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29/06/2002
-
03h12
RODRIGO UCHÔA
da Folha de S.Paulo, em La Paz
A Corte Nacional Eleitoral da Bolívia acusou ontem o embaixador americano no país, Manuel Rocha, de atentar contra a Constituição boliviana e exacerbar as tensões sociais internas na véspera das eleições gerais.
Anteontem, o diplomata americano havia ameaçado com a implementação de sanções econômicas se os bolivianos votassem, no pleito presidencial de amanhã, no candidato Evo Morales, que tem uma plataforma de esquerda e representa plantadores de coca e comunidades indígenas.
Rocha disse que, caso Morales fosse eleito presidente, cessaria a ajuda econômica americana à Bolívia, e o importante mercado da Califórnia (costa Oeste dos EUA) estaria fechado para o gás boliviano —principal produto do país.
Segundo o tribunal, que apresentou queixa ao Ministério das Relações Exteriores, Rocha atentou contra a liberdade de sufrágio prevista na Constituição e prejudicou os esforços das autoridades de "propiciar um ambiente de tolerância e de paz".
Todos os 11 candidatos a presidente protestaram. Morales, que está em quarto lugar com cerca de 12% das intenções de voto, ironizou ao dizer que o embaixador seria seu maior cabo eleitoral.
Devido à repercussão negativa, o embaixador divulgou nota oficial na qual afirmou respeitar a decisão soberana da população. Segundo ele, seus comentários apenas reiteravam "as linhas mestras da política exterior dos EUA na luta contra o narcotráfico e o terrorismo".
Nos últimos anos, o governo americano destinou cerca de US$ 100 milhões anuais à Bolívia para combate ao narcotráfico, destruição de plantações de coca e programas de cultivo alternativos.
Em suas polêmicas afirmações, o embaixador chegou a comparar Evo Morales ao terrorista saudita Osama bin Laden. Pela perspectiva americana, a campanha do líder contra o extermínio de plantações de coca na Bolívia pode ser classificada como ação a favor do narcotráfico e do terrorismo.
Eleito deputado em 1997 com quase 70% dos votos da região de Chapare, Morales teve seu mandato cassado dois anos depois, acusado de incitar a violência no campo. De tendência marxista, Morales, 42, é de origem indígena e não chegou a completar o ensino médio.
Analistas afirmam que o embaixador americano pretendia "mandar um recado para os candidatos favoritos à Presidência, que precisarão de Morales no segundo turno indireto".
Como nenhum dos candidatos deve ultrapassar a metade dos votos válidos, o Congresso fica responsável por indicar o presidente entre os mais votados. E a bancada de 20 deputados que Morales deverá eleger poderá ser fundamental para a definição do futuro presidente.
Corte critica intervenção dos EUA na Bolívia
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da Folha de S.Paulo, em La Paz
A Corte Nacional Eleitoral da Bolívia acusou ontem o embaixador americano no país, Manuel Rocha, de atentar contra a Constituição boliviana e exacerbar as tensões sociais internas na véspera das eleições gerais.
Anteontem, o diplomata americano havia ameaçado com a implementação de sanções econômicas se os bolivianos votassem, no pleito presidencial de amanhã, no candidato Evo Morales, que tem uma plataforma de esquerda e representa plantadores de coca e comunidades indígenas.
Rocha disse que, caso Morales fosse eleito presidente, cessaria a ajuda econômica americana à Bolívia, e o importante mercado da Califórnia (costa Oeste dos EUA) estaria fechado para o gás boliviano —principal produto do país.
Segundo o tribunal, que apresentou queixa ao Ministério das Relações Exteriores, Rocha atentou contra a liberdade de sufrágio prevista na Constituição e prejudicou os esforços das autoridades de "propiciar um ambiente de tolerância e de paz".
Todos os 11 candidatos a presidente protestaram. Morales, que está em quarto lugar com cerca de 12% das intenções de voto, ironizou ao dizer que o embaixador seria seu maior cabo eleitoral.
Devido à repercussão negativa, o embaixador divulgou nota oficial na qual afirmou respeitar a decisão soberana da população. Segundo ele, seus comentários apenas reiteravam "as linhas mestras da política exterior dos EUA na luta contra o narcotráfico e o terrorismo".
Nos últimos anos, o governo americano destinou cerca de US$ 100 milhões anuais à Bolívia para combate ao narcotráfico, destruição de plantações de coca e programas de cultivo alternativos.
Em suas polêmicas afirmações, o embaixador chegou a comparar Evo Morales ao terrorista saudita Osama bin Laden. Pela perspectiva americana, a campanha do líder contra o extermínio de plantações de coca na Bolívia pode ser classificada como ação a favor do narcotráfico e do terrorismo.
Eleito deputado em 1997 com quase 70% dos votos da região de Chapare, Morales teve seu mandato cassado dois anos depois, acusado de incitar a violência no campo. De tendência marxista, Morales, 42, é de origem indígena e não chegou a completar o ensino médio.
Analistas afirmam que o embaixador americano pretendia "mandar um recado para os candidatos favoritos à Presidência, que precisarão de Morales no segundo turno indireto".
Como nenhum dos candidatos deve ultrapassar a metade dos votos válidos, o Congresso fica responsável por indicar o presidente entre os mais votados. E a bancada de 20 deputados que Morales deverá eleger poderá ser fundamental para a definição do futuro presidente.
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