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25/10/2002 - 17h00

EUA colocam o FBI à disposição de Moscou para resgatar os 700 reféns

da Folha Online

Os Estados Unidos propuseram hoje enviar à Rússia especialistas do FBI (Polícia Federal norte-americana) para ajudar no resgate dos cerca de 700 reféns que estão em poder do comando tchetcheno no teatro de Moscou.

O comando, que invadiu o teatro na noite da quarta-feira (23), ameaça começar a fuzilar seus reféns a partir de amanhã às 6h (23h de hoje em Brasília) se suas exigências não forem respeitadas, disse a rádio russa Ecos. O grupo de cerca de 50 rebeldes exige a retirada do Exército russo da Tchetchênia.

O diretor do FBI (Polícia Federal norte-americana), Robert Mueller, telefonou para o ministro russo do Interior, Boris Gryzlov, para propor ajuda.

Mueller ofereceu enviar a Moscou especialistas em operações antiterroristas e técnicos. O diretor do FBI e o ministro russo deverão permanecer em contato permanente, para decidirem qual atitude será tomada.

Mais quatro reféns foram libertados pelo comando tchetcheno que mantém em seu poder cerca de 700 pessoas em um teatro de Moscou, informou a agência Interfax. O grupo libertado - integrado por três mulheres e um homens do Azerbaidjão - deixou o prédio acompanhados por um mediador.

Com isso, chega a 19 o número de reféns libertados hoje pelo comando tchetcheno, que agora exige a presença de um emissário do presidente russo, Vladimir Putin, para negociar.

O comando tchetcheno "decidirá dar respostas às questões apenas na presença de um representante do presidente", explicou Auchev, considerado ligado aos separatistas tchetchenos.

Os sequestradores tinham fixado um prazo de três dias às autoridades russas para aceitar suas reivindicações quando iniciou a ação terrorista , segundo as fontes citadas pela emissora.

O chefe do FSB (serviço secreto russo), Nikolai Patrushev, prometeu hoje aos membros do comando tchetcheno que suas vidas serão poupadas se libertarem os reféns, segundo a agência de notícias Interfax.

"Conversamos e continuaremos o diálogo, esperando resultados positivos em relação à libertação dos reféns", disse Patrushev.

Patrushev fez a declaração após uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, e com o ministro do Interior, Boris Gryzlov.

Um porta-voz do FSB declarou que o serviço secreto russo identificou a maioria dos membros do comando tchetcheno, segundo a agência de notícias Interfax, acrescentado que os agentes de inteligência têm as fotos e os retratados da maior parte dos rebeldes.

A ação do comando rebelde é a mais audaz desde a primeira guerra na Tchetchênia (1994-1996). A segunda guerra começou em 1999, após uma série de ataques a bomba em cidades russas, que mataram cerca de 300 pessoas. Desde 1999, mais de 14 mil rebeldes tchetchenos e 5.000 militares russos morreram no conflito.

Situação precária
As luzes se queimam constantemente. As cadeiras viraram camas e o poço da orquestra, banheiro. Não há papel higiênico ou água corrente. O cheiro piora. As pessoas se amontoam no meio do teatro em Moscou, tentando confortar os membros de suas recém-adquiridas "famílias", reunidos desde a noite de quarta-feira (23) no teatro tomado pelos rebeldes tchetchenos.

O médico Leonid Roshal, chefe do Comitê Internacional para Desastres Pediátricos, que passou mais de seis horas no teatro ontem, disse que centenas de reféns detidos por um auto-denominado "esquadrão suicida" tchetcheno lutam para sobreviver, à medida que os minutos e horas se arrastam.

"Eles se tornaram um tipo de família. Alguns até brigam com os outros. Eles tentam dar risada. Estão apenas tentando sobreviver", disse Roshal.

"Há mulheres precisando de produtos de higiene, antibióticos e colírio", disse. "Não há remédios suficientes e isso significa que as coisas só podem piorar."

Ele afirmou que as condições sanitárias também só podem se deteriorar.

"Há banheiros, mas não o suficiente. Então, eles vão até o poço da orquestra e a uma outra sala perto...As mulheres estão tentando estabelecer algum tipo de ordem", disse Roshal.

Duas pessoas podem estar precisando se submeter a operações. Mas, até agora, os guerrilheiros se recusaram a permitir que os doentes sejam transferidos para um hospital. Segundo Roshal, eles podem morrer.

"Eles nos disseram para vir aqui e operar...Mas isso seria muito complicado", explicou.

O médico acredita que independentemente de como a crise acabe, os reféns levarão consigo as marcas do que aconteceu para o resto de suas vidas. "A maioria vai precisar de auxílio psicológico depois disso."

Com agências internacionais

Leia mais no especial Conflito Rússia-Tchetchênia

 

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