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29/12/2002
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03h37
Festejado pelos EUA e pela ONU, o plano boliviano de erradicação das plantações ilegais de coca, que previa a completa erradicação desses cultivos até 2002, não atingiu seu objetivo.
Dados da DEA (agência antinarcóticos dos EUA) mostram que as plantações ilegais na Bolívia chegaram a 12,4 mil hectares em junho deste ano, o maior nível desde 1998, com um aumento de 25% em relação ao ano passado.
Somando os 12 mil hectares de cultivos de coca legais na Bolívia, há hoje no país 24,4 mil hectares de cultivos da planta, matéria-prima para o refino da cocaína.
Os cultivos ilegais, que vinham caindo consideravelmente desde 1998, primeiro ano de implantação do Plano Dignidade, de erradicação dos cultivos, voltaram a crescer a partir do ano passado.
O fenômeno coincide com o crescimento do poder político do movimento dos cocaleiros, os plantadores de coca. O principal líder cocaleiro do país, Evo Morales, chegou ao segundo turno das eleições presidenciais, em agosto, e seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo), fez a segunda maior bancada no Congresso.
"O governo anterior impôs o Plano Dignidade de cima para baixo, sem diálogo, e chamava Evo Morales de narcotraficante e terrorista", disse à Folha Oscar Coca, principal assessor de Morales.
"Agora, com a grande legitimidade proporcionada pelo voto, os cocaleiros são reconhecidos como força política pelo atual governo e chamados a negociar."
Nos anos anteriores, os cocaleiros foram responsáveis por grandes e violentos protestos, que chegaram a deixar as estradas do país interrompidas por várias semanas. Policiais e manifestantes foram mortos em confrontos.
O governo do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, do liberal MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário), que assumiu em agosto, diz que existe interesse em dialogar com os cocaleiros, mas nega que tenha havido uma redução no trabalho de erradicação dos cultivos ilegais.
"Há vontade do governo de dialogar com todos os setores, não somente com os cocaleiros, porque não podemos nos dar ao luxo de ter conflitos sociais, que prejudicam nossa economia", diz o vice-ministro de Defesa Social, Ernesto Justiniano Urenda, responsável pelo programa de combate ao cultivo ilegal.
Apesar disso, o diálogo está em um impasse. Os cocaleiros, insatisfeitos com as propostas do governo, prometem um novo protesto, com bloqueios de estrada, para 6 de janeiro.
Os cocaleiros pedem a interrupção dos trabalhos de erradicação dos cultivos de coca, enquanto um grupo independente realizaria um estudo sobre o potencial do mercado legal da planta.
O argumento dos cocaleiros é que o limite para as plantações legais, estabelecido por uma lei de 1988, está aquém do potencial para atender ao mercado legal da coca. O governo concorda com a avaliação do mercado legal da coca, mas não com o fim da erradicação.
Na Bolívia, o comércio das folhas de coca é livre. Ela é consumida tradicionalmente pelas populações indígenas do país para mascar ou na forma de chá. O consumo de folhas de coca é recomendado para evitar os efeitos do chamado "mal de altitude", mal-estar comum nas cidades andinas, por causa do ar rarefeito.
Apesar dos dados que indicam um crescimento acentuado nas plantações ilegais de coca no país, a ONU e o governo dos EUA, os dois principais incentivadores do Plano Dignidade, continuam reafirmando seu apoio a ele.
Cultivo de coca cresce na Bolívia e inviabiliza meta de plano
da Folha de S. PauloFestejado pelos EUA e pela ONU, o plano boliviano de erradicação das plantações ilegais de coca, que previa a completa erradicação desses cultivos até 2002, não atingiu seu objetivo.
Dados da DEA (agência antinarcóticos dos EUA) mostram que as plantações ilegais na Bolívia chegaram a 12,4 mil hectares em junho deste ano, o maior nível desde 1998, com um aumento de 25% em relação ao ano passado.
Somando os 12 mil hectares de cultivos de coca legais na Bolívia, há hoje no país 24,4 mil hectares de cultivos da planta, matéria-prima para o refino da cocaína.
Os cultivos ilegais, que vinham caindo consideravelmente desde 1998, primeiro ano de implantação do Plano Dignidade, de erradicação dos cultivos, voltaram a crescer a partir do ano passado.
O fenômeno coincide com o crescimento do poder político do movimento dos cocaleiros, os plantadores de coca. O principal líder cocaleiro do país, Evo Morales, chegou ao segundo turno das eleições presidenciais, em agosto, e seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo), fez a segunda maior bancada no Congresso.
"O governo anterior impôs o Plano Dignidade de cima para baixo, sem diálogo, e chamava Evo Morales de narcotraficante e terrorista", disse à Folha Oscar Coca, principal assessor de Morales.
"Agora, com a grande legitimidade proporcionada pelo voto, os cocaleiros são reconhecidos como força política pelo atual governo e chamados a negociar."
Nos anos anteriores, os cocaleiros foram responsáveis por grandes e violentos protestos, que chegaram a deixar as estradas do país interrompidas por várias semanas. Policiais e manifestantes foram mortos em confrontos.
O governo do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, do liberal MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário), que assumiu em agosto, diz que existe interesse em dialogar com os cocaleiros, mas nega que tenha havido uma redução no trabalho de erradicação dos cultivos ilegais.
"Há vontade do governo de dialogar com todos os setores, não somente com os cocaleiros, porque não podemos nos dar ao luxo de ter conflitos sociais, que prejudicam nossa economia", diz o vice-ministro de Defesa Social, Ernesto Justiniano Urenda, responsável pelo programa de combate ao cultivo ilegal.
Apesar disso, o diálogo está em um impasse. Os cocaleiros, insatisfeitos com as propostas do governo, prometem um novo protesto, com bloqueios de estrada, para 6 de janeiro.
Os cocaleiros pedem a interrupção dos trabalhos de erradicação dos cultivos de coca, enquanto um grupo independente realizaria um estudo sobre o potencial do mercado legal da planta.
O argumento dos cocaleiros é que o limite para as plantações legais, estabelecido por uma lei de 1988, está aquém do potencial para atender ao mercado legal da coca. O governo concorda com a avaliação do mercado legal da coca, mas não com o fim da erradicação.
Na Bolívia, o comércio das folhas de coca é livre. Ela é consumida tradicionalmente pelas populações indígenas do país para mascar ou na forma de chá. O consumo de folhas de coca é recomendado para evitar os efeitos do chamado "mal de altitude", mal-estar comum nas cidades andinas, por causa do ar rarefeito.
Apesar dos dados que indicam um crescimento acentuado nas plantações ilegais de coca no país, a ONU e o governo dos EUA, os dois principais incentivadores do Plano Dignidade, continuam reafirmando seu apoio a ele.
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