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29/06/2009 - 14h23

Ex-presidente, Nestor Kirchner amargou derrota na eleição legislativa

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da Folha Online

O ex-presidente argentino, Nestor Kirchner, voltou ao topo da política nacional como candidato a deputado pela Província de Buenos Aires, a principal do país. Apoiado pela mulher, a presidente Cristina Kirchner, e por todo o aparato do governo, o ex-presidente não conseguiu vencer a baixa popularidade do atual governo e acabou perdendo nas eleições legislativas por uma "margem muito pequena" para o principal candidato da oposição, Francisco De Narváez, da aliança União-Pro.

Com sua habitual atitude de confrontação, Kirchner, 59, voltou a recorrer, nas últimas semanas da campanha, aos bairros populares de Buenos Aires --como não fazia desde a campanha de 2003, quando foi eleito presidente depois de governar por quase doze anos a Província de Santa Cruz.

Reuters-25jun.09
Presidente Cristina Kirchner abraça o marido, Nestor, no último comício eleitoral; derrota ameaça reeleição
Presidente Cristina Kirchner abraça o marido, Nestor, no último comício eleitoral; derrota ameaça reeleição

Kirchner, que militou junto a Cristina na juventude de esquerda peronista, na década de 70, reivindicou a figura do ex-presidente argentino Juan Perón e usou a bandeira nacionalista durante a campanha.

Seu principal argumento na eleição foi sobre as vantagens do "modelo econômico" de incentivo ao consumo que utilizou em seu mandato e que continua regendo o governo de sua mulher. Ele afirma as vantagens do modelo, que evitou as consequências de um provável retorno do "nefasto modelo neoliberal" da década passada.

Analistas afirmam, contudo, que sua derrota nas urnas foi, ao menos em parte, a resposta dos eleitores à efetividade deste modelo, que rendeu a Cristina uma crise com o setor agricultor e uma retração econômica.

Vida

Kirchner nasceu em 25 de fevereiro de 1950, em Río Gallegos, na Província de Santa Cruz. Ele estudou direito na Universidade Nacional de La Plata, onde foi membro da Juventude Peronista.

Em 1975, casou-se com Cristina Fernández, colega do curso de direito. Logo após a formatura, em 1976, voltaram para Santa cruz, onde abriram uma firma de advocacia bem-sucedida.

Durante a ditadura militar na Argentina (1976-1983), Kirchner foi preso por um curto período de tempo por motivos políticos.

Em 1987, foi eleito prefeito de Río Gallegos e, em 1991, conquistou o primeiro de três mandatos consecutivos como governador da Província.

A reserva de petróleo de Santa Cruz, combinada à pequena população local, permitiu a Kirchner uma certa independência do governo federal. Ele foi um grande crítico da administração do ex-presidente Carlos Menem.

Como seu marido, Cristina também se tornou um nome influente na política provincial. Em 2001, foi eleita para o Senado nacional.

Presidência

Pouco conhecido fora da Província, Kirchner decidiu arriscar-se na candidatura à Presidência em 2003. Embora sua campanha não tenha sido levada a sério por muitos observadores, ele conseguiu gerenciá-la de maneira habilidosa e logo recebeu o forte endosso do então presidente Duhalde, figura-chave do partido peronista.

No primeiro turno, em abril de 2003, Kirchner obteve um segundo lugar muito próximo a Menem. Logo antes do segundo turno, contudo, Menem retirou sua candidatura e Kirchner se tornou presidente-eleito. Uma semana depois, fazia o juramento para posse.

Uma vez na Presidência, Kirchner consolidou seu poder com ações populares. Ele forçou grandes nomes do Exército a se aposentar, anulou legislação proibindo a extradição de militares acusados de abusos de direitos humanos (datados da ditadura militar de 1976-1983) e atacou instituições impopulares na época, como a Suprema Corte.

Em setembro de 2003, ele ajudou a negociar um acordo de reestruturação de dívida com o FMI (fundo Monetário Internacional) depois que o país se viu diante de um empréstimo de US$ 2,9 bilhões.

As decisões econômicas de Kirchner trouxeram crescimento econômico e popularidade ao seu partido, que ganhou força no Congresso nas eleições de 2005.

em uma disputa no Senado, Cristina venceu a mulher do ex-presidente Duhalde, confirmando o surgimento de Nestor Kirchner como liderança peronista.

Em dezembro de 2005, Kirchner ordenou ao Tesouro que repagasse a dívida de quase US$ 10 bilhões da Argentina ao FMI, um gesto pequeno, mas muito simbólico, de que Kirchner se afastava do órgão e se aproximava de outros líderes latino-americanos.

Apesar da popularidade de Kirchner, seu último ano na Casa Rosada foi marcada por escândalos de corrupção, crise energética e alta inflação. O então presidente decidiu não concorrer a um segundo mandato e anunciou seu apoio à sua mulher como candidata presidencial do partido peronista. Ela ganhou a eleição com margem significativa.

Alianças

Pouco depois de deixar o governo, em 2007, Kirchner centrou seus esforços em armar alianças para alcançar a liderança no peronismo, o que conquistou no ano passado, quando o Partido Judicialista amargava três anos de intervenção judicial por severas disputas internas.

O partido, criado pelo general Perón, em 1946, se caracteriza por aglutinar correntes ideológicas as vezes antagônicas.

Em abril de 2008, Néstor se tornou o novo líder do partido peronista, contudo as alianças conquistadas por Kirchner começaram a se dissolver no final do ano passado, quando ficou evidente o desgaste do governo por sua confrontação com o setor agropecuário, em pé de guerra pelo intervencionismo do governo.

A divisão interna causou a criação de diversos partidos peronistas dissidentes, incluindo alguns dos principais nomes da oposição a Kirchner nas eleições deste domingo.

Antigos aliados do ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-2003), mentor político de Kirchner, abandonaram a aliança governista e passaram a ocupar a oposição da Província de Buenos Aires, o maior distrito eleitoral do país e um bastião peronista.

Agora, Kirchner enfrenta a difícil tarefa de manter sua liderança no peronismo e apaziguar as tensões políticas para facilitar a gestão de sua mulher frente ao governo.

Com Efe, Enciclopédia Britânica

 

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