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11/06/2002 - 07h16

Assembléia afegã deve ser adiada por mais um dia

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da Folha Online

A abertura da Loya Jirga, assembléia geral do Afeganistão que decidirá a formação de um novo governo interino até as próximas eleições, deve ser adiada por mais um dia, ainda devido à polêmica sobre o papel que o ex-rei Mohammed Zahir Shah, 87, deve desempenhar, segundo declarações de uma fonte oficial dadas hoje.

Ontem, o início da assembléia foi adiada para hoje por questões logísticas, disse Omar Samad, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

"A cerimônia de abertura foi adiada para amanhã. Existem questões logísticas que devem ser resolvidas. Não se trata de qualquer problema, mas precisamos ter certeza de que tudo está pronto", declarou Samad.

Mas desentendimentos sobre o futuro papel que o ex-rei do Afeganistão, Mohamed Zahir Sha, 87, deve desempenhar colaboraram para o adiamento da assembléia.

"O principal problema é político. Há delegados que querem que o ex-rei assuma o papel de chefe do Estado. Outra parte está contra (...) porque se fosse eleito para esse cargo teria poderes, mas devido a sua idade, poderia delegá-los a um primeiro-ministro", disse Humayum Assefy Shah, um dos 1.551 membros da Loya Jirga e cunhado do ex-monarca.

O atual chefe do governo interino, Hamid Karzai, amigo do ex-rei, poderia manter-se em seu cargo e assumir o poder executivo. Zahir Sha não apresentará candidatura, mas se um grupo de delegados o fizer candidato, não fugirá das responsabilidades que lhe forem confiadas, de acordo com a mesma fonte.

Em várias ocasiões, Zahir Sha declarou que não queria voltar a reinar, mas o ex-rei é considerado no Afeganistão como um fator de unidade e de estabilidade.

Pela manhã, os delegados discutiram em pequenos grupos o papel de Zahir Sha e a composição do governo, outro tema árduo e espinhoso.

A Loya Jirga deve reunir em Cabul 1.551 delegados dos 381 distritos do Afeganistão.

Personalidades afegãs de todo o país também estarão na assembléia, incluindo ministros, chefes de guerra, universitários, líderes políticos e religiosos, intelectuais e membros da antiga família real.

Os 1.551 delegados vão deliberar durante uma semana para constituir um novo executivo de transição encarregado de comandar os destinos do país nos próximos dois anos.

O ex-monarca Mohamad Zahir Sha, 87, que voltou a Cabul em abril após 29 anos de exílio italiano, será provavelmente votado pelos membros da Loya Jirga para aceder à mais alta função do Estado em um papel mais simbólico do que verdadeiramente executivo.

Zahir Sha presidirá a abertura da Loya Jirga.

O presidente da autoridade interina, Hamid Karzai, eleito em dezembro nos acordos interafegãos de Bonn, conservará claramente sua função.

As negociações entre os diversos movimentos políticos se multiplicam e já começaram a se repartir os postos chaves do próximo governo.

A comunidade internacional tem feito apelos para que o governo de transição seja mais representativo da diversidade afegã do que o atual governo interino, dominado pelo tadjiques da Aliança do Norte, coalizão antitaleban que entrou em Cabul em novembro quando a milícia fundamentalista retirou-se do poder.

Os pashtus, que representam 40% da população e constituem a etnia mais importante, se consideram desvalorizados pelos acordos de Bonn e contam com uma redistribução dos cargos mais favorável.

Pouco coonhecido antes da queda dos talebans o presidente Hamid Karzai desempenhou um bom papel dando prova de maturidade política e mostrando possuir um sentido agudo do compromisso.
 

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