Musharraf cancela visita a Pequim por temer destituição

O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, decidiu cancelar sua visita à China para assistir à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos devido à "atmosfera política" do Paquistão. Nesta terça-feira (5), os partidos do governo debateram a possibilidade de destituí-lo.

"Até ontem eu tinha claro (que compareceria), mas devido ao desenvolvimento das conversas desta terça, e à atmosfera política, o presidente comunicou que não irá a Pequim", disse à agência Efe o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores paquistanês, Muhammad Sadiq.

Os líderes do Partido Popular, Asif Zardari, e da PML-N (Liga Muçulmana-Nawaz), Nawaz Sharif, realizaram uma longa reunião na qual teriam discutido, sobretudo, a imediata saída de Musharraf do poder como passo prévio à resolução de outros assuntos em disputa.

O encontro terá continuação nesta quarta-feira, novamente na residência de Zardari, na capital. Também participarão dessa reunião líderes dos partidos minoritários da coalizão governista.

O ditador paquistanês, cujo partido alinhado perdeu as eleições em fevereiro, desmentiu em junho um rumor sobre sua possível renúncia e exílio e afirmou que não ficará quieto se seus poderes forem reduzidos por forças de oposição.

Após insistir em que o Paquistão precisa do caminho da "reconciliação" diante das chamadas de algumas forças para que renuncie ou seja destituído, Musharraf pediu para não prejudicar o "prestígio" do governo, para o qual foi reeleito em outubro do ano passado.

Musharraf também sugeriu que não usará seus poderes para dissolver o Parlamento, pois isso levaria o país à instabilidade.