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28/06/2002 - 03h47

Candidatos bolivianos criticam ameaça dos EUA

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RODRIGO UCHÔA
da Folha de S.Paulo, em La Paz

Os candidatos à Presidência da Bolívia fizeram ontem discursos classificando os EUA como "ingerentes" demais e exaltando a soberania boliviana.

O embaixador dos EUA no país, Manuel Rocha, fez o que parecia impossível: colocou do mesmo lado os candidatos de direita e de esquerda. E, além disso, provocou uma gritaria dos sindicatos e entidades de classe. Rocha disse que a Bolívia pode ficar sem a ajuda americana se der a vitória a Evo Morales, candidato a presidente que tem uma plataforma de esquerda e representa plantadores de coca e comunidades indígenas. As eleições ocorrem no domingo.

O candidato favorito nas pesquisas, Manfred Reyes Villa, direitista que foi prefeito de Cochabamba por quase dez anos, aventou até uma aliança com Morales. "Ele [Rocha] deve se preocupar com seu país e deixar a Bolívia resolver seus problemas internos", disse.

As pesquisas de intenção de voto situam Reyes numa faixa de 24% a 26% dos votos válidos.

O liberal Gonzalo Sánchez de Lozada, que foi presidente de 1993 a 1997, seguiu o mesmo caminho. "Não se pode dizer aos bolivianos o que fazer ou não." Goni, como é popularmente chamado o candidato a presidente, é um dos mais afinados com Washington. Ele segue em segundo nas pesquisas: deve ter de 21% a 24% dos votos válidos, segundo o Instituto Mori.

O cocaleiro Evo Morales, que não figura nas pesquisas com mais de 15%, reagiu com bom humor: "Rocha passou a ser meu maior cabo eleitoral".

Morales foi indiretamente comparado ao terrorista Osama bin Laden por Rocha. O líder cocaleiro é contra a erradicação dos campos de coca que está sendo posta em prática pelo governo. Dos mais de 40 mil hectares de coca plantados há cinco anos, hoje restam menos de 5.000 hectares.

As declarações do embaixador dos EUA acabaram por tirar um pouco o foco de um problema envolvendo o Brasil. O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, teria dito que pretende fechar a fronteira da Bolívia com o Brasil, pois "pode-se comprar armas em qualquer quartel" e contrabandeá-las para o Brasil.

"Não creio que seja verdade. Acho um despropósito. Uma agressão gratuita e que, afinal, não é verdade", disse Guillermo Bedregal, um dos principais dirigentes do MNR, partido de Sánchez de Lozada. Bedregal disse que a declaração de Serra pode ter sido mal interpretada.
 

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