Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
08/05/2003 - 16h54

Projeto dos EUA aumenta seu papel no Iraque e restringe o da ONU

da Folha Online

Os Estados Unidos apresentarão formalmente ao Conselho de Segurança amanhã um novo projeto de resolução sobre o Iraque, que prevê a suspensão da maioria das sanções ao país e trata do papel das Nações Unidas no futuro iraquiano.

A resolução prevê a suspensão das sanções impostas ao Iraque, exceto o embargo para a compra de armas, sem condicioná-lo às inspeções de armas da ONU, como pedem outros membros do Conselho de Segurança.

O rascunho de resolução a ser submetido ao Conselho de Segurança, obtido pela agência Reuters e divulgado hoje a alguns membros do conselho, permitiria que o Iraque vendesse petróleo novamente e depositasse os ganhos em um "Fundo de Assistência Iraquiano", a ser usado para fins humanitários e de reconstrução.

Esta nova instituição teria um quadro consultivo que incluiria enviados da ONU, do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial. Mas decisões sobre onde gastar o dinheiro seriam feitas pelos Estados Unidos e Reino Unido, em consultas com autoridades interinas iraquianas --coordenadas por autoridades norte-americanas.

Inspeções a cargo dos EUA

O projeto não pede a volta dos inspetores de armas da ONU para verificar se o Iraque possui armas de destruição em massa, algo que foi especificado em 16 resoluções anteriores da ONU e foi pedido por outros membros do conselho.

O embaixador dos EUA na ONU, John Negroponte, disse hoje que a administração Bush não vê "nenhum papel para [inspetores] da ONU em um futuro próximo.

"A coalizão assumiu o processo de inspecionar o Iraque no que diz respeito a armas de destruição em massa", disse ele a jornalistas.

O documento pede ainda que o secretário-geral da ONU Kofi Annan aponte um coordenador especial para supervisionar atividades de ajuda humanitária e reconstrução do Iraque. O coordenador trabalharia junto a EUA e Reino Unido.

Divisões no CS

França, Rússia, China e até mesmo o Reino Unido, firme aliado dos EUA, defendem um papel mais forte à ONU, segundo eles necessário para dar legitimidade internacional à autoridade iraquiana apoiada pelos EUA.

Algumas cópias do projeto de resolução foram dadas a Rússia, China e também à Alemanha, países que se opuseram a invasão ao Iraque. Todos os 15 membros do Conselho de Segurança devem receber uma cópia até amanhã de manhã, após reuniões individuais com Negroponte.

Em Moscou, a agência de notícias Interfax citou o vice-ministro das Relações Exteriores Yuri Fedotov dizendo que a Rússia acredita eua as sanções da ONU sobre o Iraque têm que ser canceladas, mas que não há necessidade de uma nova resolução do Conselho de Segurança.

A invasão do Iraque ocorreu sem aprovação da ONU, devido à ameaça de veto de membros como França e Rússia. Os membros do Conselho de Segurança são EUA, Reino Unido, Rússia, França e China (permanentes, com poder de veto); México, Paquistão, Guiné, Síria, Bulgária, Angola, Chile, Alemanha e Camarões, Espanha (não-permanentes).

Duas semanas

Negroponte disse ainda que os EUA esperam que o projeto seja aprovado em até duas semanas.

"A data de 3 de junho não é uma data limite, pensamos que na verdade se deveria poder negociar uma resolução num prazo inferior", declarou.

"Não há motivo para que uma resolução que pretende suspender as sanções leve tanto tempo para ser aprovada", disse.

Petróleo por comida

No dia 3 de junho, vence a última prorrogação do programa da ONU "Petróleo por Comida", através do qual o antigo regime iraquiano de Saddam Hussein podia amenizar as sanções, com a supervisão internacional, comprando produtos de primeira necessidade.

A suspensão ou o fim do programa retiraria da ONU a gestão da riqueza petroleira do Iraque.

Com agências internacionais

Especial
  • Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página