Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
14/07/2002 - 05h41

Brasil quer aproximação com favorito em eleição peruana

Publicidade

CLÁUDIA DIANNI
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O governo brasileiro considera improvável a vitória do líder dos plantadores de coca Evo Morales no segundo turno das eleições presidenciais na Bolívia e já prepara uma política de aproximação com o favorito, o ex-presidente Gonzalo "Goni" Sánchez de Lozada.

Especialistas do governo afirmam que a tradição do Congresso boliviano é fechar com o político que chegou ao segundo turno com mais votos, como é o caso de Sánchez de Lozada.

Oficialmente, porém, o governo brasileiro afirma que o relacionamento entre os dois países continuará o mesmo qualquer que seja o candidato vencedor. No entanto especialistas do Itamaraty afirmam que há uma preocupação em ganhar a confiança de Goni, que se elegeu para o segundo turno com um discurso anti-Brasil.

Ao contrário de Morales, que adotou tom desafiador em relação aos EUA, o liberal Goni defende um relacionamento mais estreito com os americanos e faz críticas à forte presença brasileira na Bolívia. A Petrobras é a maior empresa instalada no país e detém mais de um terço da concessão para a exploração de gás natural.

A empresa tem capacidade para exportar para o Brasil nos próximos anos o equivalente a 8% do PIB (Produto Interno Bruto) da Bolívia, de US$ 8 bilhões.

Segundo diplomatas, a estratégia do Itamaraty é convencer o próximo governo de que a intenção do Brasil não é dilapidar o patrimônio e os recursos bolivianos, mas agregar valor ao vizinho, instalando fábricas, como siderúrgicas, que aproveitariam a abundância de gás natural local.

A Bolívia é sócia especial do Mercosul, o que lhe garante vantagens no mercado brasileiro e vice-versa. Bem menos integracionista do que o atual presidente, Jorge Quiroga, com quem o governo brasileiro mantém uma excelente relação, até agora Goni não deu demonstrações de que pretende defender a adesão definitiva da Bolívia ao Mercosul, conforme estava previsto.

Diplomatas brasileiros afirmam, porém, que a condição geográfica é a principal razão para estreitar as relações com a Bolívia e, por isso, as críticas de Sánchez de Lozada ao Brasil não passariam de discurso de campanha.

Segundo diplomatas, por causa da rápida ascensão de Morales nas eleições bolivianas, o governo não teve tempo para fazer avaliações mais profundas sobre o candidato, diferentemente do ex-presidente Goni, político conhecido.

Em Brasília, acredita-se que o clima na Bolívia ficaria mais estável se Morales aceitasse compor alianças com o vencedor e adquirisse um cargo no novo governo. O cocaleiro já afirmou, no entanto, que pretende fazer oposição.

Por causa da grande capacidade de mobilização já demonstrada por Morales, representantes do governo brasileiro já esperam uma oposição dura, que deve gerar instabilidade política no país vizinho, mas afirmam que a situação atual na Bolívia não preocupa porque a transição está sendo feita de forma democrática.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página