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02/06/2002 - 04h20

Guerra nuclear é "impensável", diz Paquistão

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da Folha de S.Paulo

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, afirmou ontem que uma guerra nuclear contra a vizinha Índia é "impensável". Suas declarações são uma tentativa de diminuir a tensão no sul da Ásia num momento em que os dois rivais adotam preparativos para um conflito armado.

A movimentação de tropas nos últimos dias e o tom belicista do governo de Nova Déli -que acusa os paquistaneses de estarem por trás de ações terroristas de separatistas islâmicos da região da Caxemira- levou a ONU a aconselhar os familiares de seus funcionários a deixarem o Paquistão.

França, Bélgica e Espanha divulgaram recomendações semelhantes aos seus cidadãos ontem, seguindo o exemplo de outras nações ocidentais, entre elas os EUA e o Reino Unido. Os vôos que partirão de Islamabad no próximos dias estão lotados -já é difícil conseguir passagens aéreas.

"Não creio que nenhum dos lados seja tão irresponsável a ponto de chegar a esse limite", disse Musharraf sobre o eventual uso de armas nucleares, em entrevista à rede CNN. "As pessoas não deveriam nem estar discutindo essas coisas, pois nenhum indivíduo sensato pode nem mesmo pensar em entrar nessa guerra não-convencional."

Cerca de 1 milhão de soldados das duas partes estão posicionados em regiões de fronteira. Diariamente, trocam disparos de metralhadora e artilharia.

Pelo menos sete civis morreram ontem nos dois lados da Linha de Controle, fronteira militarizada que separa a Caxemira paquistanesa da indiana, em razão de enfrentamentos e de ao menos três atentados.
A crise ganhou ainda novo impulso com a prisão de um diplomata da Embaixada da Índia em Islamabad, acusado de ser um espião. Ele foi libertado horas depois, mas, segundo o Paquistão, teria confessado que praticava espionagem.

Anteontem, incidente semelhantes ocorrera em Nova Déli -autoridades indianas detiveram funcionários da representação diplomática paquistanesa no país.

Possível encontro

Na entrevista de ontem, Musharraf disse estar disposto a se encontrar com o premiê indiano, Atal Behari Vajpayee, durante uma reunião de cúpula no Cazaquistão, na próxima semana. "Isso depende mais dele", afirmou. "Eu não tenho problemas para me reunir com ele. Essa pergunta deve ser feita a ele."

Vajpayee sofre intensa pressão doméstica para adotar medidas mais duras de retaliação contra o Paquistão. A escalada da tensão se deve principalmente a dois grandes atentados cometidos pelos separatistas supostamente patrocinados por Islamabad -um contra o Parlamento indiano, em dezembro, e outro em maio, contra base militar na Caxemira, em que 34 pessoas morreram.

Os paquistaneses negam que estejam apoiando os rebeldes islâmicos do Estado indiano de Jammu e Caxemira, contrários ao poder central de Nova Déli. A Índia controla cerca de 45% da Caxemira; o Paquistão, cerca de 33%; e a China, o restante.

Musharraf diz que faz esforços para impedir atividades terroristas na região e que combaterá "qualquer tipo de militância".

A Índia argumenta que só palavras não bastam e que, se a violência não for interrompida, o país irá à guerra contra o Paquistão.

Além de recomendar a retirada de seus cidadãos e diplomatas, países como EUA e Reino Unido tentam promover o diálogo. O chanceler britânico, Jack Straw, esteve na região na semana passada. Washington pretende enviar esta semana às duas capitais o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, e o subsecretário de Estado Richard Armitage.

Com agências internacionais

Leia mais no especial Conflito Índia-Paquistão

 

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