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12/06/2002 - 03h36

Afegãos se queixam de influência dos EUA

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KATE CLARK
do "The Independent", em Cabul

Os senhores da guerra do Afeganistão apoiaram seu líder interino ontem em uma demonstração de unidade, mas se queixaram do que chamaram de interferência excessiva dos EUA depois que o ex-rei do país desistiu de tentar se tornar o próximo chefe de Estado.

Muitos delegados tribais presentes na assembléia geral, ou Loya Jirga, convocada para escolher os principais membros do novo governo, expressaram preocupação com a "influência externa".

Todos citaram como exemplo o fato de que o enviado americano, Zalmay Khalilzad, fora o primeiro a anunciar que Mohammed Zahir Shah ficaria fora do governo, depois que debates intensos sobre o papel do ex-rei atrasaram a abertura da assembléia em 24 horas.

"Isso não é uma democracia", disse ontem Sima Samar, a ministra de Questões da Mulher. "Tudo já foi decidido pelos poderosos."

Alguns delegados disseram que se rebelariam se a Loya Jirga continuasse a ser dominada por discursos dos líderes e pressões de outros países, sem dar voz aos participantes. "Haverá uma revolta se eles tentarem nos enganar com jogos e truques e não nos deixarem falar", disse Mohammed Daoud, um delegado de Cabul.

Os americanos trabalharam para assegurar que exigências dos participantes não levariam à nomeação do popular Shah, 87, como chefe de Estado e de Karzai como primeiro-ministro.

Shah disse a delegados que não tinha nenhum desejo de restaurar a monarquia e apoiou Zahir, que, como ele, é de etnia pashtu, para presidente. "Estou pronto para ajudar o povo, e Hamid Karzai é minha escolha de presidente."

Mas o mal político já havia sido feito: os 1.550 delegados participando da Loya Jirga, de uma semana de duração, foram os últimos a saber da decisão do rei.

O ministro das Finanças, Amin Arsala, afirmou: "A questão do rei ainda não foi resolvida. As palavras usadas por Karzai para se dirigir ao rei foram razoáveis, mas não tenho certeza de que essa questão foi resolvida".

Karzai, que fez um discurso com a confiança de um presidente em exercício, elogiou o ex-rei, dizendo que ele seria conhecido como o "pai da nação". O papel de Karzai permanecia indefinido ontem.

Para ajudar a unir o gabinete etnicamente dividido, o ministro do Interior, Yunis Qanuni, ofereceu sua renúncia. Burhanuddin Rabbani, que foi presidente em governos afegãos pós-comunistas, também retirou sua candidatura em apoio a Karzai.

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, negou que seu país tivesse feito pressão pela escolha de Karzai como presidente.

Questionado sobre as alegações de que os EUA estariam tentando "forçar" a nomeação de Karzai, Powell respondeu: "Não acho que [essa afirmação] seja correta".

"Ajudamos a criar condições para uma reunião como essa e para que eles [os afegãos] pudessem se reunir e decidir seu futuro de acordo com suas tradições e seus processos", disse Powell.

Com agências internacionais
 

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