Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/10/2002 - 16h17

Nobel da Paz a Carter representa crítica à política de Bush

PIERRE-HENRY DESHAYES
da France Presse, em Oslo

A atribuição do Prêmio Nobel da Paz 2002 ao ex-presidente americano Jimmy Carter recompensa seus esforços em favor de uma solução pacífica para os conflitos, mas representa também uma "crítica" à política do presidente norte-americano, George W. Bush, e de alguns dos seus aliados contra o Iraque.

O Comitê Nobel norueguês decidiu homenagear Carter sobretudo pelo papel decisivo que ele desempenhou nos acordos de paz de Camp David, entre Israel e Egito.

A concessão do prêmio ao ex-presidente "pode e deve ser interpretada também como uma crítica à política para o Iraque do governo que está no poder nos Estados Unidos", indicou Gunnar Berge, presidente do Comitê Nobel, respondendo a um jornalista. Além disso, representa "uma crítica a todos os países que adotaram a mesma posição que a norte-americana", acrescentou.

A escolha de Carter acontece no momento em que o Congresso americano acaba de dar autorização para um eventual recurso unilateral da força contra o Iraque, visando a eliminar as supostas armas de destruição em massa existentes naquele país.

"Não quero fazer nenhum comentário em particular sobre as políticas adotadas pelo presidente Bush, mas acho que antes de nos envolvermos em uma guerra de qualquer tipo, devemos esgotar as demais alternativas, inclusive a negociação, a mediação ou, se isso não for possível no caso do Iraque, trabalhar como intermediário das Nações Unidas", disse Carter em entrevista à rede de TV americana CNN.

Terceiro presidente norte-americano a receber o prêmio, Carter disse estar agradecido e se sentir honrado com a homenagem, mas não quis comentar a possibilidade de eliminação das armas de destruição em massa no Iraque e a necessidade de se derrubar o presidente daquele país.

A referência à atual política dos Estados Unidos em relação ao Iraque deu origem a uma polêmica inclusive dentro do Comitê Nobel, já que dois dos seus cinco membros apressaram-se em desautorizar seu presidente, ressaltando que as declarações dele refletiam uma opinião pessoal. O próprio Berge se viu obrigado a reagir, dizendo que só cabiam a ele. A Casa Branca não quis comentar o assunto.

Carter, que sempre esteve nas listas de candidatos ao Nobel da Paz, quase o dividiu em 1978 com o presidente egípcio Anwar el-Sadat e o primeiro-ministro israelense Menahem Begin, mas sua candidatura foi apresentada fora do prazo (1º de fevereiro).

O Comitê Nobel explicou que quis recompensar o ex-presidente "pelas décadas de esforço incansável em favor de uma solução pacífica dos conflitos internacionais, do avanço da democracia e dos direitos humanos, e do desenvolvimento econômico e social".

Em uma situação caracterizada atualmente pelas ameaças de recurso à força, Carter continua fiel aos princípios segundo os quais os conflitos devem ser resolvidos, na medida do possível, através de mediação e cooperação internacionais, com base no direito internacional e no respeito aos direitos humanos e ao desenvolvimento econômico', indicou o Comitê do Nobel, referindo-se ao caso iraquiano.

O Centro Carter, ONG especializada na solução de conflitos e na ajuda ao desenvolvimento humanitário, em que Carter buscou apoio para seus projetos, está comemorando 20 anos, destacaram os membros do Comitê.

O presidente afegão, Hamid Karzai, cujo nome era cotado este ano para o Nobel da Paz, comportou-se como um bom perdedor e disse que Carter merecia mais o prêmio, que consiste em uma medalha de ouro, um diploma e um cheque no valor de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,10 milhão), e será entregue no próximo dia 10 de dezembro, em Oslo.

Leia mais:
  •  Saiba mais sobre Jimmy Carter, ganhador do Prêmio Nobel da Paz

  •  Ex-presidente dos EUA Jimmy Carter ganha Nobel da Paz

  •  Carter se diz "agradecido e honrado" por Prêmio Nobel da Paz

  •  Veja lista com os últimos 15 ganhadores do Prêmio Nobel da Paz



  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página