06/12/2002 - 15h54

Saiba mais sobre a crise no Paraguai

da Folha de S.Paulo

A Câmara dos Deputados do Paraguai aprovou ontem a abertura de um processo de impeachment contra o presidente do país, Luis González Macchi, que está em Brasília para participar da Cúpula do Mercosul. Agora, o pedido será examinado pelo Senado.

Saiba mais sobre a crise atual no Paraguai:

1996 - General Lino Oviedo tenta golpe contra o presidente Juan Carlos Wasmosy

1997 - Oviedo ganha as prévias do Partido Colorado para disputar a Presidência, mas é condenado à prisão e impedido de concorrer. Seu substituto e afilhado político, Raúl Cubas Grau, é eleito e o indulta

1999 - Luis María Argaña, vice-presidente e inimigo político de Cubas e Oviedo, é morto num atentando em Assunção. Presidente e seu padrinho político são acusados de cumplicidade e deixam o país. Luiz González Macchi, presidente do Senado, assume a Presidência. Oviedo se exila na Argentina; Cubas se exila no Brasil

2000 - Fracassa tentativa de golpe contra González Macchi. Governo acusa Oviedo de ter planejado a ação. O ex-general, que deixara a Argentina, é preso em Foz do Iguaçu (PR). Paraguai pede sua extradição

2001 - Pedido de extradição de Oviedo não é aceito

fev.02 - Cubas Grau volta ao Paraguai e é preso. Protestos contra privatização agravam crise

jul.02 - Manifestações pedem renúncia de Macchi em todo país. Governo acusa Oviedo de estar por trás dos protestos e decreta estado de exceção

Os componentes da crise
Crise política

Como não foi eleito pelo voto popular, o presidente Luiz González Macchi sofre constantemente questionamentos sobre sua legitimidade. O governo também sofre acusações de corrupção, mas tentativas anteriores de abrir um processo de impeachment não prosperaram

Crise econômica

Sócio mais pobre do Mercosul, Paraguai viu seu Produto Interno Bruto (PIB) diminuir mais de 20% nos últimos cinco anos. Estimativas indicam um índice de pobreza de mais de 50% nas áreas urbanas e de até 85% nas áreas rurais (onde vivem 44% dos 5,5 milhões de habitantes do país). Situação piorou nos últimos meses com a contaminação pela crise argentina

Futuro

Exilado no Brasil e com mandado de prisão no Paraguai, Oviedo aparece como líder nas pesquisas de intenção de voto para a próxima eleição presidencial, prevista para abril de 2003. Com o tempo cada vez mais escasso, ele pretende desestabilizar o governo e conseguir uma anistia para voltar ao país e concorrer nas eleições. Se não conseguir, deve tentar eleger a um testa-de-ferro que o anistie após tomar posse

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