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03/01/2009 - 23h27

Especialistas dizem que invasão pode ser mortífera para o Exército de Israel

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RON BOUSSO
da France Presse, em Jerusalém

A ofensiva terrestre lançada neste sábado por Israel na faixa de Gaza deverá encontrar uma forte resistência do Hamas, que poderá recorrer a táticas de guerrilha e se confirmar muito cara, em termos de vidas humanas para os protagonistas, afirmam especialistas.

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Em oito dias de bombardeios do território palestino, o Exército deu um forte golpe nos dirigentes do movimento islâmico assim como em sua capacidade militar. Desde 27 de dezembro, mais de 420 palestinos morreram em ataques aéreos e marítimos que causaram também muita destruição, sendo que cerca de cem são civis, segundo estimativa da ONU (Organização das Nações Unidas). O governo de Israel diz que a ofensiva é uma resposta à violação --e lançamento de foguetes-- do Hamas da trégua de seis meses assinada com Israel e que acabou oficialmente no último dia 19.

Desde o início dos bombardeios israelenses, o Hamas intensificou o lançamento de foguetes sobre o sul de Israel, em ataques que mataram quatro pessoas.

Daí o consenso, entre o estado-maior israelense e entre numerosos "experts", sobre a necessidade de uma operação terrestre para atingir o objetivo oficial da operação: o fim dos lançamentos de foguetes.

Mas os mesmos chefes militares e "experts" concordam também com o fato de que uma mobilização de tropas em terra em Gaza, em zonas urbanas totalmente controladas pelo Hamas, se traduziria por um aumento nítido do número de vítimas.

"Dezenas de militares israelenses poderiam ser mortos numa operação terrestre. O número de mortos do lado palestino poderia ser três a quatro vezes mais elevado", estima Efraim Inbar, diretor do Centre Begin-Sadate da Universidade Bar Ilan.

O desafio que o Exército israelense deve enfrentar em Gaza é similar ao que teve em 2006, na sua guerra contra o movimento xiita do Hizbollah no Líbano --e que terminou fracasso.

"Uma das lições de 2006 é que a força aérea não pode fazer o trabalho sozinha", declarou Shabtai Shavit, ex-chefe do Mossad, o serviço secreto israelense.

Israel agrupou durante a semana tanques e soldados ao longo dos 60 quilômetros de fronteira com a faixa de Gaza e convocou milhares de reservistas.

Yuval Diskin, chefe do Shin Beth, o serviço de segurança interna, advertiu que o exército iria a Gaza mesmo diante de mísseis antitanques, campos minados, emboscadas, e posições fortificadas.

Israel estima que o Hamas tenha 8.000 combatentes muito treinados --o que tornaria ainda mais difícil a missão do Exército israelense. Ir a campo, explica Inbar, significa se expor em bairros e campos de refugiados densamente povoados, onde milhares de civis arriscam-se também a ficar no meio dos combates.

"Israel não tem outra escolha senão utilizar as tropas em terra", considera Inbar. "Não é necessariamente uma invasão de grande amplidão. Talvez, apenas, unidades especiais ou incursões localizadas. Mas o Exército deve pôr os pés em terra".

"Os combates em zonas urbanas são muito mais complexos e é preciso esperar revezes", prosseguiu ele.
A última grande ofensiva israelense contra a faixa de Gaza, lançada após o sequestro do soldado israelense Gilad Shalit por um comando palestino, durou vários meses e resultou na morte de mais de 400 palestinos e de três militares israelenses.

Desta vez, o número poderia ser muito mais elevado, advertiu o general da reserva Yaacov Amidror.
"O Exército vai em campo com uma força muito maior", disse ele. "O preço será pago pela população de Gaza porque Israel está preparado para uma guerra contra uma força potente, equipada com armas sofisticadas e solidamente entrincheirada".

 

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