
Essas preocupações são relevantes porque Bush depende do Congresso para aprovar a ampliação do Plano Colômbia, para o qual Washington colabora com R$ 1,3 bilhão.
Os textos autorizariam Bogotá a combater os rebeldes usando as mesmas armas e recursos fornecidos pelos EUA contra o narcotráfico. Vários parlamentares condicionam a aprovação à garantia de que a Casa Branca pressionará a Colômbia a combater também os paramilitares.
Além das restrições do Congresso, existe uma divisão dentro do próprio Departamento de Estado, no qual algumas autoridades responsáveis pela América Latina continuam a preferir o diálogo e discordam dos métodos radicais propostos por Uribe para pôr fim à guerrilha.
"Presume-se que o secretário de Estado, Colin Powell, seja o líder desse grupo de moderados", disse Michael Shifter, do Interamerican Dialogue. "Já outros setores no Departamento de Estado e o comando do Departamento de Defesa preferem a plataforma de Uribe."
Devido a essas restrições, a Casa Branca segue uma posição cautelosa, embora tenha elogiado recentemente os políticos colombianos que, como Uribe, classificam os rebeldes como terroristas.
Os EUA enviaram à Colômbia o subsecretário de Estado para assuntos hemisféricos, Phillip Chicola. Após encontros com Uribe e seu principal adversário, o liberal Horacio Serpa (centro), ele negou que seu governo esteja apoiando algum candidato.
"Acreditamos que quem quer que o povo colombiano escolha como mandatário vai ser um bom amigo dos EUA", disse Chicola.
Segundo ele, o passado de Serpa —coordenador da campanha eleitoral e ministro de Ernesto Samper (1994-1998), acusado de ter recebido doações do narcotráfico— não o desqualifica.
"Estamos absolutamente seguros de que, se o povo o escolher, a amizade entre os EUA e a Colômbia vai continuar", disse.
"O vínculo de Serpa com Samper atrapalha um pouco sua credibilidade", afirmou o analista Shifter. "No entanto ele se empenhou muito para viabilizar o Plano Colômbia, e o Departamento de Estado reconhece isso."
Mack e Shifter lembram que o próprio Uribe já foi acusado de ligações com o narcotráfico.
Segundo eles, os EUA aprenderam a não depositar todas as suas fichas num único político colombiano, devido às zonas cinzentas que separam o mundo institucional do mundo do narcotráfico e dos grupos armados ilegais.
Colaborou Rogerio Wassermann
Leia mais no especial Colômbia
Casa Branca evita dar apoio explícito a Uribe
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da Folha de S.Paulo, em Washington
Pressões do Congresso e divergências no Departamento de Estado impedem que a Casa Branca manifeste apoio público dos EUA a Alvaro Uribe, o candidato à Presidência da Colômbia mais adaptado ao discurso antiterror do presidente George W. Bush.
Com sua promessa de esmagar os guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional), Uribe propõe o alinhamento total da política interna colombiana ao conjunto de princípios de política externa dos EUA pós-11 de setembro.
Apesar da identidade retórica entre o candidato e Bush, parlamentares americanos demonstram preocupação com alegações de que Uribe teria vínculos com as forças paramilitares. Eles temem que um apoio aberto ou tácito da Casa Branca a Uribe seja entendido por esses grupos como sinal verde às suas operações.
"Essas alegações perseguem Uribe desde quando governou o Departamento de Antioquia, onde patrulhas civis teriam tido liberdade total para lutar contra a guerrilha e possivelmente tiveram ajuda das forças do Estado", disse à Folha Daniel Mack, assessor do Interamerican Dialogue, centro de pesquisas em Washington.
Essas preocupações são relevantes porque Bush depende do Congresso para aprovar a ampliação do Plano Colômbia, para o qual Washington colabora com R$ 1,3 bilhão.
Os textos autorizariam Bogotá a combater os rebeldes usando as mesmas armas e recursos fornecidos pelos EUA contra o narcotráfico. Vários parlamentares condicionam a aprovação à garantia de que a Casa Branca pressionará a Colômbia a combater também os paramilitares.
Além das restrições do Congresso, existe uma divisão dentro do próprio Departamento de Estado, no qual algumas autoridades responsáveis pela América Latina continuam a preferir o diálogo e discordam dos métodos radicais propostos por Uribe para pôr fim à guerrilha.
"Presume-se que o secretário de Estado, Colin Powell, seja o líder desse grupo de moderados", disse Michael Shifter, do Interamerican Dialogue. "Já outros setores no Departamento de Estado e o comando do Departamento de Defesa preferem a plataforma de Uribe."
Devido a essas restrições, a Casa Branca segue uma posição cautelosa, embora tenha elogiado recentemente os políticos colombianos que, como Uribe, classificam os rebeldes como terroristas.
Os EUA enviaram à Colômbia o subsecretário de Estado para assuntos hemisféricos, Phillip Chicola. Após encontros com Uribe e seu principal adversário, o liberal Horacio Serpa (centro), ele negou que seu governo esteja apoiando algum candidato.
"Acreditamos que quem quer que o povo colombiano escolha como mandatário vai ser um bom amigo dos EUA", disse Chicola.
Segundo ele, o passado de Serpa —coordenador da campanha eleitoral e ministro de Ernesto Samper (1994-1998), acusado de ter recebido doações do narcotráfico— não o desqualifica.
"Estamos absolutamente seguros de que, se o povo o escolher, a amizade entre os EUA e a Colômbia vai continuar", disse.
"O vínculo de Serpa com Samper atrapalha um pouco sua credibilidade", afirmou o analista Shifter. "No entanto ele se empenhou muito para viabilizar o Plano Colômbia, e o Departamento de Estado reconhece isso."
Mack e Shifter lembram que o próprio Uribe já foi acusado de ligações com o narcotráfico.
Segundo eles, os EUA aprenderam a não depositar todas as suas fichas num único político colombiano, devido às zonas cinzentas que separam o mundo institucional do mundo do narcotráfico e dos grupos armados ilegais.
Colaborou Rogerio Wassermann
Leia mais no especial Colômbia
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