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Resultado de eleição presidencial pode mudar relações entre EUA e Irã
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da Efe, em Washington
As eleições presidenciais desta sexta-feira no Irã podem marcar um ponto de inflexão nas difíceis relações entre a República Islâmica e os Estados Unidos, depois de o presidente americano, Barack Obama, já ter oferecido um novo começo a Teerã.
Desde que chegou ao poder, em janeiro, Obama buscou cumprir a promessa feita nas eleições de tentar abrir um diálogo com o Irã, um dos países que o ex-presidente George W. Bush (2001-2009) incluiu no famoso "eixo do mal" e com o qual os EUA não têm relações diplomáticas desde 1979.
Obama chegou a enviar uma mensagem direta às autoridades e ao povo iraniano: um vídeo gravado por ocasião do ano novo persa em que ofereceu um "novo começo", caso o Irã decida cumprir seus compromissos internacionais.
Atitude parecida teria sido impensável durante o mandato de Bush, que sempre se negou a ter qualquer tipo de diálogo bilateral enquanto o Irã não abrisse mão do apoio ao terrorismo, da ameaça a Israel e de seu programa nuclear.
O atual presidente americano sempre insistiu que não tem "ilusões" sobre a natureza do regime iraniano e reconheceu que uma normalização das relações, caso realmente se consiga, seria algo muito difícil e levará tempo.
Obama antecipou, após uma reunião em 18 de maio com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que, até o fim do ano, será possível determinar o caminho que guiará a aproximação.
Se não forem alcançados avanços, segundo Obama, os EUA considerariam o endurecimento das sanções atuais, mas, em todo caso, é preciso esperar o resultado das eleições no Irã.
A disputa principal ocorre entre o presidente Mahmoud Ahmadinejad, que busca a reeleição após quatro anos de contínuo confronto com o Ocidente, e o ex-primeiro-ministro reformista Hussein Mousavi, que são apontados pelas pesquisas como favoritos.
Mousavi afirma que, se vencer, aproveitará a oferta de aproximação americana; já o que será feito por Ahmadinejad é menos claro.
A situação foi complicada pelo episódio protagonizado pela jornalista americano-iraniana Roxana Saberi, detida em abril e que, após um julgamento de um dia, foi condenada a oito anos de prisão por espionagem.
Os EUA lançaram mão de todo seu aparato diplomático, com a secretária de Estado, Hillary Clinton, à frente, e conseguiram que, em um julgamento de apelação, a pena fosse reduzida e tivesse seu cumprimento adiado, o que permitiu que Saberi deixasse o Irã no mês passado.
Uma aproximação nas relações entre Teerã e Washington representaria um verdadeiro marco nos laços entre os dois países, inexistentes desde que estudantes radicais tomaram a Embaixada dos EUA no Irã em 1979 e fizeram 63 pessoas de reféns durante 444 dias.
Em 1986, veio à tona o escândalo sobre as conversas secretas entre Washington e Teerã para o envio de armas à República Islâmica, em troca de ajuda na libertação de reféns americanos no Líbano, que geraram a maior crise do governo de Ronald Reagan.
A relação ficou ainda pior quando um porta-aviões americano lançou por engano um míssil contra um avião de passageiros iraniano em 1988.
A Guerra do Golfo, onde o Irã adotou uma posição neutra, abriu a primeira possibilidade de aproximação. Em setembro de 2000, a então secretária de Estado, Madeleine Albright, reuniu-se com o chanceler iraniano, Kamal Kharrazi, na ONU, a primeira conversa desse tipo desde 1979.
A chegada ao poder de George W. Bush, que colocou Teerã junto a Pyongyang e Bagdá no "eixo do mal", e as denúncias da CIA (agência de inteligência americana) de que o Irã preparava um programa nuclear, colocaram fim a esses contatos.
As conversas só seriam recuperadas, ainda que de forma moderada, após a invasão do Iraque, quando os embaixadores dos dois países em Bagdá se reuniram em maio de 2007 para discutir sobre a segurança do Irã.
Qualquer outro contato foi condicionado à renúncia do Irã ao seu programa nuclear. O resultado das eleições pode representar a melhor oportunidade até agora para uma aproximação de dois velhos inimigos.
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