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17/07/2008 - 14h33

Israel enterra mortos; Líbano celebra com prisioneiros libertados

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da Folha Online

Milhares de israelenses rezaram e choraram nos funerais de Ehud Goldwasser e Eldad Regev, soldados cujos restos mortais foram devolvidos ontem pelo grupo xiita libanês Hizbollah em dois caixões pretos. O clima triste contrastou com as comemorações no Líbano, que celebrou com festa a volta de cinco prisioneiros em uma troca com Israel.

Pavel Wolberg/Efe
Karnit, mulher de Ehud Goldwasser, chora durante enterro de soldado israelense
Karnit, mulher de Ehud Goldwasser, chora durante enterro de soldado israelense

Trocados pelos cinco libaneses e pelos corpos de 199 combatentes mortos, os restos mortais dos soldados israelenses foram enterrados em cerimônias com cantos tristes. "O tempo permitirá que as feridas se curem?", perguntou Karnit Goldwasser, no enterro do marido.

"Para você, defender o país era um privilégio e não um dever, e eu te beijei como de costume antes que partisse. Nunca te esquecerei", disse Karnit. Desde o seqüestro, ela organizou com a família de Regev uma campanha internacional para a libertação dos dois militares. O Hizbollah, entretanto, só afirmou que os soldados estavam mortos ontem.

No Líbano, as celebrações se espalharam pelo país com o retorno dos cinco prisioneiros. As atenções se focaram em Samir Kantar, libertado após quase três décadas na prisão israelense, condenado pelo assassinato de israelenses, entre eles de um pai, da filha de 4 anos e de um policial, em um ataque realizado em 1979. Ele negou ter matado a menina.

Nesta quinta-feira, os cinco libertados visitaram o túmulo do líder do Hizbollah Imad Mughniyeh, morto na explosão de uma bomba na Síria em fevereiro. O Hizbollah acusou Israel, que negou ter matado Mughniyeh.

"Juramos por Deus continuar no mesmo caminho e não recuar até alcançarmos a mesma estatura que Deus deu a você", afirmou Kantar, referindo-se ao "martírio" de Mughniyeh. "Este é nosso maior desejo. Nós o invejamos e alcançaremos isso, Deus queira."

Darko Bandic/AP
Ex-prisioneiros prestam homanegem a corpos de combatentes entregues por Israel
Ex-prisioneiros prestam homanegem a corpos de combatentes entregues por Israel

Durante o dia, centenas de pessoas deram boas-vindas a Kantar em Abey, um pequeno vilarejo a 16 km ao sul de Beirute.

Também hoje, Israel também transferiu ao Líbano os corpos de 199 combatentes libaneses e palestinos mortos nas últimas três décadas. O comboio foi parado várias vezes por apoiadores durante o trajeto nas cidades portuárias de Tyre e Sidon, assim como em outras cidades. Arroz e pétalas de rosas foram lançados sobre os caixões.

O porta-voz do governo israelense, David Baker, denunciou as celebrações no Líbano. "Kantal é um assassino de crianças que, ao invés de ser rejeitado ao voltar, foi encorajado e cumprimentado como um astro de rock. Isso é repugnante e deplorável", disse, em um comunicado.

Troca

Os restos mortais dos dois soldados israelenses foram entregues pelo Hizbollah ontem, como parte de uma troca com Israel, que colocou em liberdade cinco prisioneiros libaneses e devolveu os corpos de 199 combatentes palestinos e libaneses. O Hizbollah entregou dois caixões pretos a Israel com os restos mortais dos dois soldados. A identidade deles foi confirmada por meio de testes de DNA conduzidos por Israel.

Lutfallah Daher/AP
Parentes dos combatentes mortos jogam arroz e pétalas de rosas em caixões no Líbano
Parentes dos combatentes mortos jogam arroz e pétalas de rosas em caixões no Líbano

Pelo acordo de troca com o Hizbollah, Israel deveria libertar quatro prisioneiros --Maher Qorani, Mohammad Srour, Hussein Suleiman, Khodr Zeidan-- e Samir Kantar, que cumpria sentença de prisão perpétua pelas mortes de quatro israelenses, incluindo uma garota de 4 anos e o pai dela, em um ataque da guerrilha a uma cidade israelense em 1979.

Chamado em Israel de "mal em pessoa", Kantar foi perdoado formalmente na terça-feira (15). O presidente israelense, Shimon Peres, afirmou ter tomado uma decisão difícil, mas acrescentou que "a decisão não significa de maneira alguma o perdão aos atos de Kantar".

A captura dos dois soldados israelenses deu início a uma guerra de 34 dias com o Hizbollah. No confronto, morreram cerca de 1.200 pessoas no Líbano e 159 israelenses. O acordo foi visto como um triunfo para o grupo guerrilheiro xiita libanês e como uma dor necessária para muitos israelenses.

Com Associated Press

 

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