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18/06/2009 - 15h34

Por reconciliação, líder supremo fará discurso em local de confronto no Irã

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da Folha Online

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, deve fazer um discurso nesta sexta-feira (19) na Universidade de Teerã, local de confrontos entre estudantes oposicionistas e forças de segurança do governo no começo da semana.

A medida, anunciada pela milícia pró-governo Basij, é mais um esforço do aiatolá para apaziguar o clima de tensão política no Irã desde o anúncio da reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad na eleição do último dia 12.

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Khamenei foi quem intercedeu no Conselho de Guardiães, um órgão legislativo de 12 integrantes que é o pilar da teocracia iraniana, para avaliar a denúncia de fraude da oposição, liderada pelo candidato reformista moderado Mir Hossein Mousavi.

AP
Imagem cedida pela assessoria de Mousavi mostra apoiadores vestidos de preto em marcha de luto no Irã
Imagem cedida pela assessoria de Mousavi mostra apoiadores vestidos de preto em marcha de luto no Irã

O Conselho rejeitou a proposta de anular a votação, mas aceitou fazer a recontagem parcial, das urnas contestadas pela oposição. Segundo um porta-voz do organismo, a oposição apresentou 646 queixas de fraude, incluindo a falta e o atraso na chegada de cédulas aos colégios eleitorais, pressão sobre os eleitores e o itinerário alterado de urnas em zonas rurais.

Diante da recusa da proposta e da continuidade dos protestos, o Conselho ofereceu esta quinta-feira uma reunião extraordinária com Mousavi e dois outros candidatos derrotados: o clérigo reformista Mehdi Karoubi e o conservador Mohsen Rezaie, um ex-chefe da Guarda Revolucionária iraniana.

Khamenei é visto assim como a brecha de apaziguamento com o governo de Ahmadinejad --que parece ignorar, propositadamente ou não, a crise política. Enquanto o presidente vai à televisão comparar os oposicionistas a torcedores de um time que perdeu e garantir a liberdade no Irã --enquanto expulsa jornalistas estrangeiros e proíbe posts em blogs e sites--, Khamenei insiste que a oposição busque os meios legais para os protestos e que não entre em confrontos.

A milícia Basij, que se envolveu em confrontos com oposicionistas que mataram ao menos sete pessoas nos protestos desta semana, declarou esta sexta-feira um dia para Irã renovar sua aliança com Khamenei. Mousavi clamou esta quinta-feira como dia de luto pelas vítimas dos confrontos e convocou partidários a usarem preto nas ruas de Teerã.

O luto é também pelos confrontos na Universidade de Teerã, ainda não esclarecidos pelo governo, e que, segundo os alunos, deixaram ao menos quatro mortos e mais de cem feridos.

O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, acusou o Ministério de Interior do país pelos distúrbios na universidade, assim como os outros ataques a civis, segundo a TV fundada pelo governo Press TV.

"Parece que as mãos escondidas estão trabalhando para alimentar a imprensa estrangeira com propaganda", afirmou, em um discurso pouco preciso.

Segundo a Press TV, o governo está investigando o que ocorreu na universidade. Os legisladores pedem a punição de quem perpetuou a violência e que haja compensação aos estudantes por suas perdas.

Ainda não há confirmação se o presidente Ahmadinejad participará do evento, mas ao menos três candidatos presidenciais confirmaram presença.

Luto

AP
Líder supremo do Irã, Ali Khamenei, fará discurso nesta sexta-feira pela reconciliação
Líder supremo do Irã, Ali Khamenei, fará discurso nesta sexta-feira pela reconciliação

Mousavi participou nesta quinta-feira da marcha de luto convocada em homenagem às vítimas dos confrontos entre manifestantes oposicionistas e agentes de segurança do Irã.

"Estávamos sentados diante do Ministério das Telecomunicações. Mousavi chegou às 18h local (10h30 no horário de Brasília). Saiu do carro e falou com a multidão", declarou uma testemunha.

Os relatos dos iranianos são o último meio de se saber o que acontece nos protestos, já que a o governo fechou o cerco contra a imprensa, expulsando jornalistas e agências de notícias estrangeiros e proibindo notícias em sites e blogs.

Mousavi foi acompanhado por dezenas de milhares de partidários vestidos de negro e verde, a cor da oposição. Eles carregavam flores em luto pelas vítimas enquanto caminhavam até a praça Imane Khomenei, uma grande praça no centro da capital que recebeu o nome do fundador da Revolução Islâmica de 1979.

"Que a paz esteja com Maomé e sua família", gritava a multidão em uma passeata ao sul de Teerã.

Os manifestantes marcharam em silêncio, a pedido de Mousavi, até chegar à praça onde alguns gritaram "Morte ao Ditador" e "Onde estão nossos votos?" --duas frases comuns nos protestos iniciados no sábado (13).

Reação

Os governos da União Europeia (UE) estudam divulgar nesta quinta-feira ou sexta-feira uma declaração comum sobre os protestos gerados no Irã, anteciparam fontes ligadas ao bloco europeu.

A situação no Irã, que já foi tratada por chanceleres europeus na segunda-feira passada em Luxemburgo, voltará esta noite à mesa dos países-membros e poderia se traduzir nesta quinta-feira em uma nova declaração, por ocasião da cúpula de líderes da UE em Bruxelas.

"É terrivelmente preocupante e certamente vamos discuti-lo. Acreditamos que deve haver uma investigação sólida" sobre uma possível fraude eleitoral, explicou a comissária de Relações Exteriores europeia, Benita Ferrero-Waldner.

Os ministros de Relações Exteriores dos 27 países-membros já haviam pedido às autoridades iranianas que investiguem as denúncias da oposição, durante o conselho de segunda-feira passada (15). Neste dia, a UE expressou sua "profunda preocupação" com a violência registrada nas ruas e "o uso da força contra manifestantes pacíficos".

Os 27 países-membros se limitaram, no entanto, a "tomar nota" tanto do resultado anunciado pela Comissão Eleitoral iraniano, que deu a vitória ao atual presidente Ahmadinejad, como das denúncias de fraude expressadas pelos candidatos reformistas, sem assumir uma posição.

Com agências internacionais

Comentários dos leitores
Valentin Makovski (217) 03/11/2009 15h23
Valentin Makovski (217) 03/11/2009 15h23
Eu não duvido de nada, se os EUA em alguns anos, implantarem algumas bases de mísseis de longo alcance no Iraque, pois estão lá e tem mais de 100 mil soldados, agora lógico. A Russia esta fazendo o mesmo apoio ao Irã, Pra ser mais exato, a guerra fria ainda não acabou só mudou de época. Lógico com vantagem dos EUA, mas a Russia tem seus prô e contras, ainda tem tecnologia suficiente e possui o maior arsenal de bombas atômicas. EUA estão no paquistão não para combater o Taliban, estão presentes numa região que demanda conflitos eternos, e que sempre terá um para vender armas, e tecnologia. Sabemos de praxe Srs (as) que guerras são grande negócios, em valores astronômicos. Antes não se dava ênfase á aquela região, hoje em dia a região é estratégica para as super potencias, envolve muito dinheiro e conflitos a vista. Por isso tanto interesse e tanta movimentação bélica. sem opinião
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J. R. (1126) 18/10/2009 13h21
J. R. (1126) 18/10/2009 13h21
RU treina soldados iraquianos para proteger seus poços de petróleo.
"O Parlamento iraquiano aprovou nesta terça-feira um acordo de cooperação marítima com o Reino Unido que permitirá o retorno de entre cem e 150 soldados britânicos ao sul do país árabe, para ajudar a treinar a Marinha iraquiana e proteger as instalações petrolíferas."
Este é o sinal obvio que os ingleses se apossaram das companhias de petróleo iraquianas após enforcarem Sadam Hussein e colocarem "testas de ferro e laranjas" da nova elite iraquiana. Como se não bastasse o exército iraquiano vigiará os poços para eles. Provavelmente, após o saque ao tesouro iraquiano, no lugar de ouro e outras moedas, os corsários os encheram de dólares cheirando a tinta. O Irã deve abrir bem os olhos, pois isso é o que é pretendido para eles também. É bom que a revolução dos aiatolás comece a educar seu povo maciçamente, a fim de não facilitar a invasão dos inimigos que sempre contam com que o povo esteja na ignorância.
1 opinião
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J. R. (1126) 28/09/2009 14h07
J. R. (1126) 28/09/2009 14h07
Alguns não querem que o Brasil se aproxime do Irã, outros não querem que se aproxime do criminoso Israel, porém lembrem-se que estão num país que não tem rabo preso. O presidente do Irã virá, o ministro de Israel, Kadafi, Obama. Isso é liberdade e autodeterminação. De que adianta essa panacéia com relação ao mundo árabe? Nada. 1 opinião
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