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ONU pede ajuda para 170 mil desabrigados por guerra no Sri Lanka
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da Folha Online
A ONU (Organização das Nações Unidas) lançou nesta quinta-feira um apelo urgente para arrecadar fundos para atender "necessidades críticas" dos mais de 170 mil tâmeis desabrigados pela guerra entre o Exército e os rebeldes separatistas dos Tigres de Libertação da Pátria Tâmil (LTTE), no Sri Lanka.
Entenda o conflito entre governo e rebeldes no Sri Lanka
O "êxodo repentino" de cerca de 103 mil civis tâmeis, que fogem dos confrontos entre tropas e rebeldes no último reduto dos LTTE, no norte do país, causou uma situação de emergência humanitária no país.
Segundo comunicado da ONU, apenas nos acampamentos de Vavuniya (norte), 80 mil pessoas tentam e encontrar abrigo. As agências humanitárias se esforçam para reunir mantimentos e suprimentos de necessidade básica para o que a ONU chama de "multidão de pessoas cansadas e famintas".
"Vi crianças com diarréia, crianças e mulheres mal nutridos, feridos sem atendimento e gente vestida com trapos", disse, em Colombo, o coordenador humanitário da ONU no Sri Lanka, Neil Buhne.
Buhne afirmou ainda que a ONU pediu, este mês, US$ 155 milhões para atender o número crescente de desabrigados pelo conflito. Segundo o coordenador, nem um terço da quantia foi disponibilizado.
"Muitas destas pessoas foram expulsas de seus lugares de seus lugares por combates que duram mais de um ano. É quase um milagre que tenham sobrevivido a um calvário destes."
A ONU pediu ainda que o governo cingalês disponibilize mais terra e edifícios públicos para os desabrigados e que identifique e permita sair "rapidamente" os civis presos na área de combate.
Condenação
O Conselho de Segurança da ONU expressou preocupação na quarta-feira com a situação humanitária no norte do Sri Lanka.
"Os membros do Conselho de Segurança da ONU expressamos nossa grande preocupação com a situação humanitária [...] e as más condições dos civis presos na área de conflito", disse o embaixador mexicano Claude Heller a jornalistas depois de um encontro informal das 15 nações do conselho sobre os Sri Lanka.
Em um resumo do encontro a portas fechadas, ele disse que os membros do conselho "fortemente condenaram" a guerrilha LTTE, que aparentemente estão usando civis encurralados em uma faixa de 13 quilômetros quadrados como escudos humanos.
Diplomatas do conselho disseram que China, Rússia e outros se opuseram à ideia de uma discussão formal sobre a guerra no Sri Lanka, que alegam se tratar de uma questão interna do Sri Lanka.
Por isso, disseram os diplomatas, o conselho decidiu não tomar nenhuma medida, a não ser autorizar Heller, seu presidente rotativo, a conversar informalmente com a imprensa sobre o encontro.
Tensão étnica
Arte/Folha Online |
A tensão que explodiu nos últimos meses entre a maioria cingalesa do Sri Lanka e a minoria tâmil se manifestou de forma clara após a independência do país, em 1948, do domínio britânico. Os Tigres Tâmeis surgiram em 1976, para lutar pela criação de um Estado independente no norte do país, alegando defender o direito das minorias tâmeis diante da opressão de sucessivos governos da maioria cingalesa.
O grupo é acusado pela polícia de ter matado líderes políticos e militares, e utilizou frequentemente homens-bomba durante suas ações.
A guerra aberta entre o grupo e o governo explodiu em 1983 e matou dezenas de milhares de pessoas em duas décadas. Os dois lados assinaram um acordo de cessar-fogo, em fevereiro de 2002, mas a violência intensificou-se em 2006, e o governo recuperou o controle da Província Oriental, em 2007. Em janeiro de 2008, o governo suspendeu oficialmente o cessar-fogo. Segundo o governo, o objetivo é acabar com o grupo rebelde e encerrar a guerra civil no Sri Lanka.
Em 18 de fevereiro deste ano, o porta-voz do ministério da Defesa, Keheliya Rambukwella, chamou de ridícula uma proposta de trégua feita pela Aliança Nacional Tâmil (PNT), partido tâmil no Parlamento de Colombo. "Adotamos uma política que consiste em erradicar o terrorismo. Não teremos um cessar-fogo com os Tigres da Libertação Tâmil Eelam", disse então Rambukwella.
Segundo dados do Censo de 2001, naquele ano havia 1,8 milhão de tâmeis no Sri Lanka, 8,5% dos 21 milhões de habitantes do país.
Com Efe e Reuters
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