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03/10/2002 - 04h17

Suicídio mata mais que homicídio e guerra

JEREMY LAURANCE
do The independent

O suicídio é a causa de morte violenta que mais mata no mundo, com um número de vítimas quase equivalente ao de guerras e homicídios somados, de acordo com estudo da Organização Mundial de Saúde.

Em seu primeiro relatório sobre mortes violentas, a OMS afirma que esse é um problema de saúde pública assim como a Aids e o cigarro. Mais de 1,6 milhão de pessoas foram mortas violentamente em 2000 e outras milhões sofreram danos físicos, sexuais ou mentais decorrentes da violência.

O número de suicídios foi de 825 mil naquele ano. As maiores taxas foram registradas em países do Báltico, como a Lituânia e a Letônia. Há também incidência mais elevada em homens e idosos.

Já o total de pessoas assassinadas foi de 520 mil, segundo o estudo. Os casos de homicídio estão concentrados em países da África e das Américas. Em guerras, o total de mortes no mundo, de acordo com a OMS, é de 310 mil. Os dois números somados superam em 15 mil o de suicídios.

Na Europa, na Austrália e nos países do leste asiático a taxa de suicídios é cerca de duas vezes superior à de homicídios.

No Brasil, ao contrário, o total de assassinatos é cerca de seis vezes maior do que o de suicídios. A taxa de homicídios é de 23,52 pessoas por 100 mil habitantes. A de suicídios é de 4 a cada 100 mil.

Segundo a OMS, a maior parte das mortes violentas em 2000 aconteceu em países em desenvolvimento. Apenas 10% do total foi registrado em países desenvolvidos.

No relatório, o ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz Nelson Mandela afirmou que os que vivem próximo da violência pensam que ela faça parte da condição humana.

"Mas não faz. Podemos nos prevenir contra a violência. A cultura da violência pode ser revertida. No meu próprio país e em outras partes do mundo, temos experiência de como combater a violência. Os governos, as comunidades e os indivíduos podem fazer a diferença", afirmou.

O objetivo do relatório da OMS é mostrar que tratando a violência como um problema de saúde pública é possível obter resultados positivos como acontece no combate a doenças contagiosas.

O estudo afirma que, para cada jovem assassinado, há entre 20 e 40 que se feriram gravemente. Ainda segundo a OMS, em alguns países, 1 em cada 5 mulheres e 1 em cada 10 homens sofreram abuso sexual quando eram crianças. E das que foram abusadas na infância, uma em cada quatro continua sofrendo abusos ao longo da vida.

Raízes
As raízes da violência, de acordo com o estudo da OMS, se deve em grande parte ao baixo nível educacional e ao meio doméstico em vive o indivíduo. A violência é mais comum em áreas em que há grande diversidade de populações.

Entre os fatores que aumentam a violência está a dominação do homem sobre a mulher e o apoio ao uso excessivo da força policial contra os cidadãos.

Segundo o estudo da OMS, pesquisas demonstram que fatores biológicos também contribuem para a predisposição de certos indivíduos a serem mais violentos. Mas esse fator interage com outros, como a família, a comunidade e o meio cultural em que vive a pessoa.

Entre as recomendações do estudo está o desenvolvimento de programas sociais para crianças e adolescentes, treinamento dos pais e apoio a medidas para reduzir os danos causados por armas de fogo.

Segundo o diretor-geral da OMS, Gro Harlem Brundtland, "o estudo mostra que devemos encarar como fato que a violência não é um algo normal da vida, que não pode ser reduzida; precisamos mudar as nossas noções".
 

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