Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
31/03/2003 - 10h51

Entrevista à TV iraquiana provoca demissão de Peter Arnett da NBC

da Folha Online

A rede de TV americana NBC disse hoje que havia demitido o veterano correspondente de guerra Peter Arnett, 68, depois que o repórter afirmou à TV estatal iraquiana que o plano da guerra liderada pelos EUA contra o Iraque tinha fracassado.

Reuters
Peter Arnett, correspondente internacional demitido pela TV NBC depois de fazer declarações sobre os EUA
"Peter Arnett não vai mais fazer reportagens para a NBC News e a MSNBC [canal a cabo da NBC]", declarou um comunicado conjunto da NBC e da National Geographic, para quem Arnett, ganhador do prêmio Pulitzer, também estava trabalhando.

Segundo o comunicado, "foi errado o senhor Arnett conceder uma entrevista à TV estatal iraquiana, especialmente numa época de guerra. E foi errado ele discutir suas opiniões e observações".

"Suas observações eram de natureza analítica e não pretendiam ser nada mais do que isso", declarou a NBC.

Na entrevista transmitida ontem, Arnett declarou que o primeiro plano de guerra fracassou devido à resistência iraquiana e disse que os estrategistas americanos subestimaram as forças iraquianas.

Arnett pediu desculpas hoje à NBC e ao público americano, dizendo-se "constrangido" com a controvérsia deflagrada por sua entrevista. "Eu não sou contra a guerra, eu não sou antimilitar", declarou.

"Eu disse na entrevista basicamente o que todos nós sabemos sobre a guerra, que tem havido surpresas e atrasos na implementação da política [de guerra dos EUA]", afirmou Arnett.

"Mas claramente, ao dar aquela entrevista, eu criei uma tempestade nas Nações Unidas, o que eu verdadeiramente lamento", declarou Arnett, conhecido internacionalmente por suas dramáticas reportagens ao vivo durante o bombardeio de Bagdá no início da Guerra do Golfo de 1991.

"Minha estúpida e errada decisão foi passar 15 minutos em uma entrevista improvisada com a TV iraquiana", declarou Arnet.

Em 1998, Arnett foi demitido da CNN depois que o Pentágono pressionou os canais de notícia sobre um documentário em que Arnett afirmou que os comandos norte-americanos tinham usado gás sarin sobre tropas americanas que tinham desertado para Laos durante a Guerra do Vietnã. Ele negou a história após seus produtores também terem sido demitidos.

O primeiro governo Bush não gostou do trabalho de Arnett em Bagdá, em 1991, para a rede CNN, e sugeriu que ele tinha se tornado um relator de propaganda.

Crítica aos EUA

Na entrevista à TV estatal do Iraque, Arnett, que é um dos poucos jornalistas que ainda está em Bagdá trabalhando para uma rede dos EUA, disse que os estrategistas norte-americanos avaliaram mal a determinação das forças iraquianas.

"Agora a América está reavaliando o campo de batalha, adiando a guerra, pode ser por uma semana, e reescrevendo o plano de guerra. O primeiro plano fracassou por causa da resistência iraquiana. Agora eles estão tentando escrever outro plano", disse Arnett em trechos mostrados por alguns canais a cabo dos Estados Unidos.

Arnett declarou ainda que há "um crescente desafio ao presidente Bush em relação à conduta da guerra e também oposição à guerra".

"Nossas reportagens sobre vítimas civis aqui, sobre a resistência das forças iraquianas estão voltando para os Estados Unidos. Isso ajuda aqueles que se opõem à guerra e desafiam a política a desenvolver seus argumentos", disse Arnett.

Reportagens nos EUA também disseram que o jornalista elogiou a maneira como Bagdá está tratando os jornalistas, sem mencionar os repórteres que foram detidos ou expulsos por autoridades iraquianas.

Com agências internacionais

Leia mais
  • EUA expulsam jornalista do Iraque


    Especial
  • Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página