Publicidade
Publicidade
16/02/2003
-
08h56
da Folha de S.Paulo, em Washington
Se dependesse das redes americanas de TV, os protestos antiguerra de ontem não teriam passado de fatos isolados. As redes abertas (ABC, CBS, NBC e Fox) os registraram com muito pouco destaque, em telejornais que preferiram enfatizar a mobilização de tropas americanas no golfo Pérsico e a ameaça de um novo ataque terrorista em solo americano.
Em Nova York, manifestantes lotaram 20 quarteirões perto da ONU, sob um frio de -4C.
Organizadores afirmaram ao jornal "The New York Times" que 400 mil pessoas compareceram ao protesto. Autoridades nova-iorquinas, segundo a agência Reuters, estimaram que a marcha atraiu cerca de 250 mil pessoas.
Durante o protesto, o FBI (polícia federal) infiltrou agentes disfarçados de manifestantes, colocou atiradores de elite no topo de prédios e, pela primeira vez num ato popular como o de ontem, utilizou equipamentos para detectar a presença de material radioativo.
Os canais a cabo especializados em notícias (CNN, Fox News, MSNBC e CNBC) demoraram para exibir imagens das manifestações em Nova York e na Europa. Sempre que o faziam, traziam, como contrapartida, depoimentos de convidados que criticavam o movimento pacifista. Segundo eles, o movimento antiguerra é equivocado e protege, direta ou indiretamente, o regime do ditador iraquiano, Saddam Hussein.
A versão da CNN transmitida somente nos EUA dedicou às manifestações o mesmo espaço que deu ao fato de o ministro das relações exteriores do Iraque, Tareq Aziz, ter se negado a responder a uma pergunta de um jornalista israelense durante coletiva na Itália.
Diferentemente da CNN Internacional, que exibiu as manifestações ao redor do mundo com intensidade, a CNN americana preparou uma cobertura especial, de uma hora de duração, sobre as ramificações mundiais da Al Qaeda.
Durante sua reportagem mais extensa sobre as manifestações, a CNN americana trouxe depoimento de Cliff May, diretor da Fundação em Defesa da Democracia, que defende a deposição de Saddam. "Trata-se de um ditador sanguinário", disse. "Sua deposição libertaria o povo do Iraque e traria novos ares à região."
A Fox News transmitiu sua maior cobertura sobre as manifestações só à tarde. Rede mais simpática a Bush, a Fox divulgou pesquisas mostrando que 54% dos americanos vêem as ações antiguerra dos franceses e dos alemães como "ações negativas e perturbadoras" de uma solução eficaz do problema no Iraque.
Especial
Saiba mais sobre a crise EUA-Iraque
Marchas são "escondidas" pela mídia americana
MARCIO AITHda Folha de S.Paulo, em Washington
Se dependesse das redes americanas de TV, os protestos antiguerra de ontem não teriam passado de fatos isolados. As redes abertas (ABC, CBS, NBC e Fox) os registraram com muito pouco destaque, em telejornais que preferiram enfatizar a mobilização de tropas americanas no golfo Pérsico e a ameaça de um novo ataque terrorista em solo americano.
Em Nova York, manifestantes lotaram 20 quarteirões perto da ONU, sob um frio de -4C.
Organizadores afirmaram ao jornal "The New York Times" que 400 mil pessoas compareceram ao protesto. Autoridades nova-iorquinas, segundo a agência Reuters, estimaram que a marcha atraiu cerca de 250 mil pessoas.
Durante o protesto, o FBI (polícia federal) infiltrou agentes disfarçados de manifestantes, colocou atiradores de elite no topo de prédios e, pela primeira vez num ato popular como o de ontem, utilizou equipamentos para detectar a presença de material radioativo.
Os canais a cabo especializados em notícias (CNN, Fox News, MSNBC e CNBC) demoraram para exibir imagens das manifestações em Nova York e na Europa. Sempre que o faziam, traziam, como contrapartida, depoimentos de convidados que criticavam o movimento pacifista. Segundo eles, o movimento antiguerra é equivocado e protege, direta ou indiretamente, o regime do ditador iraquiano, Saddam Hussein.
A versão da CNN transmitida somente nos EUA dedicou às manifestações o mesmo espaço que deu ao fato de o ministro das relações exteriores do Iraque, Tareq Aziz, ter se negado a responder a uma pergunta de um jornalista israelense durante coletiva na Itália.
Diferentemente da CNN Internacional, que exibiu as manifestações ao redor do mundo com intensidade, a CNN americana preparou uma cobertura especial, de uma hora de duração, sobre as ramificações mundiais da Al Qaeda.
Durante sua reportagem mais extensa sobre as manifestações, a CNN americana trouxe depoimento de Cliff May, diretor da Fundação em Defesa da Democracia, que defende a deposição de Saddam. "Trata-se de um ditador sanguinário", disse. "Sua deposição libertaria o povo do Iraque e traria novos ares à região."
A Fox News transmitiu sua maior cobertura sobre as manifestações só à tarde. Rede mais simpática a Bush, a Fox divulgou pesquisas mostrando que 54% dos americanos vêem as ações antiguerra dos franceses e dos alemães como "ações negativas e perturbadoras" de uma solução eficaz do problema no Iraque.
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice