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10/04/2003
-
03h26
Tropas norte-americanas entraram na capital iraquiana e derrubaram os símbolos de 24 anos de poder perpetrados por Saddam Hussein. Sua imagem jaz em estilhaços, mas o ditador do país permanece astuto como sempre -não se sabe se ainda vive ou se teria sido morto pela coalizão.
Saddam Hussein, 65, desenvolveu um aguçado instinto de sobrevivência, habituando-se a utilizar sósias e a raramente dormir na mesma cama mais de uma vez. Sobreviveu a guerras, levantes, conspirações e tentativas de assassinato.
Ainda um herói para alguns no mundo árabe -pela resistência aos EUA e Israel-, Saddam é combatido hoje por potências ocidentais que o armaram e apoiaram nos anos 80, quando era visto como um escudo contra a Revolução Islâmica no Irã.
Para os vizinhos muçulmanos do Iraque, as forças militares das quais o regime de Saddam se gabava -após terem sido esmagadas pela Guerra do Golfo, em 91, e enfraquecidas depois de mais de 12 anos de sanções da ONU- haviam se tornado apenas uma falácia. Mas não o culto à personalidade do ditador, sólido e presente em todo o Iraque.
Stálin
Saddam Hussein figurava em inúmeros retratos de caráter heróico e em estátuas, muitas agora derrubadas pelas forças americanas e britânicas. Saddam -cujo nome significa algo como "confrontador"- era o rosto do Iraque.
Admirador do ditador soviético Josef Stálin, não era um ideólogo, mas rapidamente recorreu ao nacionalismo árabe, ao islã e ao patriotismo iraquiano para consolidar seu poder pessoal.
Levou o país a duas guerras desastrosas -contra o Irã, entre 80 e 88, e contra coalizão liderada pelos EUA, em 91, em conflito que expulsou soldados iraquianos do Kuait, após sete meses de ocupação do país.
A pobreza no Iraque aumentou com o embargo imposto ao país pela ONU desde 90.
Mais de 1 milhão de pessoas foram mortas em perseguições políticas e étnico-religiosas e em guerras promovidas pelo regime de Saddam desde 79, quando o ditador assumiu o poder. Numa população de 24 milhões de habitantes, o Iraque possui 4 milhões de exilados.
Mas a rede de poder de seu governante -sustentada pelo terror e por obscuras relações mantidas com clãs, tribos e clientes do regime- permanecia forte até este mês.
Nascido em 28 de abril de 1937, no vilarejo de al-Awja, próximo à pobre e violenta cidade de Tikrit (175 km ao norte de Bagdá), Saddam conseguiu sobreviver a inimigos tão díspares quanto o aiatolá iraniano Ruhollah Khomeini ou o pai de George W. Bush.
Seus filhos Uday e Qusay demonstram tanta crueldade quanto o pai. Uday quase foi morto após uma tentativa de assassinato em 96. Qusay liderava a Organização Especial de Segurança que protegia o ditador iraquiano e estava no comando dos 15 mil homens da Guarda Republicana especial -as tropas mais leais a Saddam Hussein.
Com agências internacionais
Especial
Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
Regime de Saddam matou mais de 1 milhão
da Folha de S.PauloTropas norte-americanas entraram na capital iraquiana e derrubaram os símbolos de 24 anos de poder perpetrados por Saddam Hussein. Sua imagem jaz em estilhaços, mas o ditador do país permanece astuto como sempre -não se sabe se ainda vive ou se teria sido morto pela coalizão.
Saddam Hussein, 65, desenvolveu um aguçado instinto de sobrevivência, habituando-se a utilizar sósias e a raramente dormir na mesma cama mais de uma vez. Sobreviveu a guerras, levantes, conspirações e tentativas de assassinato.
Ainda um herói para alguns no mundo árabe -pela resistência aos EUA e Israel-, Saddam é combatido hoje por potências ocidentais que o armaram e apoiaram nos anos 80, quando era visto como um escudo contra a Revolução Islâmica no Irã.
Para os vizinhos muçulmanos do Iraque, as forças militares das quais o regime de Saddam se gabava -após terem sido esmagadas pela Guerra do Golfo, em 91, e enfraquecidas depois de mais de 12 anos de sanções da ONU- haviam se tornado apenas uma falácia. Mas não o culto à personalidade do ditador, sólido e presente em todo o Iraque.
Stálin
Saddam Hussein figurava em inúmeros retratos de caráter heróico e em estátuas, muitas agora derrubadas pelas forças americanas e britânicas. Saddam -cujo nome significa algo como "confrontador"- era o rosto do Iraque.
Admirador do ditador soviético Josef Stálin, não era um ideólogo, mas rapidamente recorreu ao nacionalismo árabe, ao islã e ao patriotismo iraquiano para consolidar seu poder pessoal.
Levou o país a duas guerras desastrosas -contra o Irã, entre 80 e 88, e contra coalizão liderada pelos EUA, em 91, em conflito que expulsou soldados iraquianos do Kuait, após sete meses de ocupação do país.
A pobreza no Iraque aumentou com o embargo imposto ao país pela ONU desde 90.
Mais de 1 milhão de pessoas foram mortas em perseguições políticas e étnico-religiosas e em guerras promovidas pelo regime de Saddam desde 79, quando o ditador assumiu o poder. Numa população de 24 milhões de habitantes, o Iraque possui 4 milhões de exilados.
Mas a rede de poder de seu governante -sustentada pelo terror e por obscuras relações mantidas com clãs, tribos e clientes do regime- permanecia forte até este mês.
Nascido em 28 de abril de 1937, no vilarejo de al-Awja, próximo à pobre e violenta cidade de Tikrit (175 km ao norte de Bagdá), Saddam conseguiu sobreviver a inimigos tão díspares quanto o aiatolá iraniano Ruhollah Khomeini ou o pai de George W. Bush.
Seus filhos Uday e Qusay demonstram tanta crueldade quanto o pai. Uday quase foi morto após uma tentativa de assassinato em 96. Qusay liderava a Organização Especial de Segurança que protegia o ditador iraquiano e estava no comando dos 15 mil homens da Guarda Republicana especial -as tropas mais leais a Saddam Hussein.
Com agências internacionais
Especial
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