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14/02/2003
-
03h33
da Folha de S.Paulo, em Brasília
"Nós [o governo brasileiro] não vemos com simpatia o Plano Colômbia", afirmou ontem o chefe da assessoria especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, ao participar de seminário acadêmico sobre a política externa do PT, na UnB (Universidade de Brasília).
Além de censurar publicamente o Plano Colômbia, Garcia deixou claro que o novo governo está disposto a se envolver mais ativamente para a solução do conflito colombiano, algo evitado até agora pelo Itamaraty.
O Plano Colômbia é um esforço lançado em 2000, orçado em US$ 7,5 bilhões, para combater o narcotráfico e a guerrilha no país vizinho. Os EUA já contribuíram com US$ 2 bilhões, equipamento e logística militar. É o principal projeto estratégico de Washington na América Latina.
Criticar abertamente o plano é criticar a política dos EUA na região. O governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) também não gostava do projeto, mas preferia falar mal apenas em conversas reservadas. A estratégia era evitar o envolvimento do Brasil nos problemas do vizinho e constrangimentos com Washington.
Segundo a Folha de S.Paulo apurou, o governo Lula está realmente disposto a colaborar mais para o fim da crise colombiana. Mas ainda está avaliando quais são as ações concretas que poderia tomar
.
"O presidente Lula está disposto a contribuir", disse Garcia. O primeiro passo de uma maior cooperação será o repasse de informações colhidas pelo Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) sobre a Colômbia.
Garcia se comprometeu a fornecer ao presidente colombiano, Álvaro Uribe, os dados que o Sivam tem sobre o seu país. O sistema de vigilância da Amazônia alcança parte do território colombiano.
No Itamaraty, o Plano Colômbia também recebe críticas veladas. O temor é que a repressão empurre guerrilheiros colombianos para o território brasileiro.
Segundo o assessor especial do presidente, o governo reforçou a vigilância da área de fronteira com a Colômbia. "Nós seremos rigorosos no controle de fronteira", afirmou.
Existem também censura à presença de militares americanos na região e ao uso de agrotóxicos para acabar com plantações de coca.
Após o seminário, Garcia disse a jornalistas que, "em breve", haverá "novidades sobre a Colômbia". Sem detalhar, afirmou apenas que se tratava de "reforçar a ação de solidariedade".
A posição brasileira em relação à Colômbia se encaixa na nova estratégia do governo visando uma participação brasileira mais ativa no continente. A interferência do Brasil na crise venezuelana foi o primeiro passo nessa direção.
As novas diretrizes para as relações exteriores também têm um componente de maior "generosidade" comercial com os vizinhos. Garcia afirmou que a autorização dada anteontem para a compra de pneus reformados de Paraguai e Uruguai integra essa estratégia.
A importação desse tipo de pneus estava proibida e incomodava os parceiros do Brasil no Mercosul. Mesmo com as divergências internas sobre a decisão de liberar a compra, Lula decidiu autorizá-la para satisfazer os vizinhos.
Com relação ao Iraque, outro ponto no qual discordam Brasília e Washington, Garcia disse que não se trata de uma questão ideológica, mas de preocupações sobre os efeitos que a guerra teria sobre a economia brasileira.
Governo Lula critica o Plano Colômbia
ANDRÉ SOLIANIda Folha de S.Paulo, em Brasília
"Nós [o governo brasileiro] não vemos com simpatia o Plano Colômbia", afirmou ontem o chefe da assessoria especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, ao participar de seminário acadêmico sobre a política externa do PT, na UnB (Universidade de Brasília).
Além de censurar publicamente o Plano Colômbia, Garcia deixou claro que o novo governo está disposto a se envolver mais ativamente para a solução do conflito colombiano, algo evitado até agora pelo Itamaraty.
O Plano Colômbia é um esforço lançado em 2000, orçado em US$ 7,5 bilhões, para combater o narcotráfico e a guerrilha no país vizinho. Os EUA já contribuíram com US$ 2 bilhões, equipamento e logística militar. É o principal projeto estratégico de Washington na América Latina.
Criticar abertamente o plano é criticar a política dos EUA na região. O governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) também não gostava do projeto, mas preferia falar mal apenas em conversas reservadas. A estratégia era evitar o envolvimento do Brasil nos problemas do vizinho e constrangimentos com Washington.
Segundo a Folha de S.Paulo apurou, o governo Lula está realmente disposto a colaborar mais para o fim da crise colombiana. Mas ainda está avaliando quais são as ações concretas que poderia tomar
.
"O presidente Lula está disposto a contribuir", disse Garcia. O primeiro passo de uma maior cooperação será o repasse de informações colhidas pelo Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) sobre a Colômbia.
Garcia se comprometeu a fornecer ao presidente colombiano, Álvaro Uribe, os dados que o Sivam tem sobre o seu país. O sistema de vigilância da Amazônia alcança parte do território colombiano.
No Itamaraty, o Plano Colômbia também recebe críticas veladas. O temor é que a repressão empurre guerrilheiros colombianos para o território brasileiro.
Segundo o assessor especial do presidente, o governo reforçou a vigilância da área de fronteira com a Colômbia. "Nós seremos rigorosos no controle de fronteira", afirmou.
Existem também censura à presença de militares americanos na região e ao uso de agrotóxicos para acabar com plantações de coca.
Após o seminário, Garcia disse a jornalistas que, "em breve", haverá "novidades sobre a Colômbia". Sem detalhar, afirmou apenas que se tratava de "reforçar a ação de solidariedade".
A posição brasileira em relação à Colômbia se encaixa na nova estratégia do governo visando uma participação brasileira mais ativa no continente. A interferência do Brasil na crise venezuelana foi o primeiro passo nessa direção.
As novas diretrizes para as relações exteriores também têm um componente de maior "generosidade" comercial com os vizinhos. Garcia afirmou que a autorização dada anteontem para a compra de pneus reformados de Paraguai e Uruguai integra essa estratégia.
A importação desse tipo de pneus estava proibida e incomodava os parceiros do Brasil no Mercosul. Mesmo com as divergências internas sobre a decisão de liberar a compra, Lula decidiu autorizá-la para satisfazer os vizinhos.
Com relação ao Iraque, outro ponto no qual discordam Brasília e Washington, Garcia disse que não se trata de uma questão ideológica, mas de preocupações sobre os efeitos que a guerra teria sobre a economia brasileira.
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