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13/10/2002 - 09h30

Atentado em Bali deixa pelo menos 182 mortos e 132 feridos

da France Presse, em Jacarta (Indonésia)

O atentado a bomba contra uma casa noturna e um bar-restaurante da ilha de Bali deixou pelo menos 182 mortos e 132 feridos, segundo o último balanço disponível, declarou hoje a presidente indonésia, Megawati Sukarnoputri.

As explosões, que ocorreram perto da praia de Kuta, local preferido de surfistas e viajantes, transformaram os agitados bares e discotecas do local em um cenário repleto de sangue.

"Ainda se ignora a sorte de muitas outras pessoas. Existem muitos estrangeiros mortos ou feridos", afirmou Megawati à imprensa, acrescentando que viajará ao local na companhia de alguns de seus ministros.

O atentado foi cometido com um carro-bomba, afirmou hoje um porta-voz da polícia de Jacarta, Saleh Saaf.

O balanço do ataque cometido na chamada "ilha dos deuses", um paraíso para turistas da Austrália, Estados Unidos e Europa, deve aumentar, segundo as autoridades.

As equipes de socorro continuavam retirando cadáveres dos escombros, enquanto que os habitantes da ilha acompanhavam as operações comovidos.

A potente explosão aconteceu ontem às 23h (12h em Brasília) e destruiu uma casa noturna, a Sari Club, e um bar-restaurante lotados de turistas estrangeiros, no bairro turístico de Legian, perto de Denpasar, a capital da Província.

A explosão provocou um gigantesco incêndio que arrasou durante horas os dois estabelecimentos, com também os prédios e comércios vizinhos.

Outra bomba explodiu segundos depois da primeira, perto de um edifício consular dos Estados Unidos em Bali, sem causar vítimas, segundo a polícia.

O atentado, que ainda não foi reivindicado, aconteceu pouco depois que diplomatas americanos advertiram sobre o risco de ataques terroristas na Indonésia relacionados com a rede do fundamentalista islâmico Osama bin Laden.

No mês passado, a embaixada americana e o consulado da cidade de Surabaya fecharam durante seis dias devido ao risco de atentados relacionados com a rede terrorista Al Qaeda, acusada pelos EUA de realizar os atentados de 11 de setembro de 2001, que deixaram cerca de 3.000 mortos.

Estrangeiros
No necrotério de Denpasar, havia dezenas de cadáveres, e nos hospitais, estavam sendo atendidos dezenas de feridos, a maioria estrangeiros.

Sete australianos foram confirmados como mortos e 113 estão hospitalizados depois do atentado, declararam hoje as autoridades australianas.

Um diplomata australiano em Jacarta, Neil Mules, disse que é inevitável que o número de vítimas australianas aumente.

Mules disse que 113 australianos se encontram hospitalizados na ilha e que outros já atendidos voltaram a seus respectivos hotéis.

A Austrália enviou um avião militar com uma equipe médica para ajudar os hospitais locais e retirar os australianos feridos.

O ministério das Relações Exteriores britânico confirmou hoje a morte de um britânico na explosão. Entre os feridos foram identificados 27 britânicos, incluindo 15 que continuam hospitalizados, declarou o porta-voz do Foreign Office.

O número de britânicos desaparecidos é de 15, segundo a mesma fonte.

Gritaria
Várias testemunhas explicaram que houve duas explosões com um intervalo de segundos. "Todo mundo gritava, havia pó por todas as partes. A luz acabou. Alguém perguntou: caiu um avião em cima de nós?", disse Karim Ansel, 27, um francês que se encontrava em um restaurante próximo no momento dos fatos.

"Ao sair, vi coisas terríveis. Uma pessoa estava sendo atendida no chão, toda ensanguentada. Uma mulher corria com a roupa ardendo em chamas. Um homem estava cheio de sangue, quase nu, com os sapatos na mão. As pessoas estavam completamente paralisadas", acrescentou.

"Nunca vi nada igual", afirmou Cyril Terrien, um fotógrafo francês.

"Até onde pude me aproximar, vi corpos calcinados, destroçados. É difícil descrever", acrescentou.

A explosão ocorreu em uma hora de grande afluência, o que demonstra a intenção dos autores de causar o maior número de vítimas possível.

Segundo uma fonte militar, o explosivo usado poder ser o TNT.

Muitos dos cadáveres ficaram calcinados ou destroçados, dificultando sua identificação.

Em Washington, o departamento de Estado indicou que aparentemente o prédio consular americano teria sido o alvo da segunda explosão.

Diplomatas dos países europeus se reuniram hoje, em Jacarta, para analisar a situação. Depois da reunião, os funcionários recomendarão a suas respectivas capitais para que peçam aos residentes na Indonésia ou aos viajantes que queiram ir a esse país que tomem maiores medidas de segurança e que evitem ao máximo os lugares públicos.

Por enquanto não se fala sobre a retirada dos estrangeiros.

A Indonésia é o primeiro país muçulmano do mundo em termos de população. A maior parte da população de Bali é hindu.

A ilha tinha até hoje a reputação de ser um lugar "seguro" e nunca foi alvo dos atentados cometidos no país nos últimos dois anos.

A polícia informou ter mobilizado dispositivos de segurança para vigiar intensamente os portos e aeroportos da ilha.

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