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16/06/2009 - 16h59

Número alarmante de deslocados faz ONU reforçar condenação a conflitos

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da Efe, em Washington

As guerras, os conflitos e a escassez de recursos obrigaram 42 milhões de pessoas a abandonar seus lares, muitas vezes tendo que sair para o exílio, como informou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

Essa agência das Nações Unidas registrou no ano passado 16 milhões de refugiados e 26 milhões de deslocados, segundo o relatório anual apresentado hoje em Washington pelo principal responsável do organismo, António Guterres.

Este número é um pouco menor que o do ano anterior, quando foram registrados 42,7 milhões de deslocados e refugiados, mas, segundo Guterres, esses 700 mil refugiados a menos não conseguiram compensar o número de deslocados que já foram constatados ao longo do ano.

"As pessoas podem pensar que o problema diminuiu ou se estabilizou, mas é apenas uma ilusão", disse Guterres, que assinalou que em 2009 houve novos deslocamentos em Paquistão, Sri Lanka e Somália.

O comissário se mostrou especialmente preocupado com a situação no Paquistão, onde o conflito entre os talibãs e o Exército paquistanês deixou dois milhões de deslocados.

"A comunidade internacional tem que entender a dimensão do problema, porque caso se sintam abandonados, isso pode se tornar um imenso fator de desestabilização global", advertiu.

Cerca de 80% dos refugiados são de países em desenvolvimento, que ironicamente são os que recebem a maioria deles.

Um em cada quatro refugiados no mundo saiu do Afeganistão, cujos habitantes estão divididos em 69 países do mundo, enquanto os iraquianos costumam buscar nações mais próximas, como Síria e Jordânia.

Concretamente, as guerras de Afeganistão (2,8 milhões) e Iraque (1,9 milhão) deixaram 4,7 milhões de refugiados.

Outros dos países que mais expatriados geraram em conflitos armados são Somália (561 mil), Sudão (419 mil), Colômbia (374 mil) e a República Democrática do Congo (368 mil).

Levando em conta o número de refugiados em função da renda per capita, o Paquistão é o país que registra o maior número, 1,8 milhão, a maioria do Afeganistão, seguido de Síria, Irã, Alemanha e Jordânia, mas também se destacam outros como a Tanzânia.

Guterres apontou as dificuldades enfrentadas pelo Acnur, que cada vez tem que atender mais conflitos com grupos militarizados, guerrilhas, paramilitares ou bandidos que antes não atentavam contra civis, mas que agora mudaram de postura.

Segundo ele, o padrão dos deslocamentos está mudando e aos conflitos também se juntam as situações derivadas da mudança climática e da extrema pobreza.

O Centro de Observação de Deslocados Internos indicou que o número global de deslocados se manteve em 26 milhões durante os últimos dois anos.

A Colômbia é um dos países com mais deslocados, com cerca de três milhões por causa da violência da guerrilha, os paramilitares e o narcotráfico, que castiga o país há mais de 45 anos.

O Iraque, com 2,6 milhões de deslocados, o Sudão, com dois milhões, a República Democrática do Congo, com 1,5 milhão, e a Somália, com 1,3 milhão, são alguns dos países que geraram os maiores desastres humanitários.

Guterres lamentou que tenha caído no ano passado o número de repatriados voluntários, que se situou em dois milhões, o segundo número mais baixo dos últimos 15 anos.

Apesar de se esperar que alguns dos conflitos que geraram novos êxodos acabem em breve, há outros que se prolongaram e que nem sequer têm reflexos de que terminarão, o que levou o responsável da agência da ONU para os refugiados a considerar necessárias "soluções políticas".

O relatório mostra um mapa visual do exílio e aponta 29 grupos diferentes de mais de 25 mil refugiados em 22 países, que estão há mais de cinco anos fora de suas nações.

Isso significa que 5,7 milhões de pessoas vivem em uma situação desesperada no limbo de uma fronteira ou em um campo de refugiados em um país vizinho, mas sem uma solução próxima.

O perfil dos refugiados é em 49% dos casos o de uma mulher jovem, que além disso representam 47% dos que pedem asilo.

Outra dura realidade é a das crianças, já que 44% das pessoas que buscam asilo em outro país são menores de 18 anos.

 

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