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07/09/2002
-
05h21
Organizações humanitárias denunciaram ontem que centenas de camponeses do Departamento de Putumayo (sul da Colômbia) abandonaram suas terras e estão sofrendo problemas respiratórios após o reinício das fumigações americanas para erradicação das plantações de coca na região.
"Os camponeses estão deixando suas propriedades com destino às áreas urbanas e ao Equador", disse o defensor do povo (ouvidor) do município de Valle del Guamuez, Leandro Romo.
Ele disse ter percorrido nos últimos dias várias aldeias da região e que constatou que as fumigações danificaram por completo cultivos de cacau, milho, banana e mandioca, além de pastos dedicados ao gado. "Aqui está sendo criada uma situação social caótica, e esperamos que os governos da Colômbia e dos EUA tomem ciência disso", disse.
O Departamento de Estado dos EUA afirmou anteontem que o pesticida glifosato, usado para as fumigações em Putumayo, não é nocivo à saúde, mas admitiu que o produto pode causar irritações oculares. Ainda assim, disse que serão feitos ajustes na formulação para reduzir sua toxicidade do grau três, equivalente a "suave", para o grau quatro ou "leve".
O ex-ministro da Justiça e atual governador do Departamento de Nariño, Parmenio Cuéllar, criticou ontem as ações americanas e disse que "mudar a fórmula é algo totalmente insignificante, porque se demonstrou que não é verdade que as fumigações são feitas com os químicos que anunciam, mas com outros mais tóxicos, que causam danos às crianças, à vegetação e aos animais".
O governador lamentou "que as decisões sejam tomadas pelo Departamento de Estado dos EUA, sendo a Colômbia um país soberano".
As fumigações contra a coca são parte do Plano Colômbia de combate ao narcotráfico, que conta com uma ajuda de US$ 1,3 bilhão dos EUA. Elas haviam sido suspensas no começo do ano, depois que o então presidente, Andrés Pastrana, fez um acordo com os camponeses para erradicar manualmente as plantações.
Além das questões ambientais, as fumigações têm sua eficácia questionada. Segundo a Polícia Antinarcóticos da Colômbia, foram fumigados 95 mil hectares de plantações de coca entre 2000 e 2001. Apesar disso, o cultivo de coca cresceu de 145 mil hectares para 163 mil hectares no período, segundo dados da CIA (agência de inteligência dos EUA).
O governo colombiano estima que o Departamento de Putumayo concentre metade dos cultivos ilegais do país —o maior produtor mundial de coca e cocaína.
Processo de paz
O Exército de Libertação Nacional (ELN), segunda maior guerrilha do país, admitiu ontem manter contatos com o governo em busca de um diálogo de paz.
Em carta divulgada ontem na página do grupo na internet, o ELN reitera sua posição de dialogar, mas critica a política de segurança adotada pelo governo.
Com agências internacionais
Leia mais no especial Colômbia
Colombianos fogem de fumigação
da Folha de S.PauloOrganizações humanitárias denunciaram ontem que centenas de camponeses do Departamento de Putumayo (sul da Colômbia) abandonaram suas terras e estão sofrendo problemas respiratórios após o reinício das fumigações americanas para erradicação das plantações de coca na região.
"Os camponeses estão deixando suas propriedades com destino às áreas urbanas e ao Equador", disse o defensor do povo (ouvidor) do município de Valle del Guamuez, Leandro Romo.
Ele disse ter percorrido nos últimos dias várias aldeias da região e que constatou que as fumigações danificaram por completo cultivos de cacau, milho, banana e mandioca, além de pastos dedicados ao gado. "Aqui está sendo criada uma situação social caótica, e esperamos que os governos da Colômbia e dos EUA tomem ciência disso", disse.
O Departamento de Estado dos EUA afirmou anteontem que o pesticida glifosato, usado para as fumigações em Putumayo, não é nocivo à saúde, mas admitiu que o produto pode causar irritações oculares. Ainda assim, disse que serão feitos ajustes na formulação para reduzir sua toxicidade do grau três, equivalente a "suave", para o grau quatro ou "leve".
O ex-ministro da Justiça e atual governador do Departamento de Nariño, Parmenio Cuéllar, criticou ontem as ações americanas e disse que "mudar a fórmula é algo totalmente insignificante, porque se demonstrou que não é verdade que as fumigações são feitas com os químicos que anunciam, mas com outros mais tóxicos, que causam danos às crianças, à vegetação e aos animais".
O governador lamentou "que as decisões sejam tomadas pelo Departamento de Estado dos EUA, sendo a Colômbia um país soberano".
As fumigações contra a coca são parte do Plano Colômbia de combate ao narcotráfico, que conta com uma ajuda de US$ 1,3 bilhão dos EUA. Elas haviam sido suspensas no começo do ano, depois que o então presidente, Andrés Pastrana, fez um acordo com os camponeses para erradicar manualmente as plantações.
Além das questões ambientais, as fumigações têm sua eficácia questionada. Segundo a Polícia Antinarcóticos da Colômbia, foram fumigados 95 mil hectares de plantações de coca entre 2000 e 2001. Apesar disso, o cultivo de coca cresceu de 145 mil hectares para 163 mil hectares no período, segundo dados da CIA (agência de inteligência dos EUA).
O governo colombiano estima que o Departamento de Putumayo concentre metade dos cultivos ilegais do país —o maior produtor mundial de coca e cocaína.
Processo de paz
O Exército de Libertação Nacional (ELN), segunda maior guerrilha do país, admitiu ontem manter contatos com o governo em busca de um diálogo de paz.
Em carta divulgada ontem na página do grupo na internet, o ELN reitera sua posição de dialogar, mas critica a política de segurança adotada pelo governo.
Com agências internacionais
Leia mais no especial Colômbia
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