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24/12/2002 - 09h15

Clóvis Rossi: O sequestro da democracia

da Folha de S.Paulo

No sábado, o jornal venezuelano "El Nacional" publicou charge em que o presidente Hugo Chávez é retratado como "Baby Doc", o nefando ditador haitiano da dinastia Duvalier.

É parte de uma campanha para torcer os fatos e mostrar o presidente como um tirano. O que, por sua vez, justificaria sua remoção.

Chávez pode ser tudo o que se quiser, mas não é um tirano. Fatos:
1 - Sua eleição e posterior revalidação do mandato, devido à nova Constituição, foram legítimas.
2 - O Legislativo está aberto e funciona normalmente. Nele, Chávez tem apenas tênue maioria (87 de 165 parlamentares).
3 - Se o Judiciário fosse mero apêndice do "chavismo", não teria inocentado os militares que participaram do golpe de 11 de abril, que o afastou por 47 horas.
4 - A liberdade de imprensa é tão absoluta que beira a libertinagem. Que tirano aguentaria cinco minutos de críticas ferozes e xingamentos nos meios de comunicação?
Chávez aguenta o dia inteiro uma barragem de propaganda negativa, de distorções de fatos e de unilateralismo (a versão oficial mal aparece), em todos os cinco canais privados e em nove dos dez principais jornais.
5 - A liberdade de manifestação é tanta que há marchas oposicionistas dia sim, o outro também.

É verdade que houve mortos em duas dessas manifestações (na véspera do golpe de abril e agora, em dezembro). Mas não está claro quem atirou, se comandos governistas ou oposicionistas (ou ambos).

O que está se fazendo na Venezuela parece muito com o que se fez no Chile contra Salvador Allende. Sabe-se o que veio depois: um tirano, aí sim, que hoje não pode sair do país sob pena de ser preso como genocida.

Se funcionar com Chávez, pode funcionar com qualquer outro presidente legitimamente eleito.
 

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