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Impasse amplia críticas a sistema eleitoral
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MARCELO NINIO
enviado especial da Folha de S. Paulo a Jerusalém
No chuvoso dia seguinte à eleição em Israel, dois jovens começavam a retirar uma enorme faixa do partido Likud de um cruzamento em Jerusalém, a poucos metros da residência do primeiro-ministro. Um idoso que passava pelo local não resistiu: "Melhor deixar a faixa no mesmo lugar", disse aos jovens. "Em breve teremos eleições de novo."
A sensação de que a próxima coalizão de governo não se sustentará por muito tempo se juntava ontem à pressão para que o sistema eleitoral que gera essa instabilidade seja finalmente modificado. Nos discursos feitos logo após a eleição de terça-feira, 3 dos 4 maiores partidos ressaltaram a urgência de uma reforma.
Para formar um governo, um partido precisa ter apoio de ao menos 61 dos 120 deputados. Desde a primeira eleição israelense, em 1949, nenhuma legenda conseguiu governar sem formar coalizões. Mas com um número de deputados maior, era mais fácil para o partido dominante montar um governo.
A crescente pulverização do sistema partidário transformou em um árduo quebra-cabeças a tarefa de construir uma coalizão. Segundo a lei eleitoral, qualquer partido que atinja 2% dos votos ganha representação no Parlamento --12 siglas superaram essa barreira nas eleições de terça-feira (10).
Aumentar a exigência mínima para a entrada no Parlamento é a primeira medida defendida por quem espera uma mudança no sistema. "Precisamos chegar a uma realidade de sete partidos no máximo", disse nesta quarta-feira (11) o professor Arye Carmon, presidente do Instituto da Democracia de Israel, que está lançando uma campanha popular em favor da reforma.
Outra mudança que será defendida na campanha é que o partido com o maior número de votos automaticamente seja o líder do governo. Isso evitaria o impasse surgido na eleição de terça-feira, em que o Kadima de Tzipi Livni terminou na frente, mas terá dificuldades para montar um governo porque a maioria do Parlamento está alinhada com o Likud, segundo colocado.
"É preciso mudar a realidade em que Israel acorda no dia seguinte à eleição sem saber quem ganhou", diz Carmon.
Não seria a primeira vez que Israel muda seu sistema eleitoral. Em 1996, o Parlamento aprovou a adoção de eleição direita para premiê. Ela foi abandonada cinco anos e três votações depois, sem alcançar a desejada estabilidade.
Um dos maiores defensores da reforma eleitoral é o partido Israel Beitenu, que se transformou no fiel da balança para a formação da próxima coalizão. Avigdor Liberman, líder do partido, disse que uma das condições para aderir a uma coalizão será a mudança do sistema, para acabar com a chantagem dos pequenos partidos.
Acusado de fascista e antidemocrático devido a seus ataques à minoria árabe em Israel, o partido de Liberman ganhou elogios pela iniciativa. "Se Liberman conseguir o que quer, o Israel Beitenu terá dado uma enorme contribuição à estabilidade da democracia israelense", disse o comentarista Yaron London, do Canal 10.
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